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O Garoto

por Maria Ione Caser da Costa
O Garoto foi um periódico ilustrado lançado no Rio de Janeiro em fevereiro de 1918. O primeiro exemplar da coleção pertencente a Biblioteca Nacional é o número dois, publicado no dia 22 de fevereiro. A coleção é composta por mais oito exemplares, o último, de número nove, tendo sido publicado em 19 de abril daquele ano. A consulta se limita, por hora, à Coordenadoria de Publicações Seriadas, pois seus fascículos ainda não foram digitalizados.

Cada exemplar é composto em 16 páginas e cada um deles têm duas capas. A ilustração da primeira capa nunca é igual a da segunda. Separando-as, três folhas contendo propagandas dos mais diversos produtos, tais como “armazéns de móveis”, “ourivesaria e relojoaria”, “vinho biogenico”, “joalheria”, “fábrica de colchões”, além de uma infinidade de outros produtos.

As capas apresentam na parte superior um cabeçalho, e, na parte inferior, propaganda emoldurada por fios duplos ou arabescos. Nas páginas centrais de cada revista há uma ilustração, charge, caricatura ou desenho em preto e branco de um fato político da época ou uma cena jocosa. Cada propaganda está dentro de moldura trabalhada e algumas apresentam ilustrações.
O diretor foi Herméto Lima (1898-1906) e o gerente, Adriano Maury.

A redação de O Garoto funcionou na rua Julio Cezar, 63, e foi impresso em papel jornal nas Officinas Graphicas do Jornal do Brasil. O papel jornal, mais suscetível à passagem do tempo, está hoje acidificado, com as páginas soltas e as bordas quebradiças.

No cabeçalho, além do título e dos dados referentes a cada exemplar, lemos algumas informações: a periodicidade e a finalidade de sua existência. Sabemos que era semanal e tinham o propósito passar aos leitores o máximo possível de informações. Lá está estampado a: “Quer se distrahir? Leia sexta-feira”, e na sequencia, isto é, logo abaixo do título, “Tudo vê, tudo sabe, tudo informa”. Então, no contexto inteiro da mensagem: “Quer se distrahir? Leia sexta-feira O Garoto: tudo vê, tudo sabe, tudo informa”.

O número avulso era vendido por 100 rs. Somente é informado o valor de assinatura para o interior, que valia 6$000 por ano.

Vários colaboradores marca presença em suas páginas, Aluisio Azevedo, Antenor Costa, Antonio Nobre, Arthur Azevedo, B. Lopes, Catulle Mendés, Evaristo de Moraes, Fontoura Xavier, Luiz Pistarini, Raymundo Corrêa, Selda Potocka, Telles de Meirelles, Vera Cleser, Visconde de Monsaraz e Vital Fontenelle dentre outros.

O soneto “O Garoto”, de Telles de Meirelles, é uma propaganda sonora para o periódico que dirige.

O Garoto

Custa cem réis apenas. É de graça
De graça e verve e de pilheria e troça,
Quem o leia uma vez não há que possa
Deixal-o mais, e sem o lêr não passa.

Embaraço nenhum lhe causa mossa,
Pois que a coragem tem de forte massa,
Jornal que no ridículo dá caça
E dá tambem no pedantismo coça.

Na sexta-feira proxima começa...
Há de o devoto lel-o antes da missa;
O rico e o pobre, enfim, de roupa russa!

“O Garoto a cem réis!” E vae se essa
A força que o fará entrar na liça
E que o fará vencer na escaramuça!

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