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A Durindana: jornal litterario, critico e recreativo

por Maria Ione Caser da Costa
A Durindana: jornal litterario, critico e recreativo foi mais um semanário publicado no séc. XIX que teve vida efêmera. Seu primeiro exemplar veio a lume possivelmente no dia 28 de agosto de 1864. Possivelmente, pois o primeiro exemplar não consta no acervo da Biblioteca Nacional, apenas os três exemplares subsequentes àquele de lançamento: os segundo, terceiro e quarto, publicados respectivamente em 4, 11 e 18 de setembro de 1864.

Lançado no Rio de Janeiro teve como proprietário Antonio Vieira de Almeida Azevedo. Foi impresso pela Typographia de Domingos Luiz dos Santos. A assinatura para a publicação devia ser acordada na rua Nova do Ouvidor, n.20, “á razão se 500 rs. por mez”.

A explicação sobre a escolha do título do periódico e o caminho que este pretende traçar, geralmente é matéria do primeiro editorial. Na ausência deste, procura-se unir as informações que vão sendo encontradas nos outros exemplares. Buscou-se, inicialmente o significado de durindana: uma espada mitológica, que apresenta o benefício de ser inquebrável. Carlos Magno teria dado uma durindana a seu sobrinho Rolando.

A Durindana era publicada aos domingos. Media 33cm x 25cm e cada exemplar continha quatro páginas. Tipograficamente as páginas foram diagramadas em duas colunas divididas por um fio simples. Título e subtítulo aparecem ao alto da página em letras com serifas bem marcadas e negritadas.

Na seção “Literatura”, A Durindana apresenta vários poemas, crônicas e contos. Teve como colaboradores Augusto Rodrigues Duarte, Elias, Gomes dos Santos e José Bernardino da Silva.
Como destaque, selecionamos um poema cujo título aparece como: Offerecido á M.L., e é assinado por José Bernardino da Silva.

Offerecido Á M. L.

Belleza, quero dizer-te
Do coração um segredo,
Porém confesso, meu anjo,
Confesso que tenho medo.

Mas, se tu me prometteres
Que não há deste offender,
Apezar de meu receio
Sempre me animo a dizer.

Quve-me, pois tem paciência,
Deixa fallar-te no ouvido,
Saibas sim, d’este segredo
Que eu tenho n’alma ‘scondido.

Não cores, anjo formoso,
Não cores assim de pejo
Ah! Não penses, qu’eu pretenda
Pedir-te, meu bem, um beijo.

Sómente quero dizer-te
Que nutre por ti paixão,
Que és senhora absoluta
De meu terno coração.

Que és mui formosa e mui bella
Assim como é bella a flôr,
Quero dizer-te, meu bem,
Que te sagro puro amor.

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