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Arte | Di Cavalcanti

15 nov 2020

Artigo arquivado em Arte
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Emiliano Augusto Cavalcanti de Albuquerque e Melo, ou Di Cavalcanti, foi um dos principais nomes do modernismo brasileiro. O artista transitou por diversos meios de expressão nas artes visuais, foi um dos idealizadores da Semana de Arte Moderna de 1922 e autor de textos jornalísticos e literários publicados em periódicos, além de duas obras autobiográficas, Viagem da minha vida (1955) e Reminiscências líricas de um perfeito carioca (1964).

O artista nasceu no Rio de Janeiro em 1897, na casa de sua tia Maria Henriqueta de Sena, esposa do jornalista e abolicionista José do Patrocínio. Nesse ambiente familiar, durante a juventude teve contato com escritores e intelectuais como Machado de Assis, Olavo Bilac e Joaquim Nabuco. No início de sua atividade artística como desenhista e caricaturista participou do 1º Salão dos Humoristas, realizado no Liceu de Artes e Ofícios do Rio de Janeiro em 1916. Colaborou como ilustrador em diversos periódicos de São Paulo e do Rio de Janeiro, como A Vida Moderna, O Pirralho, Panóplia e O Malho.

Ilustrou diversos livros, entre os quais a Ballada do Enforcado, de Oscar Wilde e em 1921 lançou o álbum Fantoches da Meia-Noite, obra que marcou seu afastamento do estilo gráfico do Art Nouveau e com a qual obteve reconhecimento público.

Di Cavalcanti foi um dos idealizadores e organizadores da Semana de Arte Moderna, realizada no Teatro Municipal de São Paulo em fevereiro de 1922. Viveu em Paris entre 1923 e 1925, onde trabalhou como correspondente do jornal carioca Correio da Manhã. No ambiente parisiense pôde enriquecer sua vivência artística ao conhecer inúmeros artistas e intelectuais e observar suas obras; na Itália conheceu as obras dos mestres renascentistas. De volta ao Brasil, influenciado pela experiência europeia e pela arte dos muralistas mexicanos, amadureceu sua linguagem plástica, caracterizada pelo uso de cores quentes e luminosas, corpos volumosos e monumentais, formas simples e estilizadas, lirismo, sensualidade e temática social e brasileira.

Em 1928, o artista filiou-se ao Partido Comunista e o viés político e ideológico intensificou-se em sua obra particularmente na década de 1930. Em 1932 fundou o Clube dos Artistas Modernos (CAM) com Flávio de Carvalho, Antonio Gomide e Carlos Prado, uma associação de artistas na cidade de São Paulo que visava estimular e difundir a arte moderna, arrecadar recursos financeiros, expandir o público interessado e unir arte e política em busca de mudanças sociais.

No período pós-Segunda Guerra, estabeleceu-se no cenário artístico o embate entre figuração e abstração. Em 1948, a conferência “Os Mitos do Modernismo” foi proferida por Di Cavalcanti no Museu de Arte de São Paulo e posteriormente publicada no periódico Fundamentos, com o título “Realismo e Abstracionismo”. No artigo, o autor rejeitava a arte abstrata, fruto da imaginação alimentada nos desvãos do mundo. Defendia a participação do artista na vida social do povo, bem como a arte realista, que não é mera cópia do real e vazia do poder inventivo e interpretativo do artista.

Di Cavalcanti faleceu no Rio de Janeiro em 26 de outubro de 1976.

A foto “Baile de Carnaval” foi registrada em 1922 na casa de Raul Pederneiras em Santa Teresa, no Rio de Janeiro. Segundo anotação manuscrita no verso da foto, no primeiro plano estão sentados os músicos do samba. Em pé, a partir da esquerda, estão Cláudio Manuel da Costa, Di Cavalcanti, K.Lixto, Marques Pinheiro, Luís Peixoto, José, Amaro, uma "deusa"e Hélios Seelinger. No centro da foto, sentado entre duas “deusas” está Raul Pederneiras.

(Seção de Iconografia)


Um baile 'assustado' de Carnaval em 1922. Arquivo Brício de Abreu.


Detalhe: Di Cavalcanti