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Cultura afro-brasileira | Capoeira

02 ago 2020

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A capoeira tem sua raiz junto aos negros escravizados no Brasil e remonta um período em que os escravizados mantinham suas práticas culturais às escondidas. A origem do nome capoeira está associada a mata, a parte mais rala,onde era aberto um espaço para o plantio indígena. Escravizados fugitivos de seus senhores entravam pelas matas, pela capoeira,para se esconderem dos capitães do mato, bem como, entravam no espaço para recreação e prática de luta.

Os africanos e seus descentes na colônia brasileira eram de regiões diferentes e estavam submetidos a um espaço com outros hábitos, língua e religião. Na tentativa de manter um hábito, de defesa pessoal e de sociabilização, os escravizados lutavam entre a mata e introduziam cânticos e ginga a atividade. Alguns escravizados conseguiam fugir e uniam-se em grupo, em locais de difícil acesso, nos quilombos a capoeira era expressão cultural e de resistência. Desta forma, entende-se que a capoeira é um conjunto de diferentes danças e rituais africanos desenvolvidos no Brasil.

Fato relevante na trajetória da capoeira ocorreu no final do século XIX, onde a prática foi proibida pelo decreto 847 de 11 de outubro de 1890. No decreto, artigo 402 que tratava dos “Vadios e Capoeira” ficara proibido: “Fazer nas ruas e praças públicas exercícios de agilidade e destreza corporal conhecidos pela denominação capoeiragem ...”. A criminalização da capoeira, no início da república brasileira, coincidiu com um momento em que a população negra já estava à margem da sociedade, pouco tempo após a assinatura da Lei Áurea. Até 1937, quando a proibição da capoeira foi revogada, os capoeiristas faziam, novamente, rodas às escondidas. Na Bahia, ainda em 1937, Mestre Bimba recebeu o primeiro alvará de funcionamento de uma academia de capoeira.

Com diferentes gingas e características nas rodas, capoeira Angola ou capoeira regional, ao som do berimbau, atabaques, canções e espectadores, a capoeira é expressão da cultura brasileira, da dança e da luta. Face a importância da atividade, em 2008, a roda de capoeira foi registrado no Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional e em 2014 a roda também foi reconhecida como Patrimônio Cultual Imaterial da Humanidade pela Unesco. Em várias regiões do Brasil a capoeira continua sendo reduto de encontro e pertencimento da população negra.

A fotografia em destaque, “Em plena capoeira”, é custodiada pela Seção de Iconografia e pertence ao álbum: [O negro brasileiro nas primeiras décadas do século XX: cultura e aspectos sociais]. O álbum pertencente à coleção Arthur Ramos e tem produção provável, do início do século XX, até a década de 30 e registra imagens do cotidiano de negros.

Acesse a fotografia:


Consulte o álbum:
http://objdigital.bn.br/objdigital2/acervo_digital/div_iconografia/icon299056/icon299056.pdf