Acervo da BN | A produção e o comércio de gravuras: os pintores
20 fev 2021
Artigo arquivado em Acervo da BN
e marcado com as tags @culturagovbr, Biblioteca Nacional, Gravuras, Pintores, Secult
Os pintores desempenharam um papel fundamental na produção de gravuras entre os séculos XVI e XIX na Europa, fornecendo um grande número de desenhos para o mercado de impressão. Quando o próprio gravador lidava com a publicação e o comércio das estampas, precisava decidir o que gravar, levando em consideração suas habilidades e também o mercado, assumindo os riscos pela produção e venda das obras. Ele mesmo podia criar o motivo a ser gravado ou realizar suas gravuras a partir de desenhos e pinturas de outros artistas, adquiridas por ele com esse propósito ou pertencentes a colecionadores e negociantes de arte. Também havia a opção de encomendar os desenhos diretamente aos artistas.
Os desenhos fornecidos pelos pintores, comprados por gravadores ou editores, podiam ser inéditos e elaborados com o propósito de servirem a uma gravura, ou elaborados a partir de pinturas. Os desenhos podiam ser encomendados a artistas locais ou mesmo solicitados a artistas estrangeiros, que os enviavam por correio aos editores. No século XVII, com a crescente demanda pelos serviços de pintores renomados por parte da Igreja e de príncipes e colecionadores, a execução dos desenhos para o mercado de impressão dependeu também de artistas de menor expressão, que nem sempre tinham seus nomes indicados nas inscrições das gravuras.
Muitos pintores envolviam-se na produção de gravuras de suas próprias obras com o interesse de garantir a qualidade do trabalho executado e preservar sua reputação artística. Os pintores podiam permitir ou não a execução de uma gravura, bem como colaborar com os gravadores, facilitando-lhes o acesso às pinturas originais, fornecendo-lhes esboços e instruções e indicando correções e retoques até a aprovação do desenho na matriz. O trabalho colaborativo com os pintores interessava aos gravadores que desejavam incrementar a qualidade de seus trabalhos e muitas parcerias se estabeleceram, especialmente no ramo de retratos. Pouco se conhece sobre os aspectos comerciais das parcerias, como a divisão dos rendimentos obtidos com a venda das estampas.
Os pintores prezavam a gravura pela possibilidade de imprimir múltiplas cópias. Isto contribuía para a divulgação das pinturas e era determinante para a fama e a carreira dos artistas, bem como para a preservação de sua arte para a posteridade. No entanto, o vínculo dos pintores com a gravura dependia das tradições locais e certamente houve os que não se envolveram na sua produção ou que se dedicaram a ela ocasionalmente.
O retrato do pintor Tiziano Vecellio que ilustra a postagem foi gravado por Gérard Edelinck (Antuérpia, 1640 – Paris, 1707), gravador flamengo conhecido principalmente por seus retratos. Em Antuérpia foi aluno do gravador Cornelis Galle, o jovem, e mestre na Guilda de São Lucas entre 1663 e 1664. Mudou-se para Paris em 1666 e tornou-se cidadão francês anos mais tarde.
Trabalhou com diversos gravadores, entre os quais Robert Nanteuil, e em 1672 casou-se com Madeleine Regnesson, filha do gravador e editor Nicolas Regnesson. Foi nomeado ‘Premier Dessinateur du Cabinet du Roi’, o principal desenhista do rei Luís XIV. Embora Edelinck tenha se dedicado a vários assuntos, grande parte de suas gravuras são retratos gravados segundo obras dos principais retratistas da época em Paris. Trabalhou mais frequentemente segundo os pintores Hyacinthe Rigaud, Charles Le Brun, François de Troy e Philippe de Champaigne.
(Seção de Iconografia)
Retrato do pintor Tiziano Vecellio, gravado por Gérard Edelinck
Os desenhos fornecidos pelos pintores, comprados por gravadores ou editores, podiam ser inéditos e elaborados com o propósito de servirem a uma gravura, ou elaborados a partir de pinturas. Os desenhos podiam ser encomendados a artistas locais ou mesmo solicitados a artistas estrangeiros, que os enviavam por correio aos editores. No século XVII, com a crescente demanda pelos serviços de pintores renomados por parte da Igreja e de príncipes e colecionadores, a execução dos desenhos para o mercado de impressão dependeu também de artistas de menor expressão, que nem sempre tinham seus nomes indicados nas inscrições das gravuras.
Muitos pintores envolviam-se na produção de gravuras de suas próprias obras com o interesse de garantir a qualidade do trabalho executado e preservar sua reputação artística. Os pintores podiam permitir ou não a execução de uma gravura, bem como colaborar com os gravadores, facilitando-lhes o acesso às pinturas originais, fornecendo-lhes esboços e instruções e indicando correções e retoques até a aprovação do desenho na matriz. O trabalho colaborativo com os pintores interessava aos gravadores que desejavam incrementar a qualidade de seus trabalhos e muitas parcerias se estabeleceram, especialmente no ramo de retratos. Pouco se conhece sobre os aspectos comerciais das parcerias, como a divisão dos rendimentos obtidos com a venda das estampas.
Os pintores prezavam a gravura pela possibilidade de imprimir múltiplas cópias. Isto contribuía para a divulgação das pinturas e era determinante para a fama e a carreira dos artistas, bem como para a preservação de sua arte para a posteridade. No entanto, o vínculo dos pintores com a gravura dependia das tradições locais e certamente houve os que não se envolveram na sua produção ou que se dedicaram a ela ocasionalmente.
O retrato do pintor Tiziano Vecellio que ilustra a postagem foi gravado por Gérard Edelinck (Antuérpia, 1640 – Paris, 1707), gravador flamengo conhecido principalmente por seus retratos. Em Antuérpia foi aluno do gravador Cornelis Galle, o jovem, e mestre na Guilda de São Lucas entre 1663 e 1664. Mudou-se para Paris em 1666 e tornou-se cidadão francês anos mais tarde.
Trabalhou com diversos gravadores, entre os quais Robert Nanteuil, e em 1672 casou-se com Madeleine Regnesson, filha do gravador e editor Nicolas Regnesson. Foi nomeado ‘Premier Dessinateur du Cabinet du Roi’, o principal desenhista do rei Luís XIV. Embora Edelinck tenha se dedicado a vários assuntos, grande parte de suas gravuras são retratos gravados segundo obras dos principais retratistas da época em Paris. Trabalhou mais frequentemente segundo os pintores Hyacinthe Rigaud, Charles Le Brun, François de Troy e Philippe de Champaigne.
(Seção de Iconografia)
