BNDigital

Filha de D. José I e da bela D. Mariana, a infanta de Espanha, Maria nasceu a 17 de dezembro de 1734. Graças ao ouro do Brasil, Portugal vivia, então, uma época esplendorosa. Ela teve a mesma educação de outras princesas europeias além de desenvolver virtudes morais, consideradas, então, prioritárias para bem reinar. Aos 21 anos, instalada na Quinta de Belém, viu Lisboa ser tragada num terremoto, seguido de maremoto e incêndio, evento extremo do qual a família real escapou. À época, assistiu siderada a execução brutal da família Távora, cujos membros eram seus amigos e de seu futuro marido. O mandante? O marquês de Pombal a quem Maria passou devotar horror, tanto mais quanto ele conspirava abertamente para que ela não subisse ao trono.

Maria tinha 26 anos quando se casou com D. Pedro, de 43 anos. Desde sempre foram muito unidos e felizes. Tiveram três filhos: José Francisco, João e Mariana Vitória.

Foi aclamada rainha em fevereiro de 1777, tornando-se a 26ª. Monarca da Lusitânia. Depois de anos de terror imposto pelo Marquês de Pombal, Portugal tinha uma soberana que misturava lucidez, piedade e bondade. As últimas qualidades eram aquelas que a Igreja católica exigia das rainhas.

As perdas afetivas tiveram início com a morte da mãe, sua conselheira política, a morte de seu adorado Pedro e uma epidemia de varíola que, em pouco tempo, varreu Portugal e Espanha levando-lhe o filho José, seu sucessor, a filha, o genro, os netos e o rei de Espanha, seu tio e amigo. A correspondência de Maria revela o quanto ela cuidava dos familiares, era benquista e o quanto sofreu. Mergulhou então em sombria melancolia que se agravou com as notícias sobre a violência da Revolução Francesa e a invasão de Portugal por Napoleão.

Foi alcunhada de “louca” pelos republicanos portugueses, mas, sofria apenas de profunda depressão, doença desconhecida na época da maioria dos médicos. Fechou os olhos aos 81 anos, mergulhando a família e a cidade do Rio de Janeiro em profunda tristeza.