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Imprensa | O polêmico David Nasser

13 dez 2021

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David Nasser foi considerado um dos mais polêmicos jornalistas brasileiros. Assis Chateaubriand, magnata das comunicações dos Diários Associados, o chamava de “turco louco”. Iniciou sua carreira jornalística aos 16 anos em O Jornal, periódico da cadeia dos Diários Associados. Em 1936 passou a repórter do O Globo onde se posicionava contra o nazismo, o integralismo e o Estado Novo.

Na época em que trabalhou no jornal O Globo iniciou sua carreira também como compositor. O jornal ficava perto do Café Nice, reduto de compositores e músicos e ponto de encontro da vida boêmia. Teve a canção “Candieiro” gravada por Carmem Miranda em 1939. Com Donga compôs a embolada “Na barra da sua saia”, sucesso em 1940. No gênero “samba exaltação”, emplacou com “Canta Brasil”, gravado por Francisco Alves, mas seu maior sucesso foi a batucada “Nega do cabelo Duro”.

O auge da sua carreira jornalística foi na revista “O Cruzeiro”. Na década de 1940 a revista passou por uma reforma editorial tornando-se uma referência na fotorreportagem. Com Jean Manzon, fotografo francês que veio para o Brasil em 1940 e trabalhou no Departamento de Imprensa e Propaganda, formou uma dupla que publicava fotorreportagens de muito sucesso, ainda que nem sempre verídicas. A reportagem sobre a visita da dupla a uma aldeia Xavante foi uma delas, onde os índios teriam sido fotografados pela primeira vez. A verdade é que eles nunca foram até lá e o material fotográfico teria sido retirado de um filme do Departamento de Imprensa e Propaganda, onde Jean Manzon havia trabalhado.

David Nasser tornou-se um dos diretores de O Cruzeiro e foi muito popular com suas crônicas no programa “Diário de um repórter“, lidas por Alberto Curi na TV Tupi, que foi ao ar de 1962 a 1970. Trabalhou no final da década de 1960 e 1970 também na revista Manchete. Nesta época aderiu ao golpe militar estreitou relações com os militares, elegeu como inimigo Leonel Brizola e defendeu os esquadrões da morte de policiais.

(Seção de Iconografia)

Manchete, 27 de dezembro de 1980.