BNDigital

Coleções da Seção de Manuscritos | De Angelis

17 mar 2023

Artigo arquivado em Coleções da Seção de Manuscritos
e marcado com as tags Coleções, De Angelis, História Da América Latina, História do Brasil, Manuscritos, Missões e Jesuítas

A Coleção De Angelis é uma das mais relevantes da Biblioteca Nacional no que se refere à história da América do Sul. Seu titular é o bibliófilo italiano Pedro De Angelis (Nápoles, 1784 – Buenos Aires, 1859), que lutou nas guerras napoleônicas, foi professor e diplomata antes de se radicar na Argentina a convite de Bernardino Rivadavia, ministro plenipotenciário das Províncias Unidas do Rio da Prata, que desejava tornar Buenos Aires um polo de cultura e cosmopolitismo.

Ao chegar lá, em 1827, Pedro De Angelis se naturalizou como cidadão argentino, assumiu a Imprensa do Estado ao lado de José Joaquín Mora e fundou o jornal “Crônica Política e Literária de Buenos Aires”.  Este foi fechado com a queda de Rivadavia, e De Angelis criou o periódico “El Lucero”, onde publicava críticas literárias e crônicas da campanha de Juan Manuel Rosas. Ao mesmo tempo, organizava um arquivo de documentos sobre a história, a geografia e os povos originários da Argentina, que acabou por se tornar um dos mais importantes repositórios de informação da época. Dirigiu o Arquivo Geral da Nação, escreveu biografias e acabou sendo contratado por Rosas para difundir alguns de seus projetos.

Em 1836, De Angelis iniciou sua “Colleción de Obras y Documentos Relativos a la Historia Antigua y Moderna de las Provincias del Rio de la Plata”, que, com sete volumes, viria a se constituir numa obra-chave para o estudo da Argentina no período colonial. A queda de Rosas, em 1852, levou De Angelis a deixar o país e vir para o Brasil, onde obteve muito reconhecimento por seu trabalho de pesquisa e se tornou membro do IHGB. Em 1855 retornou à Argentina, onde ainda publicou obras importantes sobre a história, a geografia e a economia do país. Pelo conjunto e pioneirismo de sua obra, Pedro De Angelis é considerado o patriarca da historiografia argentina.

A Coleção De Angelis da Biblioteca Nacional foi adquirida do próprio titular, em 1853, e deu entrada no ano seguinte, via Ministério do Império. Foi dividida entre as Seções de Cartografia, Obras Raras e Manuscritos, sendo a última responsável pela guarda da maior parte dos documentos. Segundo o Guia de Coleções, são 1.356 registros, abrangendo o período compreendido entre 1537 e 1849. O acervo se constitui em uma fonte preciosa para o estudo de questões ligadas a fronteiras, missões jesuíticas e temas correlatos, referentes ao Brasil e a outros países da América Latina no período colonial.

A coleção está parcialmente microfilmada e parcialmente digitalizada. Inclui manuscritos, códices, plantas, mapas. Os manuscritos foram organizados pelo historiador Jaime Cortesão entre as décadas de 1950 e 1960. O catálogo em 7 volumes pode ser consultado na BN Digital.

Dentre os documentos digitalizados, destacamos um traslado da licença concedida em 1703 pelo vice-rei do Peru, Melchor Portocarrero Lasso de la Vega, para que se imprimissem livros religiosos em guarani, a serem utilizados nas missões da província de Tucumán, atendendo ao pedido do padre Hernando de Aguilar, procurador geral da Companhia de Jesus. O documento pode ser consultado na BN Digital através do link

http://objdigital.bn.br/objdigital2/acervo_digital/div_manuscritos/mss1390555/mss1390555.pdf