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Inspiradas em Camões | Sobre Camões

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Inspiradas em Camões | Sobre Camões

O Cônego Januário da Cunha Barbosa (1844-1846) e Affonso Romano de Sant’Anna (1991-1996), em que pese a distância que os separa, acercam-se de Camões, no coração da poesia, entre adesão e imitação, hipérbole e paródia, de O lado esquerdo de meu peito a Niterói, metamorfose do Rio.

Nas páginas de O Ateneu, Raul Pompéia (1894-18955) condena com veemência a análise sintática da obra camoniana, que dizimou tantos leitores, aqui, como também em Portugal:

“tomava cada período, cada oração, altamente, com o ademã sisudo do anatomista: sujeito, verbo, complementos, orações subordinadas; depois o significado, zás! um corte de escalpelo, e a frase rolava morta, repugnante, desentranhando-se em podridões infectas.”
Mais sereno, e a partir da oficina da linguagem, Celso Cunha (1956-1959) definiu com brilhantismo o papel de Camões: não exatamente como inventor, mas como avalista da unidade da língua, não só no manejo de formas latinas e arcaicas, neologismos, conceitos de Petrarca, mas no corte da frase e do verso, na dicção modelar, épica ou lírica, num horizonte claro de potências.

Poderia aduzir outros nomes, como os de Josué Montello, Plínio Doyle, Rodolfo Garcia, Ronaldo Menegaz, cada qual com sua leitura, erudita e apaixonada, da história e da poesia, para chegar a Camões. Lembro de Eduardo Portella, (1996-2003), a tratar de engenho e arte, de um oriente profundo entre Brasil e Portugal, ou mais claramente entre Vieira e Camões.

É preciso escrever a história de Camões na Biblioteca Nacional, tão eloquente em suas coleções, bem menos frequentada em seus anais.

Como disse Rita Marnoto, em discurso recente na Universidade de Coimbra, sobre o gênio de Camões e as navegações:

“viagens trágicas de negreiros, de tráfico humano e de corso, de deportação e de sofrimento”, viagens de morabeza e de saudade, em que a chegada nunca corta as amarras da partida.”

Para encontrar todas as citações mencionadas nessa exposição, leia Os Lusíadas.

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