As Obras de Camões
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A exposição de 2024 tem como centro o setor de obras raras, onipresente nas mostras que nos precederam, a começar pela edição de Antônio Gonçalves, assim como a dos Piscos, das Rhythmas, dentre outras. Um breve aceno ao epos do Brasil colônia, entre elogio e imitação, a par dos fascinantes mapas quinhentistas: Americae sive novi orbis, de Ortelius, e Olissipo quase nunc Lisboa, de Braun, como a ligar nossos países, por mal-traçadas-linhas venturosas.
Segue-se, “mais brasileiro”, Camões, entre o cordel e a arte contemporânea. Destaque ao prêmio que leva o seu nome, criado em 1988, no campo da literatura e da cultura da paz, que é parte da missão da Biblioteca Nacional.
Finalmente, o desenho da mostra dentro da mostra, narrativa em abismo, das comemorações camonianas da FBN. Resgate necessário, de um tônus epocal, de um Aleph infinito, na geometria de nossas prateleiras. Uma esfera de ambiguidades. Um pacto conversível. Leituras de Camões e do Brasil, enquanto duplos entre si.
Como disse Eduardo Lourenço, em O labirinto da saudade, o poema parece viver acima de nós, independente, como se fosse o deus aristotélico. Nada mais ilusório, todavia:
“Os Lusíadas incorporam-se à substância cultural e espiritual de nossa existência, vivem dela como nós viveremos deles e também de algum modo com ela vão mudando de figura e significação, sem perderem o caráter de espelho”.
Consideremos o microcosmos da Biblioteca, buscando essa história especular, a partir de alguns dirigentes.
Ramiz Galvão (1872-1884) define o gênio de Camões, segundo uma retórica de luz e sombra, segundo da decadência em voga, combinada com a solidão romântica do gênio:
E de uma língua escrita sobre o mar, aberta sempre mais às vozes de outras línguas, a conjugar o mundo e a diferença.
Segue-se, “mais brasileiro”, Camões, entre o cordel e a arte contemporânea. Destaque ao prêmio que leva o seu nome, criado em 1988, no campo da literatura e da cultura da paz, que é parte da missão da Biblioteca Nacional.
Finalmente, o desenho da mostra dentro da mostra, narrativa em abismo, das comemorações camonianas da FBN. Resgate necessário, de um tônus epocal, de um Aleph infinito, na geometria de nossas prateleiras. Uma esfera de ambiguidades. Um pacto conversível. Leituras de Camões e do Brasil, enquanto duplos entre si.
Como disse Eduardo Lourenço, em O labirinto da saudade, o poema parece viver acima de nós, independente, como se fosse o deus aristotélico. Nada mais ilusório, todavia:
“Os Lusíadas incorporam-se à substância cultural e espiritual de nossa existência, vivem dela como nós viveremos deles e também de algum modo com ela vão mudando de figura e significação, sem perderem o caráter de espelho”.
Consideremos o microcosmos da Biblioteca, buscando essa história especular, a partir de alguns dirigentes.
Ramiz Galvão (1872-1884) define o gênio de Camões, segundo uma retórica de luz e sombra, segundo da decadência em voga, combinada com a solidão romântica do gênio:
“deu o último, embora sublime, canto do século de Dom Manuel: mas, logo que expirou o poeta, como a lâmpada que bruxuleia e morre, também caiu a musa da Poesia nesse sono profundo, em que, quase se pode dizer, dormitou dois séculos. Só Camões, porque era um gênio, tinha podido levantar tão alto a voz da tuba épica, quando já declinava o sol da literatura para o seu ocaso.”Nesse mundo complexo e admirável nos movemos. Da poesia enquanto antídoto da História.
E de uma língua escrita sobre o mar, aberta sempre mais às vozes de outras línguas, a conjugar o mundo e a diferença.