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História do Brasil | Antônio Conselheiro, líder religioso

22 set 2020

Artigo arquivado em História do Brasil
e marcado com as tags Antônio Conselheiro, Biblioteca Nacional, Canudos, Grover Chapman

A cidade, ao fundo, destruída em chamas. Homens empunhando cruzes, mulheres e crianças em volta do corpo de Antônio Conselheiro, o líder religioso de Canudos. A imagem revela uma cena ao mesmo tempo trágica e singela, que podemos ver no desenho dos rostos quase infantis da gravura de Grover Chapman (1924-2000). A obra faz parte de um conjunto de gravuras feitas para ilustrar o livro “O Episódio de Canudos” com textos de “Os Sertões” de Euclides da Cunha selecionados por Luiz Viana. As gravuras originais fazem parte do acervo da seção de Iconografia.

Antônio Conselheiro (1830-1897) fundou em 1893 uma comunidade que ele batizou de Belo Monte, no vilarejo de Canudos. A comunidade religiosa do povo pobre do sertão logo começou a incomodar os poderosos da região. Era uma comunidade construída como alternativa aos poderes dos Barões e da Igreja. Não obedeciam as regras da Igreja tampouco as da República, a pouco instalada no país. Não aceitavam pagar os impostos, não utilizavam a moeda corrente, a produção da comunidade era distribuída entre os habitantes segundo a sua necessidade. Eram contra o regime republicano e chegaram a ser acusados de participarem de uma conspiração para a reinstalação da Monarquia, o que serviu para fortalecer a opinião pública em torno da repressão à comunidade de Canudos. A imagem criada pela imprensa da época sobre Antônio Conselheiro e sua comunidade como o profeta insano e seus jagunços fanáticos legitimaram as ações do Estado contra eles. Anos mais tarde Euclides da Cunha, em 1902, com a publicação de “Os Sertões” revê este trágico episódio da nossa história e descreve com brilhantismo o massacre da comunidade de Canudos.

(Seção de Iconografia)


Chapman, Grover. "A morte de Antonio Conselheiro". [S.l.: s.n.], 1977. 1 grav. água-forte p&b, 34,3 x 48,8.