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Coleções da Seção de Manuscritos | Abrahão Koogan

16 jun 2023

Artigo arquivado em Coleções da Seção de Manuscritos
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Apesar de suas pequenas dimensões, a Coleção Abrahão Koogan tem muita relevância nos campos da Literatura e da indústria editorial brasileira.

Seu titular nasceu em 1912 em Mohyliv-Podilskyi, cidade então pertencente à Bessarábia, no território da atual Ucrânia. Em 1920 acompanhou a família, que emigrava para o Brasil. Aqui estudou e, já em 1932, foi um dos fundadores da Editora Guanabara, especializada em publicações voltadas para a saúde. Koogan foi o primeiro a publicar as obras de Sigmund Freud no Brasil, e foi também editor de Stefan Zweig, a quem encontrou nas duas ocasiões em que esteve no país. O escritor austríaco, que se suicidou em 1942 juntamente com a esposa, nutria grande amizade por Koogan, a quem nomeou seu testamenteiro e legou seus documentos pessoais.

Em 1952, Abrahão Koogan fundou a Editora Delta, pela qual seriam lançadas as conhecidas enciclopédias Metódica Delta e Delta-Larousse, esta organizada por Antônio Houaiss. Em meados dos anos 1960 contratou o pesquisador Aurélio Buarque de Holanda Ferreira, já então membro da Academia Brasileira de Letras e com vasta experiência em dicionários e vocabulários, para produzir um dicionário da Língua Portuguesa, que sairia em fascículos. A ideia era partir de obras anteriores, como o Dicionário Caldas Aulete, também publicado por Koogan, e incluir atualizações, para o que foram contratados duas filólogas e vários colaboradores. Aurélio, porém, era perfeccionista e nada metódico, e seu esforço para – segundo ele próprio -- “capturar as palavras como borboletas” resultou em prazos estourados e na rescisão do contrato por parte de Abrahão Koogan. Anos depois, em 1975, seria sua gráfica, a Primor, que iria imprimir o famoso Dicionário de Aurélio, finalmente publicado pela Editora Nova Fronteira.

Por mais três décadas, Abrahão Koogan continuou a atuar no campo editorial, trabalhando com diferentes selos. Aliou-se novamente a Antônio Houaiss, a quem, segundo Carlos Heitor Cony, era estreitamente ligado, e produziram novas obras de referência, em especial a Enciclopédia e Dicionário Ilustrado Koogan/Houaiss, já na década de 1990. O editor faleceu em 2000, oito anos após ter doado à Biblioteca Nacional o acervo legado por Stefan Zweig, que hoje está catalogado como Coleção Abrahão Koogan e se encontra sob a guarda da Seção de Manuscritos. Com 415 registros, a coleção reúne anotações literárias, poemas, textos, documentos editoriais, correspondência e documentos pessoais, além de fotografias de Zweig e de lugares que visitou.



Carta de Stefan Zweig a Abrahão Koogan, 1941.