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Primeiro Ato - Reino do Brasil: Pano de Boca

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Primeiro Ato - Reino do Brasil: Pano de Boca


Figura 1: Debret Pano de boca do Reino Unido Décoration du Ballet Historique donné au Théatre de la Cour, à Rio de Janeiro, le 13 Mai 1818
THIERRY FRÈRES. Décoration du Ballet Historique : Donné au Théatre de la Cour, à Rio de Janeiro, le 13 de mai 1818; à l’occasion de l’acclamation du Roi D. Jean VI et du mariage du Prince Royal D. Pedro, son fils. Paris [França]: Firmin Didot Frères, 1839. 1 grav, litografia, pb, 20,5 x 33,5cm em f. 52,6 x 34,6.

Jean-Baptiste Debret, o pintor de história neoclássico, antigo discípulo do revolucionário Jean-Louis David, compreendeu rapidamente o gosto luso-brasileiro, conquistando ´por sete anos seu lugar de cenógrafo do Teatro da Corte, cargo que só deixaria quando da inauguração da Academia Imperial das Belas-Artes em 1826. Dessa sua fase, sobreviveram lamentavelmente apenas duas cenas de palco, ambos concebidos como panos-de-boca para momentos fundadores da dinastia dos Bragança no Novo Mundo.

As duas aclamações que ocorreram no Rio de Janeiro, apesar de terem sido emuladas com os ritos franceses, não contaram com uma representação detalhada como o fora a Sagração de Napoleão I como imperador dos franceses. O livro do Sacre De L'Empereur Napoléon tinha nada menos que 40 pranchas.

Debret, como demonstra seu desenho do vestido de gala imperial de S.M. da Imperatriz Marie Louise, irmã da Imperatriz Leopoldina, assistiu ou participou diretamente da Sagração de Napoleão. Seu mestre, Jacques-Louis, fez a grande tela do acontecimento, e seu colega, o pintor Jean-Baptiste Isabey, foi responsável pela cenografia da Sagração na Notre-Dame  em Paris e criador de todos os trajes de grande gala para a ocasião.

Na cortina de cena de D. João VI, Debret buscou todos os elementos rococós e caricatos possíveis para retratar o anacrônico monarca absolutista coroado na América. A seguir, é possível perceber a ironia com que descreve no livro Viagem Pitoresca e Histórica ao Brasil a Glória de Dom João.

Segundo Debret, “a representação de 13 de Maio de 1818, especialmente consagrada à comemoração solene da Aclamação do Rei D. João VI e do casamento de D. Pedro com uma arquiduquesa da Áustria, constituiu um sucesso principalmente para o diretor do teatro. (...) A fim de não perder, na medida do possível, meu caráter de pintor de história, para representar D. João VI em uniforme real (...) suportado pelas figuras das três nações que compõem o Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves.”

Em sua aquarela posteriormente litografada, que chama de “Triunfo”, o francês irá reunir alegorias a cruzados, índios e mouros, guerreiros de todas as armas, além de cisnes guiados por Cupido e uma carreira de delfins para que dançarinas levassem oferendas ao altar de Himeneu, assim como as divindades Vênus e Netuno.