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Música | Chiquinha Gonzaga, compositora brasileira (m. 1935)

22 out 2020

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Nasceu bastarda, de mãe negra, mulata em uma sociedade escravista, e se tornou umas das principais compositoras da história da música brasileira. Foi a primeira maestrina brasileira e fundadora da primeira sociedade de direitos autorais no Brasil, a SBAT (Sociedade Brasileira de Autores Teatrais).

Chiquinha Gonzaga (1847-1935) foi uma mulher que revolucionou os costumes do seu tempo, tanto na vida pessoal quanto na música. Casou-se e separou-se duas vezes numa época em que o casamento era destino. Perdeu a guarda dos filhos. Viveu maritalmente com um jovem que tinha 16 anos quando a conheceu, e foi seu companheiro para o resto da vida da musicista. Sofreu condenações familiares e sociais, mas foi a música que a libertou.

Sua fama chegou com o primeiro sucesso, a polca “Atraente”, nascida de uma improvisação em roda de choro na casa do compositor Henrique Alves de Mesquita. Passou a fazer parte do conjunto do flautista Joaquim Callado, que abriu muitas portas para ela no mundo dos salões e depois no teatro musicado. Foi uma das pioneiras do teatro de revista, apesar de ter sido rejeitada no início por ser mulher. Depois se notabilizou por ter feito, junto com Luiz Peixoto e Carlos Bettencourt, a peça que ficou mais tempo em cartaz em 1912, “Forrobodó”. Ousada, além de reger a orquestra da sua peça “A Corte na Roça”, regeu também um concerto de violão, promovendo um instrumento que ainda era estigmatizado na época.

Foi um dos maiores expoentes da música popular brasileira em formação, com um pé no clássico e um pé e meio no popular. Soube, como ninguém, mesclar a música de salão à música que escutava nas ruas do Rio de Janeiro. “Ó abre alas”, a primeira marcha-rancho composta para o carnaval carioca de 1899, inspirada nos ensaios do cordão Rosa de Ouro e no andamento das procissões, entrou para a história do sagrado carnaval e é cantada até hoje.

Seção de Iconografia

O Malho, 17/1/1935

GONZAGA, Francisca. Atrahente : polka para piano. Rio de Janeiro, RJ: Imp. Estab. de Narciso, A. Napoleao e Miguez.