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ROGER CASEMENT

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ROGER CASEMENT

 

A vida de Roger David Casement integra um dos capítulos mais violentos da história do Brasil: o ciclo da borracha.

Casement nasceu em Sandycove, Dublin, em 1o. de setembro de 1864. Ainda adolescente, ficou órfão e foi levado para a Irlanda do Norte, onde concluiu seus estudos. Mudou-se para Liverpool e entrou na Companhia Mercante Elder Dempster – seu passaporte para a África. Tornou-se agente colonial da Associação Internacional do Rei Leopoldo II da Bélgica e Cônsul britânico na África portuguesa e no Congo. Em um relatório constituído por declarações de vítimas e missionários, reportou ao governo britânico a situação da economia de extração de borracha e as atrocidades cometidas contra os africanos.

Entre 1906 e 1913, Casement foi Cônsul britânico em Santos e Belém do Pará e Cônsul Geral no Rio de Janeiro. Em 1910 e 1911, fez duas viagens ao Putumayo, região disputada entre Peru, Brasil e Colômbia, onde investigou as condições dos coletores de borracha da Companhia Peruana da Amazônia, registrada em Londres. A política de terror praticada pela Companhia foi descrita em relatórios oficiais e em diários posteriormente traduzidos e publicados no Brasil.

Os anos que Casement passou no Brasil foram decisivos para que ele se voltasse contra o imperialismo britânico. Converteu-se em nacionalista e buscou apoio alemão para a independência irlandesa, durante a Primeira Guerra. Em 1916, viajou da Alemanha para a Irlanda a bordo de um submarino com armas para o Levante de Páscoa, mas foi preso e levado à Torre de Londres. Apesar dos esforços internacionais, Casement foi enforcado por alta traição em 3 de agosto de 1916. O que determinou sua execução foi a descoberta de diários de conteúdo homossexual, os chamados Black Diaries, cuja autenticidade é, ainda hoje, questionada.

A peça documentário As duas mortes de Roger Casement (2016), de Domingos Nunez, e o filme Segredos do Putumayo (2022), dirigido por Aurélio Michiles e narrado pelo renomado ator irlandês Stephen Rea, com aclamação da crítica, contam a história desse fascinante irlandês.

Imortalizado em um poema de William Butler Yeats como um fantasma que continua batendo à porta das relações anglo-irlandesas, Casement nos legou um ativismo transnacional e uma contribuição para o que hoje se conhece como direitos humanos.