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A Idéa: órgão da mocidade

por Maria Ione Caser da Costa

Mais um semanário  com profundas ligações com o literário, situação muito comum em todo o país no século XIX. A Idéa surgiu, de acordo com nossas pesquisas, em 1º de setembro de 1878 e durou até 1880, sendo que na Biblioteca Nacional encontramos apenas o exemplar de número 3, publicado a 15 de setembro pela Tipografia de O Espírito-Santense.


A assinatura com porte pelos correios foi vendida ao preço de $400 por mês e 1$500 por trimestre. Suas páginas eram dedicadas a Literatura apresentando como seções: Folhetim, Secção noticiosa, Secção litteraria, Variedades e Secção de Annúncios. Apresenta logo abaixo do título a epígrafe: Ubi concórdia, Victoria semper, que quer dizer “Onde há união, vitória sempre”.


A maioria dos textos e poemas publicados não traz assinatura. Mas são encontrados os nomes de alguns colaboradores: Candido [de Araujo] Brizindôr e J. Barbosa. A Idéa era de propriedade e redação dos tipógrafos do Espírito-Santense, com colaboração de Antonio Claudio.


Na Secção litteraria aparece o soneto, de Candido Brizindôr.


Soneto


(A João dos Remedios.)

“Vou os dias passando, angustiado.”

Não tenho presumpção de ser poeta,
Pois as Muzas a mim não embalarão,
Nem tão pouco o meu berço bafejarão
Para que eu fosse d’ellas grande atleta.

Se eu pudesse attingir, tocar a méta
Do teu craneo que ellas sublimarão,
Eu seria feliz! __ Não me fadarão,
Por isso, eu não passo d’um patéta.

Se eu fosse sacerdote, qual tu és,
Do altar d’esse Apollo, decantado
Seria outro o assumpto __ mas bem vês…

O que posso eu fazer? __ cá exilado,
Não leio lá no livro em que tu lês,
“ Vou os dias passando, angustiado.”

Côrte, 15 de Agosto, de 1878

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