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Victrix

por Maria Ione Caser da Costa
Vitrix foi uma revista paranaense, lançada em agosto de 1902. Seu criador e diretor foi Emiliano Perneta (1866-1921) e foi impressa nas oficinas da Livraria Econômica, de Annibal Rocha & C.

Na Hemeroteca Digital podem ser consultados os três primeiros exemplares desta revista. Além do primeiro, citado acima, os segundo e terceiro fascículos foram publicados em novembro de 1902 e dezembro de 1903, respectivamente.

A publicação não existe na Biblioteca Nacional em sua concretude, apenas em rolo de microfilme. Os originais constam no acervo da Biblioteca Pública do Paraná, que, em parceria com a BN, através do PLANOR, executou a microfilmagem, e estes microfilmes foram utilizados para a digitalização. Por este motivo existe dificuldade na leitura da capa do primeiro exemplar, local geralmente destinado as informações que auxiliam no (re)conhecimento de qualquer periódico, bem como a definição das imagens e/ou desenhos que ilustram a capa ficam um pouco prejudicadas.

Cada fascículo tem aproximadamente 30 páginas e apresentam ilustrações. Através de pesquisas pela web foi possível saber que as ilustrações são coloridas. Estas aparecem sobrepostas a alguns textos e poemas. Os títulos dos poemas e dos textos em prosa geralmente aparecem com as letras ornamentadas e em destaque.

Na página de rosto de Victrix consta, além do título, o número da publicação, a data e a esquerda o desenho de dois triângulos sobrepostos, colocados dentro de um círculo, lembrando a Estrela de Davi. Talvez influência da Maçonaria, pois Emiliano Pernetta, que ficou conhecido como o príncipe do poetas paranaense, também pertencera a Academia Paranaense de Letras Maçônicas.

As páginas de Victrix são numeradas com algarismos romanos e acompanhando a numeração aparece o nome da revista grafado, contornado por dois traços em linhas sinuosas, perpendiculares, formando um ângulo reto.

Victrix não apresentou um editorial que definisse os caminhos que pretendia trilhar. As primeiras páginas de cada exemplar trazem a relação dos colaboradores com o título de cada trabalho publicado, uma espécie de sumario.

Os colaboradores foram: Adolpho Werneck, Aristides França, Carlos Raposo, Dario Velloso, Domingos Nascimento, Emiliano Pernetta, Euclides Bandeira, Generoso Borges, Georgina Mongruel, Helvidio Silva, Ismael Martins, J. de Castro, João Pernetta, Julio Pernetta, Leite Junior, Nestor de Castro, Nestor Victor, Santa Rita Junior e Silveira Netto.

Victrix apresentou em suas páginas um número considerável de poemas, e foi considerada uma publicação com características simbolistas.

De suas páginas escolhemos o soneto invertido, Transfiguração3, de Generoso Borges.

Transfiguração

Visão do Nada, ao réz do chão, na opacidade
De um sonho morto, Esphynge inerte de alabastros,
Floriu da Noite a orar á minha caridade...

Adorei-a, adorei-a, ao vel-a assim de rastros!
Sagrei-a Santa! Deusa! a minha Divindade!
- Estrella má, talvez, cahida lá dos Astros! –

Era o meu Sonho Azul, a minha luz bemdicta,
O meu thesoiro, a minha flammula de guerra!
- Deusa branca immortal que inda agora me incita
A luctar e a vencer o que a Loucura encerra! –

Por entre as nuvens de oiro onde o Mysterio habita,
- Transfigurado Sol que pelos ares erra –
Subiu a Deusa e foi pela Altura infinita
E nunca mais voltou o seu olhar á Terra!

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