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23 de julho | A Corrida Espacial e a primeira transmissão de TV via satélite.

23 jul 2020

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e marcado com as tags Corrida Espacial, Guerra Fria, Satélite de Comunicação, Transmissão de TV

Em 23 de julho de 1962, treze dias após entrar em órbita, o satélite de comunicações Telstar 1 realizou a primeira transmissão televisiva ao vivo via satélite entre Europa e Estados Unidos.

O projeto para o lançamento de um satélite de comunicações existe desde 1945, quando o matemático e escritor Arthur C. Clarke (também famoso por obras de ficção científica) publicou um artigo na revista especializada Wireless World. O impulso para o projeto veio em 1957, quando os soviéticos lançaram o primeiro satélite artificial – o Sputinik 1. As disputas entre Estados Unidos e União Soviética durante a Guerra Fria fomentaram a corrida espacial e, no ano seguinte, os americanos puseram em órbita o SCORE, satélite usado pelo presidente Eisenhower para enviar ao mundo uma mensagem de natal. Meses depois, devido à sua rudimentaridade e grandes dimensões, o satélite reentrou na atmosfera e caiu.

Em 1962, um projeto envolvendo a NASA, AT&T, Bell Labs e os correios nacionais franceses e britânicos impulsionou o desenvolvimento de comunicações via satélite e lançou o foguete Thor Delta com o Telstar 1. Menor que seu antecessor, esse era um satélite esférico (com 88cm e 80kg) cujo formato inspirou a Estrela da Morte, famosa estação espacial da série de filmes Star Wars.

A primeira imagem humana transmitida por um satélite seria a do presidente americano John F. Kennedy. Contudo, como ele não estava pronto no momento da transmissão, a imagem que entrou para a história foi a do jogador de beisebol Ernie Banks. Também foram mostradas cenas de trabalhadores de um alto-forno da área industrial de Duisburg (Alemanha) e de Manhattan e da Ponte de São Francisco (EUA). O aparelho foi responsável ainda pelas primeiras chamadas telefônicas transmitidas via satélite.

O Telstar 1 revolucionou as telecomunicações, mas sua operação era complexa. A órbita baixa do satélite permitia apenas transmissões descontinuadas e restritas a 30 minutos. Também era necessário que as antenas terrestres de recepção e transmissão se alinhassem à sua trajetória orbital para ampliar seu fraco sinal em cerca de 10 bilhões de vezes. Sua vida útil foi curta, pois os testes de detonação de uma bomba nuclear um dia antes ao lançamento emitiram um pulso eletromagnético na atmosfera. Como consequência, panes eletrônicas atingiram o equipamento e seu transmissor falhou em fevereiro de 1963. Segundo o registro americano de objetos no espaço, o satélite permanece em órbita.

Atualmente, satélites de comunicação são comuns e boa parte da nossa interação ocorre por meio deles – com qualidade muito melhor do que as transmitidas pelo Telstar 1 –, sendo uma tecnologia complementar às fibras óticas em cabos submarinos de comunicação. Aquela curta missão mudou o mundo e, graças a ela, existem hoje milhares desses satélites na órbita terrestre.

Leia no Jornal do Brasil a matéria sobre o lançamento do Telstar 1

Veja na Revista Manchete uma fotografia do Telstar 1