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O Atalaia: periodico dedicado aos interesses da liberdade, igualdade e do progresso: litterario, critico e noticioso

por Maria Ione Caser da Costa
O periódico natalense O Atalaia se apresentou com um extenso subtítulo, possivelmente para nortear os caminhos que os editores pretendiam traçar: litterário, crítico e noticioso, além de apontar seu comprometimento: dedicado aos interesses da liberdade, igualdade e do progresso.

O primeiro exemplar deve ter sido publicado em outubro de 1876. A incerteza se deve por não encontrar para consulta os dois primeiros exemplares. O único existente na Biblioteca Nacional é o número 3 que saiu publicado no dia 02 de dezembro de 1876, em Natal, capital do estado do Rio Grande do Norte.

Nesse número, na seção denominada “Miscellaneas” consta uma informação: “Deixamos de fazer sahir o nosso periodico no mez de Novembro próximo findo, por motivo justo; a vista disto pedimos desculpas aos nossos leitores.” Portanto o mês de outubro pode ser associado ao mês de lançamento de O Atalaia.

Não apresenta nome dos responsáveis pela publicação. Informa apenas que era “redigido por uma associação de moços. ” Os colaboradores encontrados nesse exemplar são A.B., Ignacia Rozalina de Oliveira Sucupira e Lourenço Gley’derth.

O Atalaia foi impresso pelas máquinas da Typographia Independência, que estava localizada na Rua Santo Antonio. O escritório da redação estava localizado na rua Correia Telles, número 29, no bairro da Ribeira. Local indicado também para que os leitores pudessem fazer as assinaturas.

Medindo 31cm x 22cm, o exemplar foi composto por quatro páginas e não apresentou ilustração. Sua diagramação se deu em duas colunas separadas por um fio simples.

A seguir o poema de Ignacia Rozalina de Oliveira Sucupira, “Inconstancia da vida”, datado de 8 de outubro de 1876 em Areia Branca na Barra de Mossoró.

Inconstancia da vida

Prazer da vida, como vaes fugindo,
Prestes cahindo no fatal abysmo!
Suspiros d’alma, divinaes encantos,
Só vertem prantos, quando triste scismo.

Assim tu foges no florir dos annos,
Entre os enganos d’encantado amor
Assim tu foges, como foge a briza,
Que se deslisa no vergel da flor.

Eu neste mundo em tristezas vivo,
Sem lenitivo para tanta dor!
Os risos doces, as visões queridas
São fementidas illusões d’amor.

Ai! Quantas veses ei sonhei ventura,
Hoje amargura tenho so na vida!
Sempre o veneno de cruéis martyrios
Erâo delírios d’uma illusão perdida.

Oh!... quanto sinto no meu peito as dores
De cruéis rigores que meu ser tortura!
Mas minh’alma inda não descrente
Tem inda a mente na feliz ventura.

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