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O Vadio: pilhérico e jocoso

por Maria Ione Caser da Costa
Lançado em Fortaleza, capital cearense, O Vadio tem seu primeiro número publicado a 24 de junho de 1899. Apenas este exemplar integra a coleção da Biblioteca Nacional. As pesquisas não apontam para a continuidade ou término da publicação.

Vendido pelo valor de 100 réis o número avulso, não trazia valores estipulados para assinantes.

Com quatro páginas, como era muito comum aos periódicos da época, foi diagramado em duas colunas separadas por um fio simples. O cabeçalho, apresenta além do título, o valor de venda, local e data de publicação e a numeração pertinente. Foram utilizados fios duplos separando as informações.

Não consta de suas páginas o nome do editor ou da tipografia responsável. Também não apresenta ilustração, apenas alguns pequenos desenhos separam um assunto de outro. O editorial, com o título “Apresentando-me...” direciona os caminhos que pretendiam percorrer na seara jornalística

Amaveis concidadãos e amaveis concidadãs! Acha-se em vossa presença um dos mais submissos e humildes criados da actualidade: O Vadio! É pequeno, porem serio; reclama apenas o seu insignificante obulo em troca d’alguns minutos de distracção com as suas innofensivas pilherias e jocosidades, podendo depois soffrer todo o desprezo que transbordar dos seios virgens das bellas filhas de Iracema!
A ser repelido, minha colera não se fará esperar muito, porque derramarei sobre vós, todo o meu odio... minha dor e desespero de um vadio, mas de um Vadio que perde as estribeiras.
Boa noite...


O subtítulo da publicação: pilherico e jocoso dá conta também do estilo escolhido pelos editores. Queriam alegrar os leitores, fazer rir, não deixando, entretanto, de ser gentil e educado.

O poema que destacamos de O Vadio está publicado na segunda página da publicação e tem o título de “Monologo”. Ao final do poema aparece a palavra “continua” entre parêntesis. Indicação de que o poema teria continuidade no número seguinte, mas, como foi dito anteriormente, esse é o único exemplar.

Monologo

Sou figurino da moda
Em elegantes dou tombo;
Eu só compro obra feita
Alli na casa Colombo.
Qualquer roupa
Se me ageita
Pois a que uso
É obra feita!

Elegancia em quantidade
Boniteza sem limites
Nada é vulgaridade
Todo eu sou perliquitites.
Se uma dama
Olhar me deita,
Não se pergunta
É obra feita

Nos theatros, nos passeios,
Sou conquitador das bellas
Vou fallando sem receios
A casadas e donzellas.
E, se alguma
P’ra mim se ageita
Eu pisco um olho...
É obra feita.

Uma vez tive um convite
P’ra fazer um baptisado
Houve baile, bella festa
Eu dansei desesperado.
Que baptisado!
Coisa direita,
Pois a creança
Era obra feita.

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