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Literatura | Ronald de Carvalho

18 fev 2022

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Cronista, memorialista e sobretudo poeta, Ronald de Carvalho também atuou na diplomacia e na política ao longo dos anos 1920 e 1930.

Ronald Arthur Paula e Silva de Carvalho (Rio de Janeiro, 1893 – 1935) era filho do engenheiro naval Artur Augusto de Carvalho, que morreu deixando-o com apenas um ano, e de Alice Paula e Silva Figueiredo de Carvalho. Educado pelo avô, concluiu os estudos secundários aos 14 anos e ingressou na Faculdade Livre de Ciências Jurídicas e Sociais, no Rio de Janeiro, onde colaborou com o periódico estudantil “A Época”. Também escreveu para o “Diário de Notícias”, dirigido por Ruy Barbosa. Bacharelou-se em 1912 e, no ano seguinte, viajou para a França, onde estudou Filosofia e Sociologia e publicou seu livro de estreia, “Luz Gloriosa”. A obra mostra alguma influência do simbolismo -- da qual o autor se desvencilharia em trabalhos posteriores -- e foi bem recebida pela crítica brasileira.

Em 1914, Ronald de Carvalho viajou para Lisboa. Lá ingressou na carreira diplomática e se casou com Leilah Accioly, com quem teria quatro filhos. Na mesma época, entrou em contato com o movimento modernista português, do qual eram representantes Fernando Pessoa, Luís de Montalvor e Mário de Sá Carneiro. Alguns de seus poemas foram publicados em periódicos locais, inclusive no primeiro número da revista “Orpheu”, que, embora tenha tido apenas duas edições (ambas em 1915), foi uma importante inspiração para a literatura de vanguarda em Portugal, sendo considerada o marco inicial do Modernismo naquele país.

De volta ao Brasil, o escritor publicou “Poemas e Sonetos” e “Pequena História da Literatura Brasileira”, ambos surgidos em 1919 e premiados pela Academia Brasileira de Letras. Alguns de seus trabalhos foram publicados em periódicos, como o poema “Folha de Outono”, que saiu na “Fon-Fon” em 1920.

Em 1921, Ronald de Carvalho foi o anfitrião de uma reunião de intelectuais modernistas à qual estiveram presentes Mário de Andrade, Sérgio Buarque de Holanda e Manuel Bandeira, entre outros. Em fevereiro de 1922 participou da Semana de Arte Moderna, onde -- em meio a vaias estrondosas -- declamou o poema “Os Sapos”, de Manuel Bandeira. Colaborou com vários periódicos, entre os quais a emblemática revista “Klaxon”. O livro de versos livres “Epigramas Irônicos e Poemas Sentimentais” surgiu no mesmo ano, e vários se seguiriam, contendo poemas, crônicas e ensaios sobre literatura e temas brasileiros. Seu trabalho continuou vinculado à estética modernista, mas o tom costumava ser mais formal, as palavras mais grandiosas do que as empregadas pela maior parte dos escritores da época.

Leia a crônica “Em Louvor do Velho Rio”, publicada na “Fon-Fon” em 1922.

A par de seu trabalho literário, Ronald de Carvalho continuou a atuar na diplomacia e na política. Exerceu vários cargos, entre os quais o de Primeiro Secretário na Embaixada de Paris, o de Encarregado de Negócios em Haia e o de Chefe da Casa Civil durante o governo de Getúlio Vargas. Em 1935 foi eleito Príncipe dos Prosadores Brasileiros num concurso promovido pelo “Diário de Notícias”, ao qual concorriam também Oswald de Andrade e Monteiro Lobato. Morreu em fevereiro de 1935, de infecção generalizada, após quase um mês tentando se recuperar de um acidente de automóvel.

Leia o artigo de Ronald de Carvalho “Psique Brasileira”, publicado postumamente na revista “Vamos Lêr!”, em 1938.


Retrato de Ronald de Carvalho pelo artista português António Carneiro, publicado em “O Malho”, 1922.