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Acervo da BN | Victor Civita e o Pato Donald

08 ago 2020

Artigo arquivado em Acervo da BN
e marcado com as tags Disney, HD, História em Quadrinho, Pato Donald, Victor Civita

Nascido numa família de origem judaica e inspirado pelo irmão que publicava quadrinhos Disney na Argentina, em 1949 o italiano Victor Civita se muda da Argentina (onde trabalhava com o irmão) para o Brasil para fundar uma editora. Em maio de 1950 cria a Editora Primavera, que iniciou seus trabalhos publicando uma revista com quadrinhos italianos intitulada Raio Vermelho. Em julho desse mesmo ano rebatiza a companhia como Editora Abril. A primeira equipe da editora tinha seis funcionários, incluindo o escritor de ficção científica e roteirista Jerônimo Monteiro e a jornalista francesa Micheline Frank, trazida da empresa do irmão de Victor, Cesar Civita, na Argentina.

A edição número um de 'O Pato Donald' surgiu em 12 de julho de 1950 com uma capa desenhada pelo argentino Luis Destuet, na qual o pato contracenava com o papagaio Zé Carioca (reza a lenda que a capa do primeiro número foi feita de acordo com os padrões de 'política de boa vizinhança' do presidente norte-americano Franklin Roosevelt). A edição tinha 40 páginas e teve 82.370 exemplares distribuídos. Dentro, apenas oito páginas eram coloridas - as quatro primeiras e as quatro últimas. Originalmente a revista era mensal, e em tamanho maior do que as revistas em quadrinhos atuais, no formato conhecido como "americano" (20x26 cm). Na edição de 8 de abril de 1952 a revista adotou o formatinho, também chamado de formato pato.

Em 1959, em sua edição de Natal, era publicada a primeira história da Disney totalmente 'Made in Brazil': “Papai Noel por acaso”, uma notável obra realizada por Jorge Kato.

Após suas vinte e uma primeiras edições, a revista tornou-se semanal; Em 1961 com o lançamento da revista Zé Carioca, passou a ser quinzenal, alternando-se com esta nas bancas, semana sim, semana não. As duas publicações também passaram a adotar a mesma numeração, ficando Pato Donald com os números pares e Zé Carioca dando seguimento aos números ímpares da. Complicado? Nem tanto.

Em 1970, a revista atingiu o número 1000. Só em 1985, a partir do número 1751, as numerações das revistas Pato Donald e Zé Carioca se tornaram independentes. O Pato Donald experimentou um breve período de alteração em sua circulação durante o final da década de 1970, voltando a ter periodicidade mensal, depois novamente quinzenal no fim dos anos 1980. Ainda no início dos anos 1990 houve um curto período de frequência semanal, com o objetivo de ultrapassar a numeração do Zé Carioca e chegar primeiro à edição 2000 (o que aconteceu em 1993).

Editada de forma ininterrupta por 68 anos, a Editora Abril encerrou a publicação da revista Pato Donald com a edição de nº 2481, lançada em julho de 2018. Após 7 meses de hiato, em março de 2019, a revista volta a ser publicada no Brasil pela editora gaúcha Culturama.

Uma ressalva: Na década de 1940 o Suplemento Juvenil, editado por Adolfo Aizen (criador da Ebal -Editora Brasil América), foi o primeiro periódico brasileiro a publicar histórias do Pato Donald. A publicação das histórias de Walt Disney no Brasil teve início no início do século XX com a publicação de Mickey na revista infantil 'Tico-Tico', com o nome de 'Ratinho Curioso'.

Em tempo: Apesar de momentaneamente paralisado, em breve a Coordenadoria de Publicações Seriadas estará concluindo o projeto de organização de todo acervo de quadrinhos de sua coleção, disponibilizando também todo acervo da extinta Ebal (Editora Brasil América) e do Museu dos Quadrinhos, doadas a BN, que enriqueceram, ampliaram e complementaram ainda muito mais as coleções existentes. Um segmento mágico do acervo. Para breve.

Imagem da revista Raio Vermelho, editada pela editora Primavera e do nº 1 da revista O Pato Donald, editada pela Abril.