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A Cartografia Histórica: do século XVI ao XVIII

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DEMÔSTRAÇÃO DA BAHIA

O mapa com o título: “Demôstração da Bahia” foi feito no século XVII, por um autor anônimo.

Ele mostra a baía de Todos os Santos e seus arredores. Ressaltando-se o rio Jaguaribe, “os Baixos em que se perdeo a Nau Sacramento”, alguns engenhos, o rio Petinga, a Ilha dos Frades, o rio Paramirim, a Ilha de Cajaiba, a Igreja de São Francisco, São Bento, o rio Sergipe do Conde, Santo Amaro, alguns engenhos, Nossa Senhora do Desterro, o rio Acupe, o rio Sambará, a Ilha do Medo, alguns engenhos, Nossa Senhora do Rosário, Nossa Senhora da Nazaré, o rio Tujuca e o rio das Verrugas.

O mapa também inclui legenda dos topônimos: A – a pedra de Itapuã; B – a ponta de Santo Antônio; C – a cidade de Salvador; D – a ponta de Nossa Senhora do Monserrat; E – a barra de Itapagipe; F – a fortaleza de Matoim; G – a Ilha de Amaro Pereira; H – a fortaleza de São Francisco; I – a barra da Patativa; L – a fortaleza de Paraguaçu; M – a barra de Paraguaçu; N – a ponta das Galeias; O – “omanginho”; P – as “Pavaunas”; Q – a barra de Jaguaripe.

A cidade de Salvador foi a primeira cidade fundada nas terras do Brasil. Antes de 1549, data de sua fundação, existiam vilas, das quais são exemplos as que foram criadas nas capitanias ao longo da costa. É certo que nenhuma delas possuiu a categoria de cidade. Os donatários fizeram somente o que lhes era permitido nas cartas de doação e pelos forais: criar vilas.

Sobre os engenhos que aparecem ao longo do mapa, cabe ressaltar as suas importâncias fundamentais na estrutura econômica e social da Colônia. O engenho de açúcar é a unidade produtiva que melhor caracteriza as condições de riqueza, poder, prestígio e nobreza do Brasil. O historiador Ronaldo Vainfas lembrou que havia hierarquias entre os engenhos. O mais rico e mais complexo era o engenho real, movido à água. Estes senhores tinham em torno de si uma grande variedade de oficiais de serviço a soldo, necessários à produção, como mestre de açúcar, purgador, calafates, carpinteiros, pedreiros, carreiros, oleiros, vaqueiros, pastores, pescadores, caixeiros, feitores. E um grande número de escravos: os de enxada e foice, para a lavoura, os da moenda e, ainda, os domésticos. O senhor também administrava sua família, mulher, filhos e agregados, transpondo ao governo da casa o poder que adquiria na administração da produção e na esfera política. O cabedal (bens) que tinha de ter um senhor do chamado engenho real deveria ser grande o suficiente para enfrentar os elevados custos de implantação e funcionamento do engenho. Os demais engenhos, movidos por escravos ou animais, e as engenhocas, voltadas para a produção de aguardente, exigiam investimento menor.


REFERÊNCIAS

HOLANDA, Sérgio Buarque de. História Geral da Civilização Brasileira. 7.ed. São Paulo: Difel, 1985. t.1, v.1.
PINTO, Alfredo Moreira. Apontamentos para o Diccionario Geographico do Brazil. Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 1899.
TAVARES, Luís Henrique Dias. História da Bahia. 10.ed. São Paulo: Ed. UNESP ; Salvador: Ed. UFBA, 2001.
VAINFAS, Ronaldo. Dicionário do Brasil Colonial (1500-1808). Rio de Janeiro: Objetiva, 2000.

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