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12 de Junho | Dia do Correio Aéreo Nacional e da Aviação de Transporte

12 jun 2021

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Informações comerciais, mercadorias, orientações religiosas, notícias de familiares residentes em cidades distantes, livros, jornais, e toda a sorte de documentos escritos, fossem eles manuscritos ou, posteriormente, impressos circulam entre as sociedades de tradição escrita, praticamente desde a criação desse meio de registro. Complexas malhas de mensageiros foram criadas na Antiguidade Greco-Romana e na Asiática, assim como nas populações andinas da América, muito antes da chegada dos colonizadores europeus. A segurança das cidades, de suas populações e governantes, dependia da boa e ágil comunicação entre pontos distantes de um determinado território - ou nação.

Desde então, aparatos de comunicação vem sendo pensados e modernizados, somando-se, a isso, aperfeiçoamento dos meios de transporte, como o advento dos barcos a vapor, dos trens (Mundo Infantil) e, posteriormente, da aviação, possibilitando o rápido o alcance das entregas a pontos cada vez mais longínquos do globo terrestre. Os tipos de mercadorias e correspondências são incontáveis: até abelhas são transportadas! (Chácaras e Quintaes).

Ao fazer o levantamento documental sobre nosso tema, podemos observar alguns exemplos da importância desse tipo de comunicação. Destacamos a Suécia, onde registraram-se aproximadamente 30 mil cartas para o estrangeiro, no ano de 1698 (Vida Carioca), a Índia portuguesa que, no ano de 1930, passaria a contar com o serviço aéreo (Lusitânia),e a Bélgica, com um protótipo de seu foguete postal, no ano de 1936 (Andorinha).

No Brasil, o Correio-Mor, criado em 1663, é o marco de origem da Empresa de Correios e Telégrafos, e tinha a função de cuidar das correspondências e entregas de mercadorias na colônia. A chegada da Coroa Portuguesa é outra etapa desse processo, com o estabelecimento do Correio da Corte do Rio de Janeiro (Vida Carioca). Posteriormente, durante as primeiras décadas do século XX, observamos também o surgimento de empresas privadas que ofereciam o serviço de entregas postais, de caráter comercial e civil.

Para controlar as missivas, era necessário selar, pagar a postagem. No Brasil, os selos surgem no século XIX (Diretrizes) e constituía-se crime não selar a carta ao postá-la. O Correio do Povo (SC), chamava a atenção para a rede clandestina de envio de correspondência.

E como ficavam as demandas de Estado, bem como dos entes da Federação, durante a República? Inicialmente, as correspondências eram trocadas a partir de mensageiros oficiais, no entanto, as ações de Estado demandariam, gradualmente, um canal específico. Desde o século XIX, podemos encontrar informações e mensagens de governadores preocupados com a agilidade das comunicações entre os pontos por eles administrados, como o Governo do Espírito-Santo, que perdia, em 1896, a chance de possuir imigrantes italianos, dentre outras razões, pela inadequação do serviço postal (Mensagens do Governador do Espírito-Santo...). Em 1911, diz o governador do Amazonas, sobre o serviço postal no interior do Estado:

“Este último é péssimo, quando, entretanto, devia ser o contrário, attendendo a que a praça de Manáos, com seu grande movimento commercial, mantém uma constante e volumosa correspondência para todos os rios do Amazonas” (Mensagens do Governador do Amazonas...).

Para buscar corrigir as lacunas existentes na comunicação entre cidades distantes do país, paralelamente ao desenvolvimento da aviação comercial civil, de transporte de cargas e passageiros, em 12 de junho de 1931, foi oficialmente fundado o Correio Aéreo Nacional, proveniente da fusão do Correio Aéreo Militar (da Aeronáutica) e do Correio Naval (da Marinha). Iniciado no primeiro governo de Vargas, posteriormente, em 1941, quando da criação do Ministério da Aeronáutica, temos a atribuição do serviço aos militares daquela força. Suas principais ações eram: criar rotas ligando cidades distantes do país, levando ao estreitamento das relações entre os entes da federação, encurtando distâncias (O Malho); levar encomendas pesadas, exceto correspondências, aos destinos cobertos pelas rotas (Alto S. Francisco); levar ações do Estado a determinadas localidades de difícil acesso (A Época-RS, http://memoria.bn.br/DocReader/097209/609 e http://memoria.bn.br/DocReader/097209/991); aproximação comercial e diplomática com países da América Latina, como por exemplo o Paraguai (O Cruzeiro) e, por fim, transporte gratuito de passageiros aos pontos cobertos pelas rotas, em caso de vaga/disponibilidadede vôo (A Cigarra).

A primeira viagem, do Rio de Janeiro para São Paulo, levou cerca de cinco horas de vôo no pequeno avião Curtiss “Fledgling” K263 (Revista Marítima Brasileira). Embora esse seja um tempo considerado alto, para os padrões atuais de vôos entre distâncias como a Rio-São Paulo, o sucesso foi tal que, já em 1934, as rotas foram ampliadas para Terezina, Goiás, Rio Grande do Sul, Mato Grosso (Arquivo Geral). O empreendimento foi muito elogiado, e chegou a ser considerado um dos maiores feitos da administração Vargas, no que diga respeito a interiorização das ações do Estado (A Noite).

Contudo, os percalços existiram. Vários foram os acidentes, nos anos iniciais das operações, com perda de tripulantes e de encomendas, gerando insegurança tanto para quem viajava, quanto para quem enviava suas mercadorias (Correio do Povo-SC; Maranhão e República).

O entusiasmo com o serviço de transporte, e com os benefícios do Correio Aéreo Nacional, ocasionaram a transposição da sua história em um filme, em 1947, com atuações de Oscarito, Dulce Martins, Celso Guimarães (Carioca).

Progressivamente, mais investimentos foram feitos e, já no ano de 1975, praticamente todos os estados do país possuíam, ao menos, uma rota de acordo com mapa publicado no periódico Sino Azul. Compra de aviões, inauguração de campos de pouso (Jornal do Commércio -MT), criação de fábrica de motores de avião (Correio do Paraná), treinamento de pilotos, são alguns dos acréscimos feitos ao Correio Aéreo Nacional, impulsionando a aviação brasileira (Monte Carmello)

Como principal legado do Correio Aéreo Nacional, nesse seu aniversário de 90 anos, destacamos atuação do empreendimento na integração nacional, levando ações sociais aos cantos mais distantes dos grandes centros administrativos, constituindo-se uma importante parcela da história da aviação brasileira.

Explore outros documentos:

Assembléia Amazonas


Careta


Carioca


A Cigarra


A Cruz


O Cruzeiro

http://memoria.bn.br/DocReader/003581/29632

http://memoria.bn.br/DocReader/003581/127300

http://memoria.bn.br/DocReader/003581/192999


Diário de Santos


Diretrizes

http://memoria.bn.br/DocReader/163880/2321

http://memoria.bn.br/DocReader/163880/667

http://memoria.bn.br/DocReader/163880/4649

http://memoria.bn.br/DocReader/163880/5418


A Época (RS)


Excelsior


A Gazeta


Illustração Brasileira

http://memoria.bn.br/DocReader/107468/14696

http://memoria.bn.br/DocReader/107468/14697


O Imparcial


A Infornação Goyana


Jornal do Commércio (AM)

http://memoria.bn.br/DocReader/170054_01/157631

http://memoria.bn.br/DocReader/170054_01/157786

http://memoria.bn.br/DocReader/170054_01/106535

http://memoria.bn.br/DocReader/170054_01/116567

http://memoria.bn.br/DocReader/170054_01/166482


O Lar Catholico


O Matto-Grosso


Mensagens do governador de Pernambuco


Novas Diretrizes


A Ordem


Revista Marítima Brasileira


Revista do Instituto do Ceará


Revista do Professor


Semana Religiosa


Sino Azul


Suplemento Juvenil


O Tempo (MG)


A Voz do Oeste (SC)



Criação do Correio Aéreo Nacional (A Noite)