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Der Hansabote

09 nov 2015

Artigo arquivado em Hemeroteca
e marcado com as tags Agricultura, Alemães no Brasil, Comércio, Economia, Imprensa imigrante, Poesia, Questões agrárias, Questões morais, Questões trabalhistas, Religião, Santa Catarina

Der Hansabote foi um tabloide mensal lançado em outubro de 1904 na zona colonial alemã chamada Hansa-Hammonia, em Santa Catarina, onde hoje se situa a cidade de Ibirama. Instituída em 1897, com os primeiros colonos chegando a partir de 1899, a colônia fazia parte de um distrito subordinado ao município de Blumenau, logo, no cabeçalho do jornal, constava que o mesmo era de “Hansa-Hammonia, Blumenau, Santa Catarina, Brasil”. Editado totalmente em alemão, Der Hansabote era destinado aos colonos das cercanias, abrangendo o público de outras localidades posteriormente desmembradas de Blumenau. Embora irregular, sua circulação se deu até 1913.

O pastor, filósofo e teólogo Paul Aldinger, conhecido como responsável pela instalação de uma escola para formação de professores e de formação agrícola em sua propriedade, a “Palmenhof” (“Quinta das Palmeiras”), e depois pela fundação da primeira Escola Particular Alemã de Hammonia, foi o fundador e primeiro proprietário de Der Hansabote. Dirigido pelo mesmo, que assinava “Dr. Aldinger Palmenhof”, o jornal era impresso inicialmente na tipografia de G. Arthur Koehler, em Blumenau.

Aldinger transparecia suas principais convicções em Der Hansabote, explorando temas que o mesmo considerava fundamentais para os rumos da colônia: assuntos agrícolas, questões educacionais locais, finanças e economia coloniais, a importância do trabalho e da oração em conjunto (ver edição nº 11, do ano 1, de 5 de agosto de 1905), associações de moradores, serviços básicos e infraestrutura na colônia, a criação da Associação Hospitalar de Hammonia (ver edição de 19 de agosto de 1911), correspondência entre imigrantes e alemães em sua terra natal, questões variadas quanto ao processo de colonização em solo brasileiro, relações entre o Brasil e a Alemanha, assuntos gerais ligados ao cotidiano colonial e à realidade enfrentada por colonos alemães no Brasil, questões indígenas da região e seus problemas para a colonização (ver artigo assinado por Paul Altinger no nº 7 do ano 8, de 20 de abril de 1912), política regional (ver considerações sobre Lauro Müeller no nº 6 do ano 3, de 2 de maio de 1907), notícias e variedades sobre outras colônias além de Hammonia (ver a de Anitápolis no nº 10 do ano 7, de 22 de julho de 1911), particularidades e informações gerais sobre cidades e localidades da região, etc. Textos de outras publicações, tabelas e balancetes periódicos das finanças e da produção geral da colônia, artigos de respeitados colonos alemães catarinenses, poemas, anúncios e obituários eram veiculados com frequência na folha.

Contendo de quatro a seis páginas, Der Hansabote era lançado sem dia fixo, tendo aparecido tanto na primeira quanto na segunda quinzena de cada mês, entre os dias 2 e 30: algumas de suas edições traziam a marca “Zwangloses Erscheinen”, ou seja, “Aparece ocasionalmente”. De qualquer forma, as edições do tabloide sempre eram lançadas aos sábados, com o preço de capa de 100 réis e assinaturas semestrais e anuais, respectivamente, custando $500 e 1$000. Trazendo só textos em três colunas por página, quase sem imagens (à exceção de uma imagem cristã no nº 9 do ano 3, de 1º de junho de 1907), o jornal circulava totalmente com letras góticas, conforme a tradição da imprensa germânica. A cada mês de outubro, as edições eram renumeradas a partir do nº 1.

Raramente alguns textos em português apareciam em Der Hansabote – ainda assim, quando publicados, eram traduzidos para o alemão. Um desses textos, na edição nº 2 do ano 2, de 4 de novembro de 1905, trazia um edital do fiscal do distrito de Hammonia, Otto Wehmuth, com determinações gerais sobre a limpeza de caminhos, valas e picadas. Edições posteriores ainda vinham com alguns versos de poetas brasileiros locais – como “A Filha da Albergueira”, poema de Francisco Otaviano publicado no nº 6 do ano 3, de 2 de maio de 1907.

A partir da edição nº 12 do ano 5, de 4 de setembro de 1909, Der Hansabote passou a ter Theodor Reistenbach como seu redator/diretor. Paul Altinger continuou a figurar no jornal, no entanto, como colaborador, assinando artigos. Todavia, tempos depois, a partir da edição nº 8 do ano 7, de 13 de maio de 1911, o nome de Reistenbach desapareceu do cabeçalho do tabloide, figurando, em seu lugar, o subtítulo “Monatsblatt für die Landwirte Santa Catharinas”, algo como “Revista mensal para os agricultores de Santa Catarina”.

A partir do nº 10 do ano 8, de julho de 1912, Der Hansabote deixou de ser impresso por G. Arthur Koehler para sair pela tipografia Hömke Irmãos, também localizada em Blumenau. Na ocasião, a qualidade da impressão melhorou, o cabeçalho do jornal passou a possuir a marca “Anzeigen nach Übereinkunft” e os dias de publicação de cada edição foram suspensos, figurando ali apenas o mês e o ano de cada número. No entanto, tardaria pouco mais de um ano para que a folha colonial deixasse de existir; de acordo com Harry Wiese, no artigo “Considerações sobre a saúde e a história dos hospitais de Ibirama”, Der Hansabote encerrou sua publicação no nº 12 do ano 9, de setembro de 1913.

Fontes:

- Acervo: edições do nº 2, ano 1, de 12 de novembro de 1904, ao nº 12, ano 9, de setembro de 1913.

- Arquivo Histórico de Joinville. Die Kolonie Harmonia Zu Ihrem 25 Jährigen Bestehen. Disponível em: http://www.arquivohistoricojoinville.com.br/ListaImigrantes/lista/117.htm. Acesso em: 10 ago. 2015.

- WIESE, Harry. Considerações sobre a saúde e a história dos hospitais de Ibirama. In http://www.harrywiese.pro.br/binario/18/Artigo_Consideracoes_sobre_a_saude_e_a_historia.pdf

- WIESE, Harry. Pastor Dr. Paul Aldinger: vida e obra. In Blumenau em Cadernos, julho/agosto 2004. Disponível em: http://www.harrywiese.pro.br/binario/20/Artigo_Pastor_Dr_Aldinger_Atualizado.pdf Acesso em: 10 ago. 2015.