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Lorenzo Perosi e o Brasil

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Perosi no Brasil: sua música nas igrejas

por Thiago Plaça Teixeira
Pesquisando-se em periódicos brasileiros, especialmente os da antiga capital, Rio de Janeiro, no período auge da produção musical de Perosi, percebe-se a grande influência que ele exerceu em todo orbe católico. Em um contexto de implementação de regulamentações papais no âmbito da música sacra, os motetos e as missas de Perosi foram amplamente divulgados e executados nos ritos católicos também do resto Brasil.

A seguir apresentamos uma lista de Missas de Perosi executadas em cerimônias católicas predominantemente no Rio de Janeiro no período que marca o final do pontificado de Leão XIII e o pontificado de S. Pio X, entre as décadas de 1890 e 1920 aproximadamente:

1) Missa Davidica (de 1894). Executada na Irmandade de N. S. da Conceição da Gávea (1906), na Irmandade do SS. Sacramento da Antiga Sé (Páscoa de 1907), na Matriz de Sant’Ana (1907) e na Matriz de Santa Rita (1916).

Avisos Religiosos. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 22 de março de 1907.

Avisos Religiosos. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 27 de outubro de 1907.

Avisos. Gazeta de Notícias, Rio de Janeiro, 16 de dezembro de 1906.

Avisos Religiosos. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 26 de outubro de 1916.

2) Missa Eucharistica (de 1897). Executada na Matriz de Sant’Ana (1907, 1910, 1915, 1916), por ocasião de festas da padroeira; na Igreja da Candelária (1908), por ocasião do II Congresso Católico Brasileiro, com a presença do Arcebispo do Rio de Janeiro; na Igreja de São Pedro (1911, 1914); e na Irmandade de Nossa Senhora da Saúde (1917).

 Vida Religiosa. Gazeta de Notícias, Rio de Janeiro, 31 de dezembro de 1907.

O Segundo Congresso Católico Brasileiro. Correio da Manhã, Rio de Janeiro, 27 de julho de 1908.

Vida Religiosa. Gazeta de Notícias, Rio de Janeiro, 22 de agosto de 1909.

Dia Social. Correio da manhã, Rio de Janeiro, 30 de julho de 1910.

Notas religiosas. A Imprensa, Rio de Janeiro, 04 de julho de 1911.

Declarações. Jornal do Commercio, Rio de Janeiro, 04 de julho de 1914.

Sociais. Correio da manhã, Rio de Janeiro, 31 de julho de 1915.

Religião. O Paiz, Rio de Janeiro, 03 de agosto de 1915.

Seção Religiosa. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 3 de julho de 1916.

Avisos Religiosos. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 18 de agosto de 1917.

3) Missa [Prima] Pontificalis. Executada na Irmandade da Santa Cruz dos Militares (1907), na Catedral (Páscoa de 1908), na Igreja da Misericórdia (1908), na Matriz de Sant’Ana (1909, 1913, 1914, 1915), na Matriz do Divino Espírito Santo (1918) e nas Irmandades de Nossa Senhora da Saúde (1919), na Igreja de Nossa Senhora do Parto (1918) e na do Príncipe dos Apóstolos S. Pedro (1919). Digno de nota é que em várias ocasiões a execução coube à schola cantorum Santa Cecília, dirigida pelo Pe. Alpheu Lopes de Araújo, que se destacou na época como referência para a música sacra em conformidade com as normativas eclesiásticas.

Declarações. Gazeta de Notícias, Rio de Janeiro, 29 de setembro de 1907.



Fig. 7 – Trecho de matéria publicada no Correio da Manhã acerca dos festejos da Ressureição na Catedral Metropolitana, com detalhes acerca da execução e da composição da obra. Ressureição. Correio da Manhã, Rio de Janeiro, 20 de abril de 1908.

Seção Religiosa. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 29 de junho de 1908.

Religião. O Paiz, Rio de Janeiro, 27 de novembro de 1909.

Declarações. Correio da manhã, Rio de Janeiro, 10 de maio de 1913.

Declarações. Correio da manhã, Rio de Janeiro, 07 de junho de 1914.

Seção Religiosa. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 18 de julho de /1914.

Sociais. Correio da manhã, Rio de Janeiro, 21 de novembro de 1915.

Vida Religiosa. Gazeta de Notícias, Rio de Janeiro, 22 de novembro de 1915.

Seção Religiosa. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 23 de novembro de 1915.

Vida Religiosa. Gazeta de Notícias, Rio de Janeiro, 02 de setembro de 1918.

Seção Religiosa. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 18 de dezembro de 1918.

Avisos Religiosos. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 14 de agosto de 1919.

Declarações. Jornal do Commercio, Rio de Janeiro, 05 de julho de 1919.

Registo. Jornal do Commercio, Rio de Janeiro, 02 de outubro de 1919.



Fig. 8 – Imagem do grupo coral da Rádio Amplificadora de Ribeirão, em Pernambuco, que, em 1949, interpretou a Missa Pontificales Prima, sinalizando como o surgimento e a difusão do veículo para pequenos municípios propiciaram, também, uma maior penetração da música de Perosi, inclusive nas festas religiosas. Vida Doméstica, ano XXX, n. 373, abril de 1949.

4) Missa de Requiem (de 1896). Executada na Matriz de Sant’Ana (1905), na Catedral (1906, 1908, 1913, 1914), na Matriz do Santíssimo Sacramento (1906), na Matriz da Candelária (1909) e na Paróquia de S. João Batista da Lagoa (1914). Merece destaque a presença do Requiem de Perosi nos ritos de exéquias por ocasião da morte de personalidades importantes da época: o Papa São Pio X, em 1914, e o Imperador da Áustria, Francisco José, em 1916.

 Matriz de Sant’Anna. A União, Rio de Janeiro, 03 de novembro de 1905.

Príncipe de Cariati. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 10 de julho de 1906.



Fig. 9 – Notícia da execução do Requiem de Perosi em 1906, quando do falecimento do bispo de São Paulo, com comentários acerca da escrita da obra. O Bispo de São Paulo. Gazeta de Notícias, Rio de Janeiro, 29 de setembro de 1906.

Uma grande desgraça. A Notícia, Rio de Janeiro, 29-30 de janeiro de 1906.

Príncipe de Cariati. A Notícia, Rio de Janeiro, 10-11 de julho de 1906.

O atentado da família real portuguesa – exéquias celebradas nesta capital, no interior e no exterior. A Imprensa, Rio de Janeiro, 11 de fevereiro de 1908.

O Regicídio de Portugal. Gazeta de Notícias, Rio de Janeiro, 28 de fevereiro de 1908.

Exéquias. A Notícia, Rio de Janeiro, 26-27 de janeiro de 1909.

As homenagens que serão prestadas ao corpo do dr. Itiberê da Cunha pelo governo do Paraná. Correio da manhã, Rio de Janeiro, 25 de setembro de 1913.

Pio X. Jornal do Commercio, Rio de Janeiro, 30 de agosto de 1914.

Pio X. A União, Rio de Janeiro, 20 de setembro de 1914.

As exéquias do Imperador Francisco José, na Catedral Metropolitana. Jornal do Commercio, Rio de Janeiro, 06 de dezembro de 1916.

 5) Missa Te Deum Laudamus (de 1899). Executada em uma importante peregrinação, em 1904, ao Santuário de Aparecida, por ocasião do quinquagésimo aniversário da definição do dogma da Imaculada Conceição. Estavam presentes, inclusive, o Arcebispo do Rio de Janeiro e demais bispos da região. Há registros dessa missa sendo executada já em 1899, em uma cerimônia devocional a Santo Antônio na estação do Rocha. Em 1914 e 1917 há registros da mesma missa sendo executada, também em versão orquestral, em cerimônias nas igrejas matrizes de Santa Rita e de Bangu.

Declarações. Gazeta de Notícias, Rio de Janeiro, 13 de junho de 1899.

Seção Religiosa. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 31 de agosto de 1904.

Avisos Religiosos. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 11 de julho de 1909.

Religião. O Paiz, Rio de Janeiro, 01 de novembro de 1914.

Vida Religiosa. Gazeta de Notícias, Rio de Janeiro, 20 de janeiro de 1917.

Notas Religiosas. Correio da manhã, Rio de Janeiro, 16 de junho de 1917.

6) Missa Benedicamus Domino (de 1900). Executada na Matriz de Sant’Anna (1909, 1910) e na Matriz do Divino Espírito Santo (1918).

Declarações. Correio da Manhã, Rio de Janeiro, 17 de outubro de 1909.

Seção Religiosa. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 11 de julho de 1910.

Vida Religiosa. Gazeta de Notícias, Rio de Janeiro, 02 de setembro de 1918.

 7) Missa Secunda Pontificalis. Executada na Igreja de São Pedro (1916), na Freguesia de Santa Rita (1916), na Irmandade da Santa Cruz dos Militares (1916), na Confraria de Nossa Senhora das Dores da Candelária (1917), na Matriz de Sant’Anna (1917), na Matriz do Divino Espírito Santo (1918) e na Irmandade do Príncipe dos Apóstolos São Pedro (1919).

Notas Religiosas. O Imparcial, Rio de Janeiro, 27 de junho de 1916.

Avisos Religiosos. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 22 de julho de 1916.

Notícias Religiosas. Jornal do Commercio, Rio de Janeiro, 23 de julho de 1916.

Avisos Religiosos. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 30 de setembro de 1916.

Declarações. Correio da manhã, Rio de Janeiro, 06 de abril de 1917.

Culto Católico. O Imparcial, Rio de Janeiro, 29 de julho de/1917.

Religião. O Paiz, Rio de Janeiro, 28 de agosto de 1918.

Registo. Jornal do Commercio, Rio de Janeiro, 02 de outubro de 1919.

8) Oratórios. Há registros de uma primeira récita do oratório La risurrezione de Lazzaro no Rio de Janeiro em novembro-dezembro de 1902.

Palcos e Salões. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 10 de novembro de 1902.

Palcos e Salões. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 05 de dezembro de 1902.

Palcos e Salões. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 22 de agosto de 1906.

Oratório de Perosi. Correio da Manhã, Rio de Janeiro, 10 de agosto de 1906.

Em 1907, o Jornal do Brasil noticiava uma récita também de La risurrezione di Lazzaro no Rio de Janeiro, por ocasião de um concerto musical em prol de um monumento religioso:

Palcos e Salões. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 10 de novembro de 1907.



Fig. 10 – Fotografia publicada no periódico Fon Fon ilustrando uma apresentação de La risurrezione di Lazzaro no Teatro São Pedro, em 1922. Fon Fon, ano 16, n. 16, Rio de Janeiro, 22 de abril de 1922.

O jornal A Notícia informava uma apresentação de um oratório chamado Paixão de Perosi também em 1906 no Teatro Lírico. Possivelmente tratava-se do primeiro oratório de Perosi, La Passione di Cristo secondo S. Marco (1897), em três partes.

Associação de N. S. Auxiliadora. A Notícia, Rio de Janeiro, 24-25 de setembro de 1906.

Em 1912, o Correio da manhã noticiava que o oratório La Risurrezione di Cristo (1898) havia sido executado pela primeira vez na América do Sul em 07 de setembro de 1912 no Teatro Santa Isabel no Recife:



Fig. 11 – Detalhe com imagem do compositor da coluna que noticiava a estreia latino-americana de La Risurrezione di Cristo no Recife, em 1912.

Fonte: Teatros – Esportes – Sociais. Correio da manhã, Rio de Janeiro, 23 de setembro de 1912.



Fig. 12 – Fotografia do ensaio-geral da estreia de La Risurrezione di Cristo no Recife, no teatro Santa Isabel, em 1912, publicada no periódico Fon Fon, com o cônego Pompeu Diniz (regente), idealizador do evento, apresentado de costas. Fonte: Fon Fon, ano 6, n. 41, Rio de Janeiro, 12 de outubro de 1912.

9) Motetos. Além das Missas de Perosi, também muitos de seus motetos (hinos, salmos etc.) eram comumente utilizados pelos coros nas cerimônias católicas no Rio de Janeiro. Geralmente se tratava de hinos eucarísticos (O salutaris, Tantum ergo) ou marianos (Ave Maria, ladainhas).

A Pio X. Gazeta de Notícias, Rio de Janeiro, 13 de outubro de 1906.

Avisos Religiosos. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 22 de maio de 1907.

Declarações. Gazeta de Notícias, Rio de Janeiro, 26 de maio de 1907.

Avisos Religiosos. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 02 de junho de 1907.

Avisos Religiosos. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 14 de junho de 1907.

Avisos Religiosos. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 29 de junho de 1907.

Avisos Religiosos. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 06 de julho de 1907.

Seção Religiosa. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 19 de agosto de 1907.

Seção Religiosa. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 26 de agosto de 1907.

Avisos Religiosos. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 07 de dezembro de 1907.

Semana Santa. Correio da Manhã, Rio de Janeiro, 17 de abril de 1908.

Seção Religiosa. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 19 de setembro de 1908.

Seção Religiosa. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 04 de dezembro de 1909.

Natal. A Notícia, Rio de Janeiro, 23-24 de dezembro de 1909.

Seção Religiosa. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 01 de abril de 1912.

A Semana Santa. Correio da manhã, Rio de Janeiro, 06 de abril de 1912.

Declarações. Jornal do Commercio, Rio de Janeiro, 07 de setembro de 1912.

Avisos Religiosos. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 27 de setembro de 1912.

Sociais. Correio da manhã, Rio de Janeiro, 21 de agosto de 1915.

Notícias Religiosas. Jornal do Commercio, Rio de Janeiro, 26 de maio de 1916.

Notícias Religiosas. Jornal do Commercio, Rio de Janeiro, 01 de maio de 1919.

A partir de tais registros da imprensa da época, é possível constatar-se a grande frequência com que as obras sacras de Perosi estavam presentes na liturgia católica (e não apenas) também no Brasil. Merece destaque o papel do Pe. Alpheu Lopes de Araújo na disseminação da obra de Perosi, já que muitas vezes coube a ele e à sua schola cantorum a condução da parte musical em importantes solenidades religiosas, sobretudo na Catedral do Rio de Janeiro e na presença de autoridades eclesiásticas da época, como o Arcebispo Arcoverde.

Percebe-se que a Missa de Requiem de Perosi era a escolhida para muitas cerimônias de exéquias, incluindo a de autoridades de época. Para outras solenidades, eram frequentes as Missas Pontificalis (Prima e Seconda), a Missa Eucharistica e, eventualmente, algumas missas mais simples, como a Missa Te Deum Laudamus e a Benedicamus Domino. Entre os motetos, eram frequentes Ave-Maria, O salutaris e Tantum ergo, além de eventualmente alguns hinos próprios para a Semana Santa ou para as partes móveis da Missa.

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