BNDigital

Música | 100 anos do nascimento da cantora Amália Rodrigues

21 jul 2020

Artigo arquivado em Datas comemorativas
e marcado com as tags Amália Rodrigues, Biblioteca Nacional, Cantoras, Cultura Portuguesa, Fado

Nascia na cidade de Lisboa a 23 de julho de 1920, Amália Piedade Rodrigues. Vinda de uma infância pobre, vendia frutas na feira com a mãe. Desde pequena já encantava a vizinhança com a sua voz. Aos 15 sai como solista na marcha da Alcântara, encantando os foliões que seguiam o cortejo até a Avenida Liberdade. Canta como amadora até 1939, quando atua profissionalmente cantando fados no Retiro da Severa. O sucesso garante apresentações em bares e cabarés como Café Luso e Solar da Alegria, ambos em Lisboa. Em 1944 estreia no Brasil no Casino Copacabana, passagem muito celebrada pelos jornais e revistas.

Aclamada pelo público, Amália se sente acolhida. O sucesso lhe garante a gravação do seu primeiro álbum. Em 1947 aventura-se nas artes dramáticas estreando as películas “Capas Negras” e “Fado, História de uma Cantadeira”. Anos mais tarde atua em “Sangue Toureiro”. Aos poucos, o talento no teatro e no cinema também irá revelar algumas das inúmeras facetas da artista. Em Madrid, filma a série de 10 curtas metragens de fados. Sua carreira avança internacionalmente. Turnês em Londres, Berlim, Roma e Paris, sendo aplaudida no venerado Olympia. Em 1951 realiza uma grande turnê pela África, circulando por Angola, Congo, Moçambique. A década de 1950 é marcada por uma temporada em Hollywood. Espetáculos em boates como a famosa “La Vieen Rose’, consagravam Amália como a “grande vedeta!”.

Em 1961, casa-se com o engenheiro César Seabra, português, radicado no Brasil. À essa altura Amália declara que vai se afastar da carreira e dedicar-se à vida conjugal em Copacabana, Rio de Janeiro. Apesar da promessa, esse período torna-se muito frutífero para a cantora. Entre 1964 e 1965 protagoniza os filmes “Fado Corrido” e “As Ilhas Encantadas”, recebendo o prêmio de melhor atriz por este último. Intérprete de grandes sucessos, seus discos são compilados e editados, com destaque para as canções dos álbuns “Gostava de ser quem eu era” (1980) e “Lágrima” (1983).

Em 1972 estreia o show “Um amor de Amália” no Canecão, extinta casa de espetáculos no Rio de Janeiro. As décadas seguintes registram apresentações memoráveis no Coliseu dos Recreios – Lisboa, Carnigie Hall – Nova York, Theatre Champs Elysées – Paris.

Em 1989, o Museu Nacional de Teatro organiza exposição retrospectivada cantora em razão dos seus 50 anos de carreira. Um circuito de eventos é organizado para celebrar os principais momentos de sua trajetória, incluindo recepção do Papa João Paulo II no vaticano e homenagemdo então Presidente de Portugal, Mário Soares.

Os anos finais são marcados pela morte do companheiro, com quem permaneceu casada há 36 anos, a divulgação de álbum com músicas inéditas, a publicação da obra “Versos”, coletânea de poemas, homenagem na Cinemateca Francesa e a sua última apresentação no Coliseu dos Recreios – Lisboa em 1994. Morre em 6 de outubro de 1999 aos 79 anos. Em 2001 seu nome ingressa no Panteão Nacional de Portugal, uma homenagem pelo contributo de sua obra. Amália, considerada “a voz de Portugal”, conta com uma fundação em seu nome, onde preserva extenso patrimônio, entre documentos sonoros, iconográficos, além de figurinos dos mais importantes espetáculos, um tributo à grande artista, um dos maioress ícones da cultura portuguesa.

Na imagem publicação do jornal Rio de 1944 noticia a estreia triunfal de Amália Rodrigues no Casino Copacabana, Rio de Janeiro.
http://memoria.bn.br/docreader/146854/1194