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Literatura | Pandemia na literatura e na arte durante a Idade Média

04 abr 2021

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Pandemias são epidemias de doenças contagiosas que tem uma propagação muito rápida. As taxas de mortalidade são responsáveis por causar maior ou menor pânico. A Praga dizimou cidades inteiras na Europa da Idade Média. Na ânsia de salvarem-se os mais abastados costumavam mudar de cidade assim que a Peste chegava.

Inspirado em uma das obras clássicas do poeta romano Virgílio, o gravador italiano Marcantonio de Raimondi (ca. 1480-ca. 1534)representa nesta imagem os doentes abatidos pela praga em Creta, passagem do livro III de Eneida. A imagem apresentada trata-se de gravura a Buril elaborada no início do século XVI.

Em Eneida, seguindo orientação do oráculo Apollo, Enéas leva sua tropa até a ilha de Creta. Assim que se estabelece em Creta, uma praga atinge a ilha, matando animais e humanos. É então que uma profecia é anunciada a Enéas através da harpia Celeno. A hapia revela que o destino apontado pelo oráculo Apollo era na verdade Itália e não Creta, de forma que a praga teria sido um aviso de que aquele não seria o lugar em que deveriam estar.

A imagem apresenta na parte superior esquerda o sonho de Enéas em que lhe é apresentada a profecia. Na parte inferior da imagem, o artista representa as pessoas e animais caídos ao chão em Creta.

Por muito tempo as doenças epidêmicas foram vistas como sinais ou castigos dos deuses ao homem. Essa interpretação se deveu a falta de instrumentos científicos que trouxessem a luz as causas e tratamentos de tais doenças, motivo pelo qual se tornava aceitável atribuir a divindades tais fatos. Hoje, iluminados pelo saber científico, sabemos de onde as epidemias se originam, a forma como se propagam e podemos buscar os meios para sua cura e prevenção.

A Biblioteca Nacional possui o incunábulo de Eneida em latim.

(Seção de Iconografia)