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História do Brasil | A Guerra de Canudos no acervo da Biblioteca Nacional

11 out 2021

Artigo arquivado em História do Brasil
e marcado com as tags Antônio Conselheiro, Guerra de Canudos, Messianismo

Em 1896, nos primeiros anos após o fim da Monarquia no Brasil e a instauração da República, teve início um dos conflitos mais sangrentos de nossa história. Nesses primeiros anos do regime republicano, o governo tinha diante de si a necessidade de firmar-se em um contexto em que a experiência monárquica ainda era muito forte, e em alguns segmentos da sociedade era latente o desejo de retorno ao regime deposto. Uma atmosfera de disputa entre forças antagônicas, e que não havia espaço para preocupações que abrangessem a sociedade e os novos contornos que surgiam. Questões que envolviam ex-escravos, sertanejos, cangaceiros compunham uma realidade negligenciada pelo governo recém-inaugurado.

A realidade de extrema pobreza possibilitou o surgimento de movimentos messiânicos como resposta, e consequência, à inercia do governo republicano brasileiro frente ao abandono socioeconômico que sofria parcela da população brasileira.

Nesse cenário a figura de Antônio Conselheiro surgiu como alternativa viável para o desenlace destas tensões sociais.

Antônio Vicente Mendes Maciel nasceu em vila de Quixeramobim no Ceará, no ano de 1830, em uma família tradicional. Estudou, formou-se e exerceu atividades que incluíram o comércio, após o falecimento de seu pai. Casou-se e após o abandono da esposa, iniciou sua jornada pelo sertão.

Durante anos de andança, presenciou uma realidade dura e cruel. Motivado por tudo que presenciara, Antônio Conselheiro começou a realizar pregações de cunho religioso, sob a perspectiva de um cristianismo primitivo, onde as pessoas deveriam viver não mais sob o julgo da injustiça e da exclusão, mas seguindo os valores cristãos. Tal visão e proposta de vida atraiu aqueles que se encontravam abandonados, largados à própria sorte, sem nenhuma proposta de mudança.

Em 1893, chega à Belo Montes, uma pequena vila nos arredores da Fazenda Canudos, às margens do rio Vaza-Barris, na Bahia. Nascia Canudos. Com sua chegada, a população cresce significativamente. Estruturava-se uma comunidade que se encontrava fora do controle das autoridades, o que despertou o medo e os interesses dos proprietários de terras e da Igreja. Canudos representava uma alternativa cada vez mais real e próspera de igualdade e justiça, desafiando os poderes locais, que cada vez mais temerosos, recorreram ao Governo Federal.

Canudos - Antônio Conselheiro e seus seguidores - foram retratados como perigosos ao regime republicano, e por conseguinte, à própria ordem nacional. Era preciso que tal mal fosse extirpado, e foi o que aconteceu. Com toda uma articulação, que envolvia a Igreja, proprietários rurais e a imprensa, responsável por mobilizar a opinião pública a favor da reação das autoridades, as tropas republicanas foram mobilizadas.

Todavia, o que poderia parecer uma empreitada fácil para tropas armadas, a reação de Canudos foi impressionante. Em Canudos, lutavam por suas vidas, por suas casas e famílias, e mais que isso, lutavam pela manutenção de uma realidade que os incluía, que não os delegavam ao esquecimento, cercados pela miséria. Os embates foram sangrentos e durante alguns meses foram feitas quatro expedições, sendo que Canudos sucumbiu na quarta e última. A desigualdade de forças, enfim prevaleceu. Munidos de equipamento bélico mais poderoso, o exército republicano saiu vitorioso. Entretanto, uma vitória marcada por uma hecatombe, onde homens, mulheres, idosos e crianças foram massacrados. Triste cenário que como bem descreveu Euclides da Cunha, "Aquela campanha lembra um refluxo para o passado. E foi, na significação integral da palavra, um crime. Denunciemo-lo".

A Guerra de Canudos no acervo da Biblioteca Nacional:

O Paiz (RJ)

http://memoria.bn.br/DocReader/178691_02/17124

http://memoria.bn.br/DocReader/178691_02/17444

http://memoria.bn.br/DocReader/178691_02/17456


Cidade de Salvador (BA)

http://memoria.bn.br/DocReader/763250/9

http://memoria.bn.br/DocReader/763250/14

http://memoria.bn.br/DocReader/763250/21


Correio Paulistano (SP)


[CHEGADA das forças que vieram da Guerra dos Canudos na Bahia]. [S.l.: s.n.], [1902]. 22 x 16.

CHAPMAN, Grover. [O selo de Canudos]. [S.l.: s.n.], [1978]. 1 grav, água-forte e água tinta, 7,2 x 6,4cm em papel 12,4 x 11,6 cm.

[CHEGADA das forças que vieram da Guerra dos Canudos na Bahia]. [S.l.: s.n.], [1902]. 22 x 16.

ESCOBAR, Tito Pedro. [Carta a Euclides da Cunha corrigindo passagens do livro "Os Sertões" referente ao] ataque sofrido pela Brigada Girard. [S.l.: s.n.], 28 ago. 1903. 8 p.
 
CHAPMAN, Grover. "A morte de Antonio Conselheiro". [S.l.: s.n.], 1977. 1 grav, água-forte pb, 34,3 x 48,8.
 
CUNHA, Euclides da. Caderneta de campo. Rio de Janeiro, RJ: Fundação Biblioteca Nacional, 2009. 371p., [18]p. de estampas, il, 19 cm. (Cadernos da Biblioteca Nacional, 6).

LIMA, Arthur N. Victoria de Canudos : dobrado para piano. Recife, PE: Prealle & Ca., [18--].
 
CHAPMAN, Grover. O combate. [S.l.: s.n.], [1977]. 1 grav, água-forte e água tinta, col, 27,9 x 37,4 em papel 34 x 43,5 cm.

ARRAIAL dos Canudos: visto pela Estrada do Rosario. Bahia [Salvador, BA]: Wilcke, Edgard & C., 1897. 1 reprodução, reprodução fotomecânica, p&b, 63,5 x 77,4 cm.


ARRAIAL dos Canudos