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Boletim do Museu Paraense de História Natural e Etnografia

08 set 2014

Artigo arquivado em Hemeroteca

O Museu Paraense – nome original da instituição – representa um marco na história das ciências naturais no país. Fundado em 1866, ele aparece num período de florescimento das atividades científicas no Brasil, quando se criaram institutos e comissões científicas em várias províncias do Império. Vão surgir também, nessa época, os primeiros periódicos nacionais voltados para a divulgação científica.

As ações do museu foram incipientes nos seus primeiros anos. Ao assumir a direção da casa, em 1894, o naturalista e zoólogo suíço-alemão Emílio Goeldi (1859-1917) promove grande reforma que vai transformá-la numa instituição moderna e dinâmica, administrada conforme padrões europeus. Nesse processo de revitalização, elabora-se um regimento interno, que não existia, e o museu ganha um novo nome: Museu Paraense de História Natural e Etnografia.

Dotado agora de uma nova estrutura que favorece a pesquisa e as atividades museológicas, cedo se percebe a necessidade de divulgar os trabalhos realizados pela equipe de cientistas que passa a atuar dentro do museu. Em setembro de 1894, publica-se o primeiro número do Boletim do Museu Paraense de História Natural e Etnografia, que foi o principal veículo de divulgação da casa até 1900, quando vêm à luz as Memórias do Museu Paraense de História Natural e Etnografia.

Já no seu primeiro número, o boletim antevê o tipo de material destinado à publicação: relatórios administrativos, textos memorialísticos, um relato de viagem e dois estudos taxonômicos de Goeldi, elaborados com dados e coleções recolhidos no Rio de Janeiro. O primeiro é o complemento de outro estudo sobre fauna de aranhas brasileiras, publicado em 1892. O segundo é um relatório dos intercâmbios do autor com especialistas em classificação de vermes, a partir dos quais foram identificadas novas espécies ou registrada a ocorrência no Brasil de animais pouco conhecidos.

O primeiro número do Boletim divulga também, entre outros textos, a carta circular com a estrutura básica do museu e as áreas científicas que Goeldi considerava prioritárias, em especial a zoologia e a botânica. Seguem-se uma compilação dos estudos do museu, dados bibliográficos e traduções comentadas de textos sobre a fauna amazônica, entre estes “Os Símios da Amazônia” (de Alfred Russel Wallace), “Os hóspedes das formigas e dos térmites no Brasil” (do jesuíta tirolês Erich Wasmann) e “A fauna do Pará” (de Fr. Dahl).

Publicado em Belém, o Boletim do Museu Paraense de História Natural e Etnografia era impresso na Tipographia de Alfredo Silva & Cª. A Fundação Biblioteca Nacional dispõe de 21 edições desta publicação, publicadas de 1894 a 1956. Variando de 64 a 543 páginas, estão todas disponíveis nesta Hemeroteca Digital.