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A floresta de Clarac

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A floresta de Clarac

Considerada um retrato fiel da natureza brasileira, A floresta virgem do Brasil foi a representação do Novo Mundo que mais encantou o naturalista Alexander von Humboldt. Nessa gravura, feita a partir da obra-prima do Conde de Clarac – que estivera no Rio de Janeiro em 1816, mesmo ano da chegada dos Taunay, pai e filhos, e Debret, principais artistas da Missão Francesa –, ocorre um detalhamento extraordinário da flora e da fauna tropicais. Para seu registro minucioso da ora desaparecida Mata Atlântica próxima ao Rio Doce, Clarac irá, inclusive, às estufas do Castelo de Neuwied para desenhar plantas brasileiras coletadas pelo Príncipe Maximilian zu Wied-Neuwied.

A presença do casal de índios seguido por um cachorro, com a mãe trazendo ao colo o filho bebê e o pai apontando o caminho com uma das mãos, enquanto segura suas armas com a outra, oferece ao espectador a expectativa de uma história ou alegoria. Deve-se considerar que Clarac, tão fiel à vegetação, vestiu o casal mais à maneira dos índios da América do Norte, à moda de Chateaubriand e sua Atala, mas com a cabeça da índia coberta por um véu. Essa paisagem de importância seminal, que transmite uma “expulsão do Paraíso”, terá influência sobre uma série de artistas: J. B. Debret, J. M. Rugendas, C. F. P. von Martius, Benjamin Mary, além do brasileiro Araújo Porto-Alegre.