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Cinema | Charles Chaplin, o Carlitos

15 maio 2021

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O humor de Carlitos foi bem diferente, todo seu, o de um vagabundo artista, de um homem simplório, do homem do povo que somos nós. Um humor que fazia rir e chorar, uma defesa dos inocentes contra os abusos dos intolerantes e dos preconceitos da sociedade. (Arthur F. Baptista. Letras da Província: Publicação Mensal das Casas de Cultura de Limeira e Jaú)

O ano era 1889 e no dia 16 de abril nasceria, em Londres, Charles Spencer Chaplin, mais conhecido por Charles Chaplin - ou Carlitos, no Brasil. O artista, comediante, cineasta britânico, atuou durante 75 anos, carreira em que produziu 18 filmes. Seu falecimento se deu aos 88 anos, vítima de um derrame, em 1977.

Herdeiro de artistas como o comediante francês Max Linder (1883-1925) e o cineasta francês Georges Méliès (1861-1938), Chaplin iniciou sua carreira ainda criança nos teatros. Desde 1908, aos 19 anos, Chaplin fazia sucesso como mímico. No ano de 1913, em uma turnê nos Estados Unidos, foi contratado para trabalhar na Keystone Film Company. Em 1915, já produziria sua primeira comédia: The Tramp - O vagabundo -, onde protagonizava Charlot (Carlitos), um homem pobre que, a despeito de sua condição financeira, agia como se pertencesse a uma elite: vestia casaca, usava bengala, movimentava-se com postura empertigada, dentre outros elementos de distinção econômica daquele grupo social.

Entretanto, sem qualquer sombra de dúvida, emoldurando as expressões faciais e os olhares cativantes, as principais marcas de Chaplin eram o seu chapéu-coco e o seu bigode, tal como retratado na imagem que abre esse artigo. Tal a força de Carlitos que o personagem não se restringiu ao filme O Vagabundo, tendo sido levado a protagonizar ainda as histórias The Kid (1921) - O Garoto, obra que alcança seu centenário no presente ano de 2021 -, The Gold Rush (1925) - A Corrida do Ouro - e The Circus (1928) - O Circo. Seu sucesso pode ser observado através de fã-clubes espalhados mundo afora desde os primórdios da carreira do ator e cineasta (O Fan).

Imerso no contexto do cinema mudo, onde não havia troca de diálogos nas produções cinematográficas, Chaplin investia nos gestos, expressões faciais, figurinos e cenários que imprimiam, às histórias contadas, um misto de crítica social, humor, ternura, emoção. Mesmo após a inserção da linguagem falada nas películas, procurou manter-se fiel ao cinema mudo - segundo sua ex-esposa, seria devido ao receio de que sua voz fosse inadequada ao estilo dos filmes produzidos pelo cineasta (Careta). Chaplin aderiu ao cinema falado com o filme The Great Dictator (1940) - O Grande Ditador -, uma obra considerada um ato de profunda coragem onde, em seu discurso final, denuncia frontalmente os horrores da tortura, do ódio e da exploração dos ditadores sobre a população (Politika). Contudo, ainda hoje, os temas abordados pelo cineasta são compreendidos, mesmo sem a existência dos diálogos.

Sua carreira atravessou quase todo o século XX e Chaplin foi contemporâneo das duas Guerras Mundiais - tendo inclusive sido convocado a se alistar nos Estados Unidos (Gazeta de Notícias) -, da ascensão e declínio do nazifascismo, da Revolução Russa, das lutas pelos direitos civis nos Estados Unidos, retirando, desses eventos históricos, inspiração para o pano de fundo de várias das suas produções cinematográficas. O filme Modern Times (1936) - Tempos Modernos -, cujo tema central é a forte alusão à coisificação do trabalhador, teve sua exibição proibida por Hitler, na Alemanha, por considerar o filme como uma defesa ao comunismo (Careta). Na década de 1950, Chaplin teve que se retirar dos Estados Unidos por perseguições oriundas do Macarthismo, ideologia que também enxergava em Carlitos uma ameaça comunista, vindo a estabelecer residência na Suíça. No Brasil dos anos 1970, a censura volta a assombrar as obras de Chaplin e seus filmes foram retidos (Boletim ABI).

Sua vida pessoal foi bastante conturbada. Foram quatro casamentos e seus divórcios, não raro, apareciam na mídia deixando expostos alguns traços de sua personalidade controladora, como o caso do divórcio de sua primeira esposa, Mildred Harris (Careta), e o término do romance com Pola Negri (A Scena Muda). Apesar do lucro de seus filmes (Fon Fon), a vida financeira de Chaplin também se compunha por altos e baixos (A Scena Muda).

Considerado um gênio do humor e do cinema, Charles Chaplin tornou-se uma inspiração para outros artistas que vieram posteriormente, como Frederico Felini, Peter Sellers, Rowan Atkinson, Jonny Deep, Roberto Bolaños, Renato Aragão. Influenciou também os primórdios do cinema indiano (A Ordem), que incorporaria parcialmente, através desse ícone, olhares ocidentais às comédias daquela cultura asiática.

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