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Post Mortem

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Post Mortem


Trechos do Livro sexto das cartas de Caio Plínio Cecílio Segundo (Cartas VI, 16) também conhecido como Plínio, o Jovem (61-114 d. C.) ao historiador romano Tácito, narrando as circunstâncias em que morreu seu tio Plínio, o Velho (23-79 d. C.), por ocasião da erupção do Vesúvio, quando se lançou ao mar, para salvar outros habitantes da região. Esse texto presta-se ao perfeito entendimento de cientistas e historiadores sobre os acontecimentos de 24 de agosto do ano 79 d. C. Tradução do latim por Francisco José dos Santos Braga.


“Pedes para eu descrever a morte de meu tio, de modo que possas dirigir-te aos pósteros com mais veracidade. [...] Por essa ocasião, ele se achava em Misena e comandava a tropa. No vigésimo quarto dia de agosto, aproximadamente a uma hora da tarde, minha mãe mostrou-lhe ter aparecido uma nuvem com inusitado tamanho e aparência. [...] Subiu a um lugar donde aquele prodígio pudesse ser bem contemplado. De um monte difícil de identificar, dada a distância (soube-se depois que era o Vesúvio), elevava-se uma nuvem, que se assemelhava na forma a uma árvore e, mais particularmente, a um pinheiro.”


“Ora caíam cinzas sobre os navios, de forma mais quente e mais densa, à medida que eles se aproximavam; ora caíam mesmo pedras-pomes negras e pedras tanto carbonizadas quanto despedaçadas pelo fogo; ora parecia agitar-se o fundo do mar [...]. Um pouco hesitante se devia retornar, em seguida instruiu ao seu piloto que fizesse assim: ‘A sorte favorece os audazes; dirige-te para Pompônio’. [...] Em muitos locais do monte Vesúvio reluziam chamas muito amplas e elevados incêndios, cujo brilho e claridade eram avivados pelas trevas da noite. [...] Apoiando-se em dois escravos, ele se levantou e incontinenti caiu morto; deduzo que a sua respiração foi obstruída por uma fuligem densíssima e a sua glote se cerrou.”


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O arqueólogo italiano Giuseppe Fiorelli, que assumiu a direção dos trabalhos de escavação em Pompeia a partir de 1863, observou a existência de espaços vazios em meio às cinzas vulcânicas – eles haviam sido ocupados pelos corpos dos habitantes e se decompuseram, com o tempo. Em 1870, desenvolveu uma técnica para injetar gesso nesses vãos, deles extraindo a forma original das vítimas.