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Almanach Brazileiro Illustrado

17 ago 2015

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e marcado com as tags Almanaque, Biografias, Catolicismo, Ciências naturais, Comércio, Conservadorismo, Entretenimento, Fotografias, História, Literatura, Questões morais, Rio de Janeiro

O Almanach Brazileiro Illustrado foi um anuário de variedades, de ênfase católica, lançado em 1876 no Rio de Janeiro (RJ) por Antonio Manoel dos Reis, bacharel em direito paulistano egresso da folha O Cabrião. Em sua edição inicial anunciava-se “ornado de numerosas gravuras” e com “uma noticia biographica do illustre Bispo de Olinda”, “contendo além de muitos e variados assumptos de interesse geral, uma parte scientifica, litteraria, noticiosa e recreativa”. Antonio Manoel dos Reis era ainda do jornal católico O Apostolo, que funcionava nos números 14 e 16 da Rua do Ouvidor desde 1866, de onde organizava o conteúdo do almanaque. Este, no entanto, teve seu nº 1 impresso em Paris, na imprensa de Victor Goupy, para logo depois passar a sair pela tipografia d’O Apostolo.

Contando sempre entre cerca de 300 e 400 páginas por edição, custando mil réis, o almanaque abriu sua publicação com o seguinte editorial:
O Almanach é o livro universal, é o livro do povo; entra em todas as casas, penetra em todos os palácios e invade todas as choupanas. Como leitura sã e amena é alimento proveitoso para todos, e pode produzir grandes bens; actualmente, como o vemos chrismado com o nome de Folhinha é um veneno que está corrompendo tudo. Este meio de instruir deleitando, está hoje adoptado geralmente, tanto na velha Europa, como na joven América, e por isso desnecessário se torna que encareçamos o seu préstimo. Não nos move nem o amor de gloria e nem a esperança de lucro, mas o sincero desejo de contribuir com o nosso contingente para a propaganda da verdadeira instrucção, que não é outra senão a que deriva da moral christã. (...) A folhinha que offerecemos aos nossos leitores foi organisada pelo illustre Monsenhor Félix Maria de Freitas e Albuquerque, digníssimo Governador do Bispado do Rio de Janeiro, e por isso traz o cunho da sua reconhecida illustração e autoridade, sendo a mais perfeita possível, não só quanto ás lunações, cujos dados lhe foram graciosamente ministrados pelo nosso Obsertatorio Astronomico, mas ainda e principalmente quanto aos Santos do Martyrologio que são venerados pela Egreja em cada dia do ano. Um ligeiro confronto com essas folhinhas que por ahi publicam, mostrará a verdade do que affirmamos.

Cabe ressaltar que, na sua meta de propagação da fé católica, o almanaque era consideravelmente crítico, lançando mão de inúmeros comentários contrários a instituições e meios considerados “heréticos” – em especial a crença protestante e a maçonaria. No editorial de sua 9ª edição, já para o ano de 1884, expunha-se:
Como sempre, esforçamo-nos para dar-lhes um livrinho útil e agradável, respeitador da moral christã (não há outra), e capaz de ser manuseado no seio da família, sem quebra de sua dignidade e pundonor. Bem sabemos que taes  livros não são bem aceitos pelos modernos realistas, que não têm em mira a instrucção e educação social, mas unicamente a satisfação do amor próprio, a propaganda dos mais perniciosos princípios e o applauso das turbas inconscientes.

Além do conteúdo já citado e dos calendários mencionados nesse editorial – com fases da Lua, santos do dia, feriados e etc. –, o Almanach Brazileiro Illustrado vinha com artigos e textos diversos sobre usos e costumes das províncias do Império, tradições brasileiras, história, história natural, estatísticas, perfis e biografias, quadros e dados gerais da divisão administrativa do Império e das províncias, informações gerais sobre dioceses brasileiras, listas com indicadores de serviços de utilidade pública, itinerários e informes gerais de meios de transporte e correios, taxas e tarifas de naturezas diversas, tabelas de câmbio, tábuas de conversão entre sistemas métricos diferentes, decretos e outros textos oficiais, listas contendo datas de acontecimentos importantes, pensamentos de autoridades eclesiásticas e textos evangelizadores, orientações de ordem jurídica, enigmas, anedotas, prosa e verso, fábulas, lendas, provérbios, pensamentos e aforismos, curiosidades, ensinamentos morais, sabedoria popular, orações, ilustrações, correspondência de leitores, anúncios publicitários, etc.

Quando chegou a sua 5ª edição, para o ano de 1880, o Almanach Brazileiro Illustrado mudou de impressora: passou a sair pela tipografia da Gazeta de Notícias, localizada no nº 72 da rua Sete de Setembro. Em seguida, no entanto, passou a ser impresso na tipografia do jornal O Brazil Catholico, na mesma rua. E a partir de 1883, o anuário passou a sair pela impressora Faro & Lino. Não foram encontrados indícios de que o periódico tenha sido editado além de sua 9ª edição, de 1884.

Fontes:

- Acervo: edições do nº 1, de 1876, ao nº 9, de 1884.