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Coleções da Seção de Manuscritos | Alfredo do Vale Cabral

02 mar 2023

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A Coleção Alfredo do Vale Cabral da Seção de Manuscritos tem apenas 28 registros, mas seu titular foi um dos mais destacados funcionários do setor, além de pesquisador atuante em vários campos do conhecimento.

Vale Cabral (Salvador, BA, 1851 – Rio de Janeiro, 1894) chegou adolescente ao Rio de Janeiro e, a partir de 1873, trabalhou na então Biblioteca Imperial e Pública, que ficava na Rua do Passeio. Seu diretor, Benjamin Franklin Ramiz Galvão, buscava reestruturar vários setores e práticas da instituição, e Vale Cabral foi incumbido de organizar o acervo da Seção de Manuscritos e elaborar um catálogo. Após cinco anos de pesquisas, a obra saiu nos volumes 4 e 5 dos Anais da Biblioteca Nacional. Na introdução ao primeiro volume, informa-se que os documentos foram divididos em “Códices Relativos ao Brasil” e “Códices Estranhos ao Brasil”, o que, na prática, deu origem a muitas das coleções artificiais – ou seja, com documentos de várias proveniências --, baseadas principalmente em Geografia, que ainda hoje existem na Seção de Manuscritos.

Em 1876, Vale Cabral, que até então ocupava a posição de adido, foi nomeado oficial, e em 1882 passou a chefe da Seção de Manuscritos. Idealizou e participou de vários projetos envolvendo a descrição e disponibilização do acervo, como a publicação de fontes históricas primárias, levada a cabo com a participação de João Capistrano de Abreu. Também colaborou na Exposição de História do Brasil (1882) e publicou, naquele mesmo ano, o “Guia do Viajante do Rio de Janeiro”, com observações detalhadas sobre a cidade e seus habitantes. Escreveu ainda vários trabalhos sobre folclore, tema pelo qual nutria grande interesse. Entre essas publicações destaca-se “Achegas ao Folclore Brasileiro” (1883-1884).

Alfredo do Vale Cabral foi também editor da “Gazeta Literária”, projeto compartilhado com o colega de Biblioteca Nacional Joaquim Teixeira de Melo. Tratava-se de um periódico quinzenal, dedicado à Literatura e à Ciência, que contou com colaboradores como Machado de Assis e Raul Pompeia. A revista começou a ser publicada em 1883, mas foi interrompida no ano seguinte. Vale Cabral continuou a desempenhar suas atividades até 1890, quando se afastou por questões de saúde. Faleceu com apenas 43 anos de idade, tendo deixado uma grande contribuição para pesquisadores em geral, especialmente nos campos do folclore, da bibliografia e da historiografia brasileira.

A Coleção Vale Cabral na Seção de Manuscritos é composta por anotações, levantamentos bibliográficos, relações de documentos, estudos sobre a história da Bahia. O titular também fez doação de livros, atlas e periódicos, entre outros itens, à Biblioteca Nacional.

Parte da coleção pertencente à Seção de Manuscritos está digitalizada. Entre os documentos, destacamos uma lista de publicações anônimas, elaborada por Vale Cabral, que se encontra disponível para consulta na BN Digital através do link:

http://objdigital.bn.br/acervo_digital/div_manuscritos/mss1298803/mss1298803.pdf