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Arte | Isto não é um cachimbo – o surrealismo de René Magritte

25 nov 2020


e marcado com as tags Magritte, René Magritte, Secult

O que a capa de um disco de Paul McCartney, uma propaganda de vodka, Andy Warhol e a pop art, o cartaz do filme O Exorcista e a maçã verde símbolo da Apple, gravadora dos Beatles têm em comum? Todas foram inspiradas pela obra de René Magritte, um dos principais representantes do surrealismo, e um grande influenciador da arte e cultura pop do século XX até hoje.

Pintor, desenhista, ilustrador e escultor belga, Rene François Ghislain Magritte nasceu em 21 de novembro de 1898, na cidade de Lassines. Começou a estudar pintura aos 12 anos, estimulado por seu pai, e aos 18 foi admitido na Academia Real de Belas Artes de Bruxelas, que frequentou por 2 anos. Em 1922, começou a trabalhar como desenhista de uma fábrica de papel de parede e, um ano depois, passou a se dedicar à criação e ilustração de cartazes publicitários. Magritte trabalhou com cartazes e anúncios até bem depois de ter se tornado conhecido como artista e pintor, tendo fundado a agência Dongo com seu irmão Paul, em 1930.

Em 1927, Magritte se mudou para Paris com sua mulher Georgette, que conhecia desde a adolescência. Os dois se casaram em 1922 e Georgette seria sua modelo e mulher por toda vida. O pintor viveu dois anos na capital francesa e lá frequentou os meios surrealistas, conheceu e ficou amigo de André Breton, Paul Éluard e Marcel Duchamp. Porém, sua grande influência no surrealismo não seria da “escola francesa”, à qual muitas vezes se opunha, mas de Giorgio De Chirico.
As obras de René Magritte se caracterizam pelo uso de objetos realistas, porém em composições inesperadas e fantásticas, fora do usual, desafiando o observador a questionar os pontos de vista marcados pela rotina. Objetos de aparência física familiar aparecem reconfigurados e adulterados por outros fatores como a gravidade, escala, relações de dentro e fora. Em suas palavras: “Não justaponho elementos estranhos para chocar. Apenas dou forma à minha concepção de mistério, que vem a ser a união de tudo e de nada que conhecemos”. Suas pinturas muitas vezes jogam com a lacuna entre o objeto e sua representação, como por exemplo em uma de suas obras mais famosas, “La Trahison des Images”, de 1929, onde sob a imagem de um cachimbo aparece o texto: “Isto não é um cachimbo”.

Alguns críticos dizem que ele pintava enigmas visuais. Seus quadros desafiavam o público questionando a própria natureza da pintura e a ação do pintor sobre a imagem. Ao longo de sua carreira, o pintor acumulou um inventário de objetos cotidianos que se tornaram icônicos em suas obras, numa variedade de combinações e usos, como a maçã (que inspirou o selo Apple Records) e o chapéu-coco. Sua obra influenciou fortemente Andy Warhol e outros artistas pop, que adotaram seus conceitos e os tornaram acessíveis a um novo público, trazendo ao artista um reconhecimento internacional tardio que continua influenciando a cultura pop até os dias atuais.

Em 1965 foi realizada uma grande retrospectiva do seu trabalho no Museu de Arte Moderna de Nova Iorque, um reconhecimento da sua importância à época. Em 1995, foi a vez do Metropolitan Museum of Art e da Hayward Gallery, em Londres.

René Magritte morreu em Bruxelas, em agosto de 1967.

Explore os documentos:

100 anos de Magritte (revista Manchete, 1998)

O surrealismo (Suplemento Literário, 1980)

50 anos de surrealismo (revista Manchete, 1972)


“Isto não é um cachimbo – o surrealismo de René Magritte”