BNDigital

Jornal do Recife

29 out 2015

Artigo arquivado em Hemeroteca
e marcado com as tags Abolicionismo, Agricultura, Aliança Liberal, Censura e repressão, Ciências naturais, Comércio, Economia, Getúlio Vargas, Guerra do Paraguai, Joaquim Nabuco, Liberalismo, Literatura, Maçonaria, Partido Democrata de Pernambuco, Pernambuco, Primeira Guerra Mundial, República Velha, Revolução de 1930, Saldanha Marinho, Segundo Reinado

O Jornal do Recife foi inicialmente, de acordo com seu próprio subtítulo, uma "Revista semanal" de "Sciencias – Lettras – Artes". Lançado no Recife (PE) em 1º de janeiro de 1859, seu fundador, primeiro proprietário e diretor-redator foi José de Vasconcellos, que o lançou em substituição ao então recentemente fechado Jornal do Domingo. Sua sede funcionava na Livraria Acadêmica, no nº 21 da Rua do Collegio (passando a partir da edição de 1º de janeiro de 1860 ao nº 79 da Rua do Imperador). No primeiro editorial do periódico, o editor expunha que suas intenções eram "Instruir sem pedantismo, deleitar sem mau gosto e moralisar sem aborrecimento". A seguir, apresentava melhor o programa do Jornal do Recife:

Uma minuciosa e variada escolha de materias será o pasto e o condimento que offereceremos todas as semanas aos nossos subscriptores. O romance verdadeiramente moral, o conto honesto, a poesia bem escripta, o dito espirituoso, a charada aguda, e uma serie variada de curiosidades litterarias, artisticas ou commerciaes, occuparão com preferencia as columnas deste periodico. Vulgarisar por meio de esboços biographicos os feitos notaveis e as virtudes eminentes dos nossos compatriotas illustres, quer os de épocha passada, quer os contemporaneos, é o encargo de uma das mais habeis pennas que escreverão para este jornal. Trazer os nossos leitores a par de todo o movimento social, quer no mundo da politica, quer no da sciencia, quer no da industria, será sempre o nosso primeiro cuidado.


Fazendo jus ao programa de seu editorial, inicialmente, o Jornal do Recife dividia o seu conteúdo nas seções "O que vai pelo mundo", com curiosidades internacionais variadas, normalmente políticas; "O que se passa em casa", um noticiário geral local; "Galeria do Jornal do Recife", onde se destacavam "contemporaneos illustres", a começar pelo Visconde de Maranguape; "Columnas electricas", com a crônica semanal assinada pelo pseudônimo "Agrippa" (de Aprígio Guimarães); "Variedades", com notas sobre ciências, sociedade, política, economia e etc.; "Maximas e pensamentos", com aforismos; o "Almanak", um calendário com dias de santos e datas especiais; as colunas regulares de romances e poesias e as colunas de charadas, enigmas e jogos de salão. Alguns nomes destas seções seriam modificados no decorrer da vida do periódico. Além disso, outros temas vinham sendo discutidos em secções esporádicas, como "Astronomia", "Acceio domestico", "Bazar", "Cartas de Figaro", "Cinco minutos", "Comédias", "Discursos", "Estudos de Litteratura Brasileira", "Estatística", "Economia domestica", "Geographia", "Jurisprudencia", "Locubrações da meia noite" (assinadas por Antônio Rangel de Torres Bandeira), "Maravilhas do genio do homem", "Medicina domestica", "Mosaicos", "Metagrammas", "Necrologias célebres", "Observações meteorológicas da semana", "Religião", "Viagens", "Agricultura", "Festas da semana", "Estudos críticos", "Estudos moraes", "Estudos politicos", "Estudo de costumes", "Album", "Correio urbano", "Theatro lyrico", "Estatistica homicida", "Historia natural", "Bibliographia", "Botânica", "Columna ligeira", "Linguistica", "Receitas uteis", etc. Algumas destas eram grandes séries de artigos sobre temas específicos, como as "Prelecções de Economia Política", lançadas a partir de 14 de maio de 1859, assinadas por Dr. Autran. Cada edição saía então com oito páginas de 29 x 21cm.

Nesses primeiros tempos, a impressão da revista era feita na Typographia Academica, algo que, posteriormente, mudaria para a Typographia União a partir da edição nº 32, de 6 de agosto de 1859, e a partir do nº 92, de 29 de setembro de 1860, para a Typographia do Jornal do Recife, sendo esta última própria do periódico. Em seu lançamento, o Jornal do Recife podia ser assinado mensalmente por $500 no Recife e $600 fora da cidade. Mas, ainda em 1859, cada exemplar pôde, em um segundo momento, ser comprado por $200 – ao passo que as assinaturas passaram a ser semestrais, de 4$000 para Recife e 4$500 para outras cidades.

De início o Jornal do Recife tinha Antônio Thomaz Carneiro da Cunha como correspondente na Paraíba, Joaquim Ignacio Pereira Júnior no Rio Grande do Norte, M. J. Vieira D'Araújo no Ceará, J. A. Moreira da Rocha no Maranhão, A. Marques de Carvalho & Cia. no Pará, C. Falcão Dias em Alagoas, José M. Alves na Bahia e Soares & Irmã no Rio de Janeiro. Em suas páginas, além dos já citados, o periódico publicou textos de Braz Florentino Henriques de Souza, Eugênio do Couto Belmonte, B. da Silva, R. da Cunha, M. Basto, Ferreira Vilella, José Soares D'Azevedo, Gentil Homem de Almeida Braga, A. R. de Torres Bandeira, Marquês de Paranaguá, José Pereira de Araújo Pinheiro, Nogueira de Barros, Marinho Palhares, Cezário D'Azevedo, Epifanio Bittencourt, Joaquim Maria Balmaceda, Manoel Pereira de Moraes Pinheiro, N. Álvares, Moniz Tavares, Francisco Moniz Barreto, Pedro de Calasans, Pedro Autran da Mata e Albuquerque, Antônio Witruvio de Pinto Bandeira e Acióli de Vasconcellos, Henrique Autran Júnior, Ricardo Palma, Alphonse Karr, Maria Aycart, J. Julio de Barros, Amadeo Achard, Antonio Manoel dos Reis, G. Pimentel, Filgueiras Sobrinho, J. A. Teixeira de Mello, Casemiro de Abreu, Fagundes Varela, entre outros, incluindo tradutores como Guilhermina Campos, Maria Pinto e L. Antunes e pseudônimos como "Agrippa", "Figaro", "Stenio", "Algion", "O Diabo Coxo" (que assinava as croniquetas intituladas "Diabruras"), "Fra-Diavolo" (responsável pela coluna "Theatro lyrico"), "Pittigoaré" (da "Columna ligeira", de humor e crítica a figuras públicas locais), "O Tupinambá" e etc.

Adentrando 1861, apenas a partir da edição de 5 de janeiro desse ano, de nº 106, a revista passou a ter no cabeçalho a frase "Publicado sob a direção de José de Vasconcellos, seu proprietário e principal redator". Neste número, Vasconcellos publicou um editorial que, se agradece ao público leitor o acolhimento ao periódico, também destaca algumas dificulades na sua manutenção: "Somente o que pedimos aos nossos leitores é que nos relevem as faltas involuntárias e tenham em conta as difficuldades de nossa posição. O cargo de redactor de jornal nesta épocha de contradicção e egoismo é muito mais difficil e penoso do que realmente se pensa". Nesta época, as assinaturas semestrais para a folha, tanto no Recife quanto para fora da cidade, passaram a custar 5$000.

Durante seus três primeiros anos como revista, o Jornal do Recife circulou sem interrupções e sem publicar nenhum anúncio. Ao fim de cada ano, publicava-se volumes com as edições encadernadas correspondentes ao período, cada um com página de rosto e índice de matérias (os três volumes chegaram a ter pouco mais de 400 páginas).

Sem alterar sua propriedade e direção, em 1º de janeiro de 1862, o Jornal do Recife mudou radicalmente, transformando-se de fato em um jornal, de formato tabloide e publicação diária e matutina, com o subtítulo "Diario commercial, agricola, industrial, litterario e noticioso". Na mudança, anunciava-se: "Quando, em 1859, demos princípio à (...) publicação, era já nosso pensamento fazer (...) uma gazeta diária, consagrada a todos os assumptos. (...) era conveniente esperar que o ensejo se tornasse favorável, e isso foi justamente o que havemos praticado". Abaixo desse editorial, lia-se em nota: "O Jornal do Recife  sairá de hoje em diante todos os dias, sem exceção dos santificados. Consagra-se aos interesses agrícolas, comerciais e industriais do país em geral, e com especialidade aos desta província, cujo melhoramento material e notável engrandecimento promoverá com todas as forças que o estudo, o zelo e a boa vontade lhe hão de permitir". Esta nova fase seria apenas a segunda, entre várias outras subsequentes.

Em seus primeiros quatro meses, o jornal saiu com apenas duas páginas. Comparado aos seus primeiros anos, o Jornal do Recife se transformara em praticamente outra publicação, sem a mesma ênfase em curiosidades, ciências e literatura. Publicava então "Efemérides", notícias diversas, colunas de política, noticiário de outros estados brasileiros, noticiário comercial (de grande destaque), um folhetim, textos de viagens, crônica semanal, movimentações marítimas e portuárias, artigos de literatura, escassas poesias, anúncios de leilões, pequenos avisos, publicidade e, a partir da edição de janeiro de 1862, atos oficiais. Elevando-se um pouco o valor de suas assinaturas, a partir de 1º de maio o Jornal do Recife passou a sair, enfim, com quatro páginas – na ocasião, aumentou a incidência de matérias pagas em seu conteúdo.

Em 1863, o diário deixou de ser publicado aos domingos e dias santificados, ao mesmo tempo em que elevava novamente o preço de sua assinatura e aumentava alguns centímetros em seu formato. Apesar de no início desse ano o Jornal do Recife se definir "estranho às lutas políticas" e não pertencendo a "nenhum dos lados em que se divide o país" (liberais ou conservadores), a partir de 1º de julho de 1863 o diário se tornou uma publicação oficial do governo da província, saindo com o novo subtítulo "Órgão official do governo" – à época, João Silveira de Sousa presidia a província pernambucana, tendo fixado com o jornal um contrato que proibia ao mesmo a publicação de qualquer conteúdo que contivesse injúrias ou censuras ao governo, sob pena de multa. Esta fase oficial valeria ao periódico, obviamente, uma série de embates contra a imprensa de oposição no estado. Ainda neste ano, o jornal mudou brevemente de sede, passando a funcionar no nº 28 da Rua das Laranjeiras em 8 de outubro, para depois, a partir de 9 de dezembro, estabelecer-se no nº 77 da Rua do Imperador, onde permaneceria por um bom tempo.

Adentrando 1864, o Jornal do Recife pareceu melhorar sua tipagem, impressão e qualidade redatorial. Na ocasião, começaram a aparecer editoriais sobre temas variados em suas primeiras páginas, algo antes raro. Em 1865, ano em que dera boa cobertura da guerra entre o Brasil e o Paraguai (ver edição de 29 de abril), o diário se mostrava em formato próximo ao standard, mas sem subtítulo e sem publicar o nome de seu proprietário ou de seus diretores. De todo modo, continuava sua trajetória de órgão oficial do governo, publicando atos oficiais em profusão, embora não se identificasse mais como tal.  A maior parte de seu conteúdo girava em torno de despachos oficiais, relatórios e discursos do governo da província, movimentações portuárias, noticiário geral do Recife, cotidiano policial e judiciário locais, notícias internacionais e de outros estados brasileiros variadas (na maior parte das vezes sobre política), cotações comerciais, editais, classificados e anúncios. Versos e textos em prosa eram publicados timidamente, embora folhetins fossem veiculados com força (o romance "A Casa de Palha", de Franklin Távora, por exemplo, apareceu ali).

1866 marcou o Jornal do Recife pela publicação da série "As bíblias falsificadas", assinadas por José Inácio de Abreu e Lima, que rebatiam os textos do Monsenhor Pinto de Campos no Diário de Pernambuco, além da série "O bispo de Pernambuco e a sua ausência", onde se defendia que os bispos eram funcionários públicos, já que recebiam vencimentos do governo sob a denominação de côngrua (diversas questões religiosas seriam evocadas também no ano de 1873, sendo então o bispo D. Frei Vital severamente criticado, valendo ao jornal polêmicas com o bissemanário jesuíta A União e a adoção de uma postura anti-jesuíta). Em 15 de novembro desse ano, José de Vasconcellos aceitou imprimir na tipografia do Jornal do Recife o jornal A Situação, de João Borges da Silveira Távora e Francisco de Paula da Silveira Lobo, ambos ligados ao Partido Progressista, que combatia tanto o Partido Liberal quanto o Partido Conservador.

Em 1º de abril de 1867 o clichê do título do Jornal do Recife fora substituído por um em letras góticas, que se manteve por todo o restante de sua publicação. O nome de José de Vasconcelos voltava a aparecer no jornal como redator e proprietário, sendo depois retirado novamente e voltando a aparecer em 1870. Embora continuasse com seu rigor oficialesco, neste período a linha de variedades do periódico passou a ganhar mais força, assim como textos de colaboradores, crônicas, ensaios e versos. Nesse período, em seus editoriais e artigos, a folha se mostrava favorável à separação da Igreja do Estado.

A partir de 27 de junho de 1873, a publicação de anúncios e classificados passou a ser feita logo na capa, à maneira do Jornal do Brasil. Seguiu-se assim até 2 de setembro, daí por diante alternando-se esta organização com a original. Em 1º de julho de 1875, o jornal passou a ser publicado em formato standard ainda maior (72 x 58cm), com páginas de sete colunas. No ano seguinte, a folha se destacaria na exploração de temas históricos, nos artigos políticos de Edmundo Stone; nos sobre agricultura de Félix Fernandes Portela e na volta às questões religiosas, especialmente com a série "A Igreja e o Estado", escrita por Joaquim Saldanha Marinho especialmente para o Jornal do Recife (a candidatura a deputado federal deste último foi defendida no periódico). O bispo D. Frei Vital e o Monsenhor Pinto de Campos voltaram a ser atacados, bem como em 1873. As polêmicas sobre esse assunto se estenderam até 1877, chegando ao ápice no mês de abril. Enfim, o Jornal do Recife adentrava a década de 1880 com suas assinaturas trimestrais já custando 6$800. Seu endereço passou a ser identificado como o nº 47 da Rua do Imperador.

Com o fechamento do seu jornal local, A Liberdade, o Partido Liberal passou a ter um uma coluna no Jornal do Recife a partir de 1º de junho de 1880, para a "defesa dos seus amigos e do governo". Neste espaço, muitas vezes em linguagem enérgica, continuaram as polêmicas previamente travadas entre A Liberdade e o diário conservador O Tempo e o periódico da dissidência liberal, A Democracia. Os nomes responsáveis pela defesa liberal no Jornal do Recife foram Ermírio Coutinho, Francisco Magarinos de Sousa Leão, Sigismundo Gonçalves, João Augusto, Inocêncio Seráfico, Joaquim Guenes da Silva Melo e Ulysses Vianna. Nesse sentido, no ano seguinte, foi travado um forte embate pessoal entre Sigismundo Gonçalves e o jornalista conservador Demócrito Cavalcanti, em face às eleições de novembro de 1881, para deputados gerais. No entanto, após a campanha para essas eleições, a coluna formal do Partido Liberal deixou de existir no periódico. Apesar disso, a inimizade com O Tempo continuara, bem como os elogios ao governo provincial do liberal Antônio Epaminondas de Barros Correia.

Em 1881, o Jornal do Recife publicou seu primeiro suplemento, a "Revista Commercial do Jornal do Recife", assinada pelo corretor Bernardino de Vasconcelos. À época, o jornal contava com artigos e prosa de Tobias Barreto de Menezes, entre contribuições em verso esporádicas de Melo Moraes Filho, D. Duarte Filho e Tibúrcio Varela.

Sobretudo de abril a junho de 1883, o Jornal do Recife foi um periódico engajado na abolição da escravidão no Brasil – ver as "Publicações a pedido" assinadas por Afonso de Albuquerque Melo. No ano seguinte, em 2 de fevereiro, a coluna do Partido Liberal voltou a sair no jornal, defendendo o governo provincial de José Manuel de Freitas, como "um corpo autonômico afirmando-se por opiniões próprias". Mas acabou sendo suspensa em 17 de maio daquele mesmo ano. Isso, no entanto, não acabou com a orientação liberal da folha: em outubro e novembro de 1884, Joaquim Nabuco e José Mariano tiveram suas candidaturas defendidas nas eleições para deputados distritais de dezembro, com base na defesa da abolição da escravatura. Nesse caso, artigos de Martins Júnior, Fernando de Castro, Faelante da Câmara e outros, em pseudônimos, entravam em choque com O Tempo e o Diário de Pernambuco. Por vezes, cabe destacar, o Jornal do Recife era crítico tanto ao Partido Conservador quanto ao Partido Liberal (ver editorial da edição de 1º de janeiro de 1887).

Na edição de 1º de abril de 1887, uma alteração administrativa no Jornal do Recife é exposta em um texto intitulado "Despedida", assinado por José de Vasconcellos: "Tendo cedido esta empresa aos srs. Sigismundo Gonçalves e Ulysses Viana, representantes de uma Sociedade Anonima, faço hoje a entrega da mesma, que até ontem correu sob minha administração. Nada deve a pessoa alguma". José de Vasconcellos vendera a empresa, iniciando uma nova fase para o jornal a partir da edição seguinte à da despedida. A partir de então, o Jornal do Recife foi dirigido por Gonçalves e Vianna, dois dos antigos responsáveis pela linha liberal em sua redação – talvez por isso mesmo, a partir desse momento, sua linha editorial parece não mudar muito. Apesar de, na ocasião da mudança, a folha jurar imparcialidade e independência de qualquer partido político, pela terceira vez o Partido Liberal voltou a ter uma coluna ali, reiniciada em 1º de junho de 1887. A diferença, no entanto, era de que o governo pernambucano estava então sob liderança conservadora. No texto de abertura da seção, dizia-se: "Adversários da situação dominante, a combateremos com a energia precisa e do modo que nos aconselharem as circunstâncias e o merecerem os erros e excessos dos dominadores. (...) Fora do poder, o Partido Liberal não tem agora meios de influir nos negócios do Estado senão pela crítica dos atos governamentais". Iniciava-se então a fase oposicionista do Jornal do Recife.

Em sua nova fase, em constantes editoriais, o Jornal do Recife abordou questões como a crise açucareira, a abolição da escravatura (esta muito bem coberta) e a defesa de Joaquim Nabuco diante do Ministério João Alfredo, opondo-se ainda a jornais como o Diário de Pernambuco e A Província. Neste momento, o diário aumentava sua equipe de colaboradores, já contando com nomes como Gonçalves Crespo, Eduardo de Carvalho, Adalberto Pimentel, Gomes de Amorim, Ruy Blás, Joaquim do Prado Sampaio Leite, Luís Murat, Ramalho Ortigão, Venceslau de Queiroz, Raul Pompéia, Augusto de Sá, Medeiros e Albuquerque, Spencer Neto, Emídio Montenegro, etc. (alguns depois viraram membros fixos da redação).

A partir de 1º de novembro de 1889, a direção do Jornal do Recife ficou a cargo somente de Ulysses Viana, já que Sigismundo Gonçalves assumira as funções de Juiz Comercial e, depois, no dia 15 daquele mês, passara à presidência da província de Pernambuco – posição que, por conta da Proclamação da República, acabou sendo passada ao general Cerqueira de Aguiar. Na edição do dia 21 de novembro de 1889, o principal artigo político da primeira página do Jornal do Recife sugeria a aceitação da República, considerando prudente a adesão à mesma. Na edição de 8 de janeiro de 1890, a folha chegava a publicar, em quase duas páginas, o manifesto "O Visconde de Ouro Preto aos seus concidadãos", onde o último primeiro ministro do Império relatava o que havia presenciado nos acontecimentos que culminaram na mudança de regime. Até esta época, todavia, o jornal publicava atos oficiais.

Iniciada a República Velha, o Jornal do Recife, então contando com Adolfo Luís de Sousa como seu editor, chegou a censurar algumas medidas governamentais em torno da censura à imprensa. De acordo com notícia em sua edição de 9 de julho de 1890, chegou-se a realizar uma reunião entre antigos líderes liberais, conservadores e republicanos, em sua redação, em torno da criação de um novo partido. O fato, no entanto, levou a um recrudescimento da rivalidade da folha com A Província – que, por sua vez, estava do lado de José Mariano e do governador Barão de Lucena, de linha oposta à apontada pelo Jornal do Recife. Dando continuidade à sua oposição ao governo, em fevereiro de 1891, a folha passou a atacar a gestão do Desembargador Correia da Silva.

Por conta do afastamento de Ulysses Viana, a partir de 1º de abril de 1891 a redação do Jornal do Recife fora confiada a José Izidoro Martins Júnior. Em 23 de maio, ademais, a folha deixou de ser propriedade de uma sociedade anônima e passou a ter Sigismundo Gonçalves como seu único proprietário. Logo depois, Gonçalves arrendara o jornal a Luís Pereira de Oliveira Faria, que, por sua vez, prometia dar ao jornal uma "orientação desprendida de interesse partidário".

Com a expectativa de uma revolta em Pernambuco em novembro de 1891, ocasionada pela ditadura de Floriano Peixoto, e com José Maria de Albuquerque Melo assumindo o governo estadual (sendo este, então, vice-governador de Correia da Silva e diretor de A Província), no dia 29 daquele mês o Jornal do Recife publicava o seguinte texto: "deixou ontem de ser publicada a nossa folha por motivo que é característico dos calamitosos tempos que correm. O pessoal de nossa oficina de impressão, alarmado (...), recusou-se todo a trabalhar, alegando falta absoluta de de garantias". No editorial de sua primeira edição de 1892, já findo o mandato de José Maria, o jornal lamentava o ano passado repudiando "o ato violento da dissolução do Congresso" e, no âmbito local, os "instintos sanguinários da gente que nos governa(va)" num "regime de capangagem". Passando a apoiar a nova administração estadual de Antônio Epaminondas de Barros Correia, o Jornal do Recife entrava em choque contra A Província e o Estado de Pernambuco, opositores do novo governo. Já no governo seguinte, de Alexandre José Barbosa Lima, o jornal voltou a fazer oposição.

Iniciando 1893, momento em que sofria ameaças de empastelamento, o Jornal do Recife voltava a não trazer em cabeçalho o nome de seus diretores. No entanto, na edição de 1º de janeiro deste ano, expõe-se que a redação era então composta por Alcêdo Marrocos (então novo chefe de redação), Carísio de Barros, Thiago da Fonseca e Thomé Gibson, contando-se ainda com o serviço de diversos colaboradores. A publicação de anúncios e classificados logo na capa continuava. Ainda nesta edição de 1º de janeiro, o periódico comemorava que sua seção de telegramas internacionais passava a contar com os serviços da Agência Havas. O endereço do Jornal do Recife, na ocasião, com o advento da República, fora atualizado para o nº 47 da Rua 15 de Novembro.

Apesar da antiga inimizade, em novembro de 1893 o Jornal do Recife mostrou solidariedade com A Província quando esta foi suspensa, com dois de seus redatores presos, acusada de cumplicidade na revolta da esquadra nacional. O próprio Jornal do Recife, na ocasião, foi intimado a não comentar o ocorrido.

Após adquirir uma máquina Marinoni à sua oficina tipográfica em 1894, aumentando sua tiragem, o Jornal do Recife promoveu intensa campanha contra as altas nos preços de alimentos. Em editoriais de 1º e 2 de maio do ano seguinte, o diário voltaria a defender a liberdade de imprensa ao repudiar um projeto do Senado que a restringia. Mas, de acordo com essa nova legislação, passaram a figurar em cabeçalho, obrigatoriamente, a partir de 12 de julho de 1895, os nomes dos principais redatores (dos quais, já mencionados, acrescentava-se apenas Hersílio Lupércio de Sousa). Na época, seu noticiário internacional se expandia, com correspondentes em Lisboa, Madri, Londres e Berlim, além de ter passado a contar com novos colaboradores. Dois anos depois passariam a figurar na redação do Jornal do Recife Gaspar Menêses e, depois, José da Silva Costa Neto e Paulo de Arruda. Por outro lado, nesse ano de 1897, em 27 de janeiro, o redator Thomé Gibson foi violentamente agredido por policiais por haver criticado posturas de autoridades. Em 31 de julho, o revisor Helvidio Martins também foi agredido e, depois, encarcerado. Além das violências, 1897 marcaria o jornal pela criação da seção "Maçonaria", onde eram criticados o catolicismo e o jesuitismo (postura que seria revivida em 1905).

A partir de 2 de março de 1899, vários redatores do Jornal do Recife abandonaram sua redação após uma divergência com a direção, sendo Paulo de Arruda o único a permanecer. Na ocasião, passaram a ocupar os cargos abandonados Oswaldo Machado, Domingos Gonçalves, Alfredo Vauthier e, num segundo momento, Eurico Chaves, além de novos colaboradores. Em 4 de abril deste ano, obviamente, a folha passou a aplaudir a posse e o governo estadual de Sigismundo Gonçalves em Pernambuco, formando violenta campanha contra Delmiro Gouveia, sobretudo na coluna do Partido Republicano. Já sob o governo de Gonçalves Ferreira, a coluna partidária continuava sendo editada, onde se defendia o prefeito de Recife M. Santos Moreira de ataques de A Província.

Em edições de 1902, em paralelo à cobertura do problema da peste em Pernambuco (ver artigos de Pedro D'Able), publicavam-se no Jornal do Recife versos e crônicas de autores consagrados e boas correspondências internacionais, tendo o matutino passado por uma fase intelectualmente rica, com Alfredo de Carvalho, Carlos Porto Carreiro, Césari Lombroso, Gervásio Fioravanti, Araújo Filho, Nilo Guerra, Manuel Lobato, Lafaiete Lemos e outros. Ademais, no plano político, durante o governo de Rosa e Silva a folha voltara ao situacionismo. As assinaturas anuais e semestrais para moradores de Recife custavam então 30$000 e 15$000, respectivamente – para fora, os preços iam a 33$000 e 16$000.

Em meados da segunda década do século XX, o Jornal do Recife, ainda sob direção de Luiz Pereira de Oliveira Faria, contava com Oswaldo Machado e Aprígio Faria como principais redatores – Machado como redator-chefe e Aprígio Faria como redator-tesoureiro, com Philemon de Albuquerque no cargo de redator-secretário. Sua tiragem média era de 5 mil exemplares. Em 1907, destacou-se no jornal o seu envolvimento em um violento e insultuoso embate com o Correio do Recife, sendo este ligado ao Barão de Lucena. Chegando em 1908, o formato do Jornal do Recife era dos maiores, com 72 centímetros de altura e nove colunas de texto por página. Em 8 de abril deste ano Alfredo Vauthier retira-se do cabeçalho do jornal, cedendo espaço a Francisco Cabral e Mário Rodrigues (que se retiraria em 17 de outubro de 1911).

No editorial da edição de 1º de janeiro de 1911, o Jornal do Recife se dizia "Simpático à situação dominante", sendo, entretanto, "órgão das classes trabalhadoras e amigo dos operários. (...) Insistimos nessa campanha; quando as tarifas protecionistas esmagam o povo e asfixiam o comércio, estamos ao lado dos oprimidos". Durante a agitação pós-eleitorais da campanha do general  Emygdio Dantas Barreto ao governo estadual, o jornal ficou sem circular nos dias 28 e 29 de outubro de 1911, já que sua equipe impressora preferiu não enfrentar a violência das ruas. Curiosamente, o matutino havia apoiado a candidatura de Rosa e Silva, mas, após a eleição de Dantas Barreto, reconheceu as qualidades do militar. Em 21 de março de 1912, o Jornal do Recife chegou a defender o governador da acusação de empastelamento do Diário de Pernambuco.

Em 2 de abril de 1912 foi noticiado que Sigismundo Gonçalves decidida passar totalmente a propriedade e a direção da empresa do Jornal do Recife ao antigo arrendatário Luís Pereira de Oliveira Faria. Nesta nova fase, o periódico passou a ser contratante das publicações oficiais do governo e do congresso estaduais, passando, assim, a ser um órgão oficial da administração Dantas Barreto, que durou até 1915. Cabe destacar que, durante esta fase, o jornal acabara entrando num embate contra o jornal local de oposição Pernambuco, onde, em novembro de 1913, publicaram-se ataques contra o redator Brito Alves, do Jornal do Recife. Nesse período esta folha era favorável ao Partido Republicano Democrata de Pernambuco (opositor do Partido Republicano Conservador), divulgando seus programas e recomendando candidatos – ver edição de 5 de janeiro de 1915, por exemplo. Nessa fase o jornal parece ter prosperado, sendo então o único do Recife a lançar duas edições diárias, a partir de 1º de abril de 1914 – uma original a $200 e outra sutilmente diferente da primeira, em formato menor e com 16 páginas, a $100. Além disso, o jornal já lançava edições comemorativas de aniversário com mais de 30 ou 40 páginas, sempre em 1º de janeiro, e passou a trazer em expediente a seguinte marca: "Impresso em machina rotativa Albert, única no norte do Brasil". De fato, sua organização editorial e seus aspectos gráficos foram modernizados durante a gestão de Oliveira Faria, que, além de reintroduzir um formato menor ao jornal, publicava grandes ilustrações e as primeiras fotografias do mesmo, sempre em primeira página. Noticiando então, em profusão, a 1ª Guerra Mundial, com notícias do resto do Brasil em geral transcritas de outros órgãos de imprensa, o jornal lançou inúmeros instantâneos do conflito. Na parte das polêmicas envolvendo outros jornais, em 1914 o Jornal do Recife atacou Assis Chateaubriand, então redator-secretário do oposicionista O Estado de Pernambuco, por críticas consideradas ofensivas a Sigismundo Gonçalves.

Ainda dentro da fase de prosperidade que o Jornal do Recife conquistara por ser um órgão oficial, a partir de 1º de abril de 1916, a folha passou a lançar uma edição vespertina, diferente da versão matutina original. Era então o único jornal do Norte e do Nordeste a fazer isso, uma vez que a tentativa do Diário de Pernambuco, um ano antes, havia fracassado. Apesar da façanha, em consequência da Primeira Guerra, nesse ano a maioria dos jornais nacionais passou por uma grande crise de abastecimento de papel e o Jornal do Recife não foi exceção. Suas edições matutina e vespertina passaram a ter somente quatro páginas, com a suspensão de diversas seções (como a de literatura).

A partir de 13 de julho de 1916, somente o nome do diretor-proprietário do jornal passou a figurar em cabeçalhos, sem os principais redatores. Em setembro do mesmo ano, Adalberto Camargo, repórter, e Taurino Batista, redator, sofreram agressões. Na redação de então figuravam, além dos citados, Nelson Firmo de Oliveira, Leônidas do Amaral, Leduar de Assis Rocha e Batista de Oliveira. Compunham a redação, em outras funções, Franklin Seve, Artur Gantois, Maviael do Prado, Monte Sobrinho, Leovigildo Júnior, Esdras Farias, Cussi de Almeida Júnior, Osvaldo Santiago, Eustórgio Vanderlei, Manuel Ribeiro, Valdemar de Amorim, Alfredo do Carmo, Luís Gomes do Rêgo Lima, Pedro Pope Girão, Renato Gouveia, Morais de Oliveira, entre outros.

Com o rompimento entre o general Dantas Barreto e Manuel Borba, que o substituiu no governo estadual em 1917, o Jornal do Recife permaneceu ao lado do primeiro – não sem sofrer ameaças de empastelamento por parte da nova situação. Sem rigores oficiais, em 1918 a folha se empenhara em uma campanha contra o trust da querosene mantido pelas empresas Standard e Texas e vira  Oswaldo Machado se retirar de sua redação, após 19 anos de trabalho.

Em 1º de maio de 1919 a crise do papel chegara ao fim e, com isso, as antigas seções suspensas do Jornal do Recife voltaram a ser editadas – na ocasião, aconteceu ainda a ampliação do serviço telegráfico internacional do periódico. Ademais, a edição de 18 de dezembro de 1919 comemorava a saída de Borba da gestão estadual, com a publicação de uma "Homenagem às vítimas do borbismo" logo na capa.

Com o passar do tempo, durante a gestão de L. P. de Oliveira Faria, o Jornal do Recife teve ainda outros avanços – no início da década de 1920, por exemplo, contava com uma sucursal no Rio de Janeiro dirigida por Luiz Mendes. No entanto, nem tudo era fácil: em junho de 1921, em comum acordo com outros jornais de Recife, que fizeram o mesmo, a folha teve que elevar os preços de suas assinaturas anuais, semestrais e trimestrais (48$000, 25$000 e 18$000, respectivamente), por conta das altas nos custos de edição. À época, Francisco Pereira de Souza parece ter sido o gerente do jornal.

1922 marcou-se como um ano de intensa luta política em Pernambuco, em torno das campanhas de José Henrique Carneiro da Cunha e de Eduardo de Lima Castro para o governo do estado. O Jornal do Recife aderiu à campanha do primeiro (apesar de Carneiro da Cunha ser um candidato borbista), atacando firmemente Lima Castro, que, além de contar com o apoio do presidente Epitácio Pessoa e ter as forças federais aquarteladas no Recife, era defendido pelo Jornal do Commercio local, então dirigido por João Pessoa de Queiroz. Ambos os jornais trocaram descomposturas, além da já clássica inimizade do Jornal do Recife com A Província, que não abrandara neste momento. Uma vez verificada a vitória de Carneiro da Cunha, com surtos de violência pós-eleitoral, o Jornal do Recife foi ameaçado de empastelamento e não circulou nos dias 30 e 31 de maio. Em 26 de setembro deste mesmo ano, o diretor do jornal Luís Faria foi agredido na localidade de Floresta dos Leões (atual Carpina), possivelmente devido à campanha pela independência da região, fomentada pelo matutino.

Novos episódios de intimidação a Luís Faria se repitiriam anos depois. Em 1926 o Jornal do Recife fez intensa campanha contra o governo Sérgio Lorêto, ocasionando, além de uma agressão ao redator Eustórgio Vanderlei em 22 de junho, ameaças de vida ao diretor do periódico, que teve sua casa sitiada por "capangas" das forças governistas até meados de outubro, ou seja, até o fim do mandato de Lorêto. De 31 de julho até esta data, Francisco Faria geriu o Jornal do Recife.

Após Lorêto, o governo estadual de Estácio Coimbra foi avaliado como ruim pelo Jornal do Recife, mas de maneira amena. A situação entre o periódico e o governo recrudescera, no entanto, por volta de outubro de 1928, quando Coimbra abriu um processo por delito de imprensa contra o diretor Luís Faria, que chegou a ser condenado, mas apelou da decisão, permanecendo em liberdade.

No editorial da edição especial de 72 anos, de 1º de janeiro de 1929, a folha expunha os argumentos que calcavam a sua linha agora opositora: "A nossa intransigência, neste particular nos tem valido a pecha de imprensa opposicionista por sisthema. (...) Attente-se (...) que tambem sem solução de continuidade tem sido a existencia de maos governos entre nós. (...) Não somos inimigos dos governos: somos apenas apreciadores dos seus actos, com o que prestamos a elles mesmos e ao publico um serviço valioso. A nossa critica se faz com a maior imparcialidade". O restante desta edição era repleto de matérias sobre empresas e serviços de destaque no Recife (matérias pagas, basicamente). Naturalmente, os focos da insatisfação do jornal eram os governos de Arthur Bernardes e Washington Luís.

Em 1929, seguindo a orientação do Partido Democrata de Pernambuco, o Jornal do Recife mostrou entusiasmo com a campanha da Aliança Liberal, nutrindo simpatia pela figura de Getúlio Vargas e sua candidatura à Presidência da República, com João Pessoa como candidato a vice-presidente – ver "Uma orientação segura de estadista", no nº 67, ano 72, de 21 de março de 1929. Duas edições depois, na de 23 de março daquele ano, em ocasião do aniversário de Dantas Barreto, o periódico expressava saudosismo pelo mandato do ex-governador – nesta mesma edição o aniversário do então senador Alexandre José Barbosa Lima também era saudado.

À época, o matutino já contava com nomes como Jarbas Peixoto, Santos Leite, Monteiro de Melo, Hermes Fontes, Ildefonso Bezerra, Abaeté de Medeiros, Severino Alves Leite, Heloísa Chagas, Lauro Borba, Bertoldo de Arruda, Sílvia Moncorvo, João Eustáqui Pereira, Joaquim Pimenta, Romualdo Pimentel, Iveta Ribeiro, Elpídio Sacramento, Teresinha Caldas, Cleto Campelo, Antônio Dias, Mário Coelho Pinto, Pedro Lopes Cardoso Júnior, Ventura Correia (especialista em economia, com o pseudônimo "Paulo Derby"), entre outros, além de outros nomes que continuavam na redação. Alguns problemas econômicos locais recebiam grande destaque, como as questões da banha, do açúcar e da rede ferroviária da Great Western.

O Jornal do Recife se mostrou fiel à causa da Revolução de 1930, abordando todo o seu processo detalhadamente. Quando a mesma ocorreu, na madrugada de 4 de outubro, o jornalista Pedro Lopes Júnior, que dava plantão, foi preso por forças legalistas, só conseguindo libertar-se 56 horas depois. No dia seguinte, devido aos distúrbios, o Jornal do Recife não circulou.

Apesar de sua empolgação inicial com o novo governo da República, o Jornal do Recife se limitou a observar a situação política do país e do estado, comentando deslises. Até que, com a publicação do artigo "Honrando a farda" na edição de 28 de outubro de 1931, o 21º B.C. e a Inventoria de Pernambuco procuraram suspender o jornal. No dia 31 prenderam o diretor do jornal em sua residência e detiveram vários redatores, como Philemon, Aprígio Faria e outros, acusados como cúmplices na intentona. O jornal só voltaria a sair dia 4 de novembro, sob censura. Esta durou até 17 de junho de 1934, cedendo a insistentes apelos da Associação da Imprensa de Pernambuco. Com o tempo, obviamente, o periódico se mostrou descontente com a política getulista – ver "O caudilho dos pampas", no nº 200 do ano 77, de 6 de setembro de 1934 – e passou a defender a volta do país ao regime constitucional.

Em 1933, após a saída de Alfredo do Carmo Carvalho e de Eustórgio Vanderlei do jornal, Oswaldo Machado retornou ao corpo redacional do Jornal do Recife, em um momento em que a publicação tomava novas feições editoriais – a edição de aniversário de 1934, pela primeira vez, aparecia dividida em três cadernos. Em 17 de outubro de 1934 Aprígio Faria assumia como diretor, no lugar de seu pai, Luís Faria, que faleceria em meados de abril do ano seguinte, não sem antes o Jornal do Recife perder os redatores Pedro Lopes Cardoso Júnior e Aimbiré Kanimura de Lima Leal. Frequentemente, nesta época, criticava-se figuras políticas locais como o ex-governador Sérgio Loreto, Cézar Tibério e outros.

Com a morte de Luís Faria em meados de abril de 1935, após o lançamento da edição do dia 15 daquele mês o jornal fora suspenso, em caráter temporário, por decisão de membros de sua família. Isso caracterizou o fim de sua periodicidade ininterrupta. Cerca de dois anos depois, em 25 de julho de 1937, o periódico voltou a circular em edições de 16 páginas, sob a direção de Antônio Faria, com Arlindo Maia como gerente.

Nesta última fase, que duraria pouco, a chefia da redação do Jornal do Recife ficava com Oswaldo Machado, com Cleofas de Oliveira como secretário. O corpo redatorial era composto por Gentil Mendonça, Mauro Monteiro, Sanelva de Vasconcelos, Renato Gouveia, Pessoa Guedes, Esdras Farias, Miguel Mateus e Teopompo Moreira, com os revisores Joaquim Sena, João Vinhais e Cromwell Leal. De acordo com a "História da Imprensa de Pernambuco", de Luiz do Nascimento, esta

Foi uma fase de sensação, pois o velho órgão ostentava grandes manchetes na primeira página, títulos vistosos, reportagens de vulto, disposição também revolucionária na terceira página, editorial ao centro, várias notas, sueltos, crônicas, etc. (...) Várias seções ocupavam o corpo do matutino, a par, naturalmente, de publicações solicitadas e anúncios. Liam-se artigos de colaboração e poemas de J. G. de Araújo Jorge, F. J. Fernandes Pires, tenente Rubens do Amaral, Nelson Alcântara, Mário Sete, Ribeiro do Couto, Ascenso Ferreira, M. Ribeiro, Luís Periquito e outros.


Após Oswaldo Machado e Arlindo Maia deixarem a redação do jornal em 8 de dezembro, deixando a gerência com Miguel Mateus, um mês depois, em 8 de janeiro de 1938, o jornal foi suspenso novamente. Isso se deveu à crise econômica do país e à desapropriação do imóvel até então ocupado pelo jornal, os nºs 331 a 345 da Rua Imperador Pedro II, de acordo com o plano de remodelação de Recife. Apesar de manifestar essa suspensão como temporária, o jornal nunca mais voltou a ser editado.

Fontes:

- Acervo: edições do nº 1, de 1º de janeiro de 1859, ao nº 157, de 28 de dezembro de 1861 (fase inicial); edições do nº 1, ano 7, de 2 de janeiro de 1865, ao nº 294, ano 7, de 20 de dezembro de 1865; edições do nº 1, ano 12, de 1º e 2 de janeiro de 1870 ao nº 279, ano 12, de 7 de dezembro de 1870; edições do nº 3, ano 18, de 5 de janeiro de 1875 ao nº 72, ano 18, de 31 de março de 1875; edições do nº 6, ano 23, de 9 de janeiro de 1880, ao nº 100, ano 23, de 1º de maio de 1880; edições do nº 1, ano 28, de 1º de janeiro de 1885, ao nº  116, ano 28, de 23 de maio de 1885; edições do nº 1, ano 31, de 1º de janeiro de 1888, ao nº 145, ano 31, de 28 de junho de 1888; edições do nº 1, ano 36, de 1º de janeiro de 1893, ao nº 97, ano 36, de 30 de abril de 1893; edições do nº 1, ano 45, de 1º de janeiro de 1902, ao nº 145, ano 45, de 29 de junho de 1902; edições do nº 1, ano 58, de 1º de janeiro de 1915, ao nº 80, ano 58, de 23 de março de 1915; edições do nº 117, ano 64, de 1º de maio de 1921, ao nº 233, ano 64, de 31 de agosto de 1921; edições do nº 1, ano 72, de 1º de janeiro de 1929, ao nº 99, ano 72, de 30 de abril de 1929; e edições do nº 196, ano 77, de 1º de setembro de 1934, ao nº 293, ano 77, de 30 de dezembro de 1934.

- AGUIAR, Cláudio. Franklin Távora e seu tempo.Rio de Janeiro: ABL, 2005.

- NASCIMENTO, Luiz do. História da Imprensa de Pernambuco (1821-1954). Vol. II – Diários do Recife – 1829/1900. Recife: Imprensa Universitária da Universidade Federal de Pernambuco, 1966.