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Livros de Aventura | Ben-Hur

18 dez 2022

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“Ben-Hur” é um romance de aventura ambientado na Antiguidade, que muitos consideram ter grande importância para o Cristianismo.

Seu autor, Lewis Wallace (Indiana , EUA, 1827 – 1905) , mais conhecido como Lew Wallace, trabalhou em escritório e exerceu a advocacia ao mesmo tempo que integrava tropas militares voluntárias. Casou-se em 1848 com a escritora e poeta Susan Elston, com quem teria um filho, Henry. Apoiador do Partido Republicano, em 1861 voltou-se para a vida militar; chegou a ter a patente de general durante a Guerra Civil Americana, e alguns anos após ter deixado o exército foi nomeado governador do Território do Novo México. Ainda ocuparia um posto diplomático na Turquia entre 1881 e 1885.

A carreira de Wallace como escritor se desenvolveu em paralelo a essas atividades e, segundo ele, como uma forma de se distrair de seus estudos no campo das leis. Seu primeiro romance, “The Fair God”, que trata da invasão do México por Cortez, começou a ser escrito em 1843 e levou três décadas para ser publicado. Vendeu relativamente bem, mas o sucesso só chegou de fato para Lew Wallace em 1880, quando saiu seu segundo e mais famoso romance, “Ben-Hur: a tale of the Christ” (traduzido em português como “Ben-Hur: uma história dos tempos de Cristo” e conhecido simplesmente como “Ben-Hur”).

O livro conta a história do príncipe de Jerusalém Judah Ben-Hur, escravizado pelos romanos após ter sido falsamente acusado de assassinar o governador romano da Judeia. Enviado para as galés como remador, cai nas boas-graças do comandante, é libertado e passa a participar de corridas de quadriga. Retorna, então, a Jerusalém em busca de vingança e de restabelecer o nome de sua família, e é quando encontra Jesus e se torna seu seguidor. Além dos elementos de aventura, que incluem os jogos na arena, perseguições e insurreições, o livro acaba por assumir um componente de redenção, de resto não ausente de muitas outras obras de fantasia e ficção histórica.

A tiragem inicial de “Ben-Hur” foi de 5.000 cópias, e as vendas foram lentas nos primeiros meses. Pouco a pouco, no entanto, a obra se tornou popular, a ponto de vender mais de 50.000 exemplares durante o ano de 1886. Em 1900, era o livro mais vendido nos Estados Unidos, com mais de trinta edições em inglês e vinte em outros idiomas. A Livraria Garnier publicou uma tradução para o português em 1903. Outra, em dois volumes, saiu pela “Bibliotheca d´A Federação”, série impressa na tipografia do jornal republicano “A Federação”, do Rio Grande do Sul.

Neste anúncio, o livro é oferecido como brinde aos assinantes do periódico.

A despeito de sua grande popularidade como obra literária (ainda que recebesse muitas críticas, já naquela época, por ser escrita num estilo considerado ultrapassado), “Ben-Hur” fez um sucesso ainda maior ao ser levado para o cinema e o teatro. A primeira montagem foi na Broadway, em 1899, vencida a relutância de Lew Wallace, que não via nenhum ator capaz de interpretar Jesus (este acabou por ser representado apenas por um raio de luz) e não acreditava ser possível recriar uma corrida de quadriga no palco. Isso, porém, foi feito, utilizando cavalos de verdade e carros que corriam presos a trilhos, o que configurou um dos maiores espetáculos já encenados. Desde a primeira apresentação até a última, em 1921, a peça foi assistida por mais de 20 milhões de pessoas.

Veja o mecanismo utilizado ao encenar a peça em Londres, detalhado em anúncio do “Jornal do Brasil”, 1902.

No cinema, “Ben-Hur” teve cinco adaptações, sendo as mais famosas as de 1931 e a de 1959. A segunda, com Charlton Heston no papel-título, foi um dos filmes mais assistidos de todos os tempos e recebeu 11 Oscars, além de outros prêmios, como o Golden Globe Awards e o BAFTA. Houve também uma minissérie para a televisão, além de adaptações para quadrinhos, baseadas tanto na obra literária quanto no épico de 1959.

Veja um anúncio do filme de 1931 na “Gazeta Popular” do mesmo ano.

Leia reportagem sobre o filme de 1959 no “Diário da Noite” do mesmo ano.

Veja outra reportagem na revista “Manchete”, 1960.

Lew Wallace ainda escreveu mais cinco romances históricos, entre eles duas continuações de “Ben-Hur”, além de alguns trabalhos de não-ficção. Nenhum, porém, se tornou tão conhecido quanto o épico sobre o príncipe judeu, que seguiu sendo publicado ao longo das próximas décadas. Briguiet, Itatiaia, Ediouro, Jangada e Scipione são apenas algumas dentre as várias editoras que tiveram, ou ainda têm, “Ben-Hur” em seus catálogos, tanto em edições integrais quanto adaptadas para jovens e crianças.



Revista “Cinelândia”, 1960.