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Acervo da BN | Thomas Bewick e a xilogravura de topo

03 jan 2021

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Thomas Bewick foi um gravador e naturalista inglês cuja obra marcou a história da xilogravura. O artista nasceu em Northumberland em agosto de 1753. Aos 14 anos tornou-se aprendiz do gravador Ralph Beilby em Newcastle, cujo estabelecimento atendia à crescente demanda local por trabalhos de gravura em materiais como ouro, prata, cobre, marfim e madeira.

Em 1777 tornaram-se sócios, trabalhando então com um pequeno grupo de aprendizes. A oficina recebia encomendas de ourives, ferreiros, joalheiros, seleiros, fabricantes de espadas e armas de fogo para gravar iniciais, nomes, brasões e motivos decorativos em seus produtos. Também produzia impressos comerciais, ilustrações de livros, cabeçalhos de jornais e folhetos ilustrados, atendendo às encomendas de impressores, editores e artistas itinerantes, entre outros.

Em 1790 publicaram o livro ‘A General History of Quadrupeds’, com o intuito de estimular os jovens ao estudo da História Natural. A partir de 1791 dedicaram-se a uma obra sobre ornitologia, ‘History of British Birds’, publicada em dois volumes, ‘Land Birds’ (1797) e ‘Water Birds’ (1804). A técnica utilizada para a criação das ilustrações desses livros foi a xilogravura de topo e sua qualidade artística atraiu a atenção de naturalistas e bibliófilos.

Na xilogravura de topo utiliza-se como matriz uma prancha de madeira dura e compacta,obtida pelo corte transversal do tronco da árvore, isto é, trabalha-se na superfície perpendicular às fibras. Difere da xilogravura de fibra, em que a prancha de madeira é obtida pelo corte longitudinal do tronco da árvore. O emprego do buril na xilogravura de topo proporciona cortes precisos e delicados, além da obtenção de detalhes finos e gradação tonal elaborada. Os grandes blocos de madeira eram caros e os utilizados por Bewick geralmente eram de pequenas dimensões. A origem da técnica é controversa; o virtuosismo de Thomas Bewick deu-lhe popularidade e o artista é lembrado pela maestria com que a executou.

No século XIX, o desenvolvimento industrial da produção de papel e a invenção da prensa a vapor aceleraram a impressão de livros e periódicos. Em tal ritmo, a técnica mais apropriada para atender à grande demanda por ilustrações foi a xilogravura de topo. As matrizes de madeira, além de relativamente mais baratas do que as chapas de cobre utilizadas na gravura em metal, eram mais apropriadas à integração de texto e imagem, pois tanto a impressão tipográfica quanto a xilográfica são processos relevográficos (isto é, em ambos os casos somente as partes em relevo na superfície da matriz são transferidas para o papel). A xilogravura de topo foi amplamente utilizada para ilustrar livros e periódicos; novos tipos de publicações ilustradas surgiram e grandes oficinas empregavam dezenas de gravadores.

Consulte na Biblioteca Digital: “Le Purgatoire et le Paradis” de Dante Alighieri, obra ilustrada em xilogravura a partir de desenhos de Gustave Doré.

(Seção de Iconografia)


Edição do Diário Carioca de 1947.