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Azul - Pela arte

05 nov 2015

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A revista de literatura e variedades Azul foi lançada em Curitiba (PR) em 4 de março de 1900, sob a direção de Thiago Peixoto. Com redação localizada na antiga Praça da República (hoje Praça Rui Barbosa), composta por J. de Santa Ritta Júnior, Evaristo Pernetta, Nicolau dos Santos, Adolpho Werneck, Euclides Bandeira e o próprio Peixoto, dedicava-se à poesia simbolista. Era impresso inicialmente pela tipografia de um jornal da comunidade alemã de Curitiba, Der Beobachter, e depois pela Impressora Paranaense.

Em suas oito páginas por edição, além da poesia, Azul vinha com prosa, editoriais, ensaios, perfis e homenagens. Além de trabalhos dos redatores, alguns dos autores publicados foram Ricardo de Lemos, Dario Vellozo, Nestor de Castro, Generoso Borges, Júlio Pernetta, Nestor Victor, Romário Martins, Leite Júnior, Alfredo Coelho, Hyppolito Pereira, Ismael Martins, Maia da Gama, Júlia Lopes de Almeida, Cruz e Souza, Emílio de Menezes, Aristides França, Virgolino Brazil, Luiz Souto, Pereira da Silva, Silveira Netto, Raymundo Nonnato Barreto, entre outros. A partir de seu número 7, de 27 de maio de 1900, a revista passou a publicar mais imagens (até então trazia apenas alguns clichês ornamentais no cabeçalho das edições), em geral fotogravuras e ilustrações de poetas simbolistas locais.

Segundo Cassiana Lacerda Carollo, no verbete “Revistas simbolistas” presente em “Simbolismo: características, grupos, evolução”, no "Dicionário Histórico-Biográfico do Estado do Paraná", a revista era impressa na cor evocada em seu título:

A impressão em cor azul acentua o caráter simbólico dos arabescos e da ornamentação miniaturizada, imprimindo-lhe grande leveza e acentuando o clima evocado pelo nome da revista: Azul, pela arte. (...) As homenagens a Nestor Victor, Silveira Neto, Domingos Nascimento, Leôncio Correia e Eça de Queirós serão acompanhadas pela reprodução de desenhos de Augusto Stresser. A contar pelo nome de seus fundadores, poder-se-ia prever que Azul daria continuidade à linha da revista O Sapo, no entanto, pela escolha dos homenageados e, principalmente pela tendência predominante dos textos, constata-se que se trata de revista caracterizada pela constância temática de caráter medievalizante, explorando a postura da torre de marfim, do misticismo, e recorrendo aos motivos de Ofélia (noiva morta) e do lírio (...). Outros aspectos de destaque são a participação dos mineiros Carlos e Alfredo Sarandy Raposo, o intercâmbio com autores do Rio de Janeiro ou lá radicados, a ênfase dada ao significado da poesia de Antonio Nobre e João Barreira.


Azul teve periodicidade aproximadamente quinzenal – em poucas ocasiões circulou com intervalo de quase um mês. Suas assinaturas custavam 2 mil réis por trimestre. É provável que sua 17ª edição, de 29 de outubro de 1900, tenha sido a derradeira.

Fontes:

- Acervo: edições do nº 1, de 4 de março de 1900, ao nº 17, de 29 de outubro de 1900.

- CAROLLO, Cassiana Lacerda. Simbolismo: características, grupos, evolução. Dicionário Histórico-Biográfico do Estado do Paraná. Curitiba: Livraria Editora do Chain e Banco do Estado do Paraná S/A, 1991.