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Livros de Aventura | O Prisioneiro de Zenda

08 out 2022

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Enquanto o “Pimpinela Escarlate”, personagem da Baronesa de Orczy,  foi um marco na construção de personagens – visto ser o protótipo do herói mascarado --, “O Prisioneiro de Zenda”, de Anthony Hope, inspirou um novo subgênero dos livros de aventura, conhecido como “romance ruritano”.

Anthony Hope Hawkins (Londres, 1863 – Surrey, Inglaterra, 1933) graduou-se em Letras Gregas e Latinas pela Universidade de Oxford e trabalhou por algum tempo como advogado no início de sua carreira literária. Começou por escrever contos e novelas curtas, que eram publicadas em jornais. Uma compilação, publicada em 1894 e ilustrada por Arthur Rackham, famoso por seu trabalho artístico voltado para os contos de fadas, foi o primeiro sucesso de sua carreira. Naquele mesmo ano, publicou o livro que o tornaria mais famoso: “O Prisioneiro de Zenda”, que teria escrito em apenas um mês.

O livro conta a história de Rudolf Rassendyll, um inglês que viaja para assistir à coroação de seu parente distante, também chamado Rudolf e parecidíssimo com ele, como rei da Ruritânia (um país imaginário, vagamente localizado na Europa Central). Uma intriga urdida pelo meio-irmão do rei leva o Rudolf inglês a tomar seu lugar, daí se originando uma trama de conspiração, duelos, fugas e aventuras. O enorme sucesso da obra deu ensejo a duas sequências: a coleção de contos “O Coração da Princesa Osra” (1896), em que as histórias se passam cerca de um século e meio antes da que é narrada em “O Prisioneiro de Zenda”, e “Rupert de Hentzau” (1898), que traz de volta os personagens do primeiro livro, em especial o charmoso antagonista que empresta seu nome ao título.

Nesse meio-tempo, “O Prisioneiro de Zenda” já fora levado aos palcos e começava a ser conhecido em outros países. O autor fez turnês de divulgação na Europa e nos Estados Unidos, onde um repórter do “New York Times” o descreveu como “um britânico bem vestido, de riso caloroso e modos um tanto marciais, que poderia ser um modelo para seu personagem, Rudolf Rassendyll”. A obra se tornou ainda mais popular ao ser levada às telas, em três ocasiões muito próximas: 1913, 1915 e 1922. Na última, Rupert de Hentzau foi vivido por Ramón Novarro, que no ano seguinte faria o papel-título de “Scaramouche”.

No Brasil, o livro foi publicado pela primeira vez pela Cia. Editora Nacional, com tradução de Raul de Polillo. A data é 1934, ano seguinte ao do falecimento de Anthony Hope.

Veja o anúncio da publicação em “Boletim de Ariel” (1933).

Veja um cartaz de nova versão de “O Prisioneiro de Zenda” nos cinemas, estrelado por Ronald Colman, que interpretou os dois Rudolfs, e Douglas Fairbanks Jr. no papel de Hentzau (“A Gazeta” de Santa Catarina, 1938).

Levado pelo sucesso de sua trilogia, que recebeu elogios de mestres como Andrew Lang e Robert Louis Stevenson, Anthony Hope dedicou o resto de sua vida à carreira literária. Escreveu mais de três dezenas de romances e livros de contos, além de algumas peças de teatro e livros de não-ficção, tratando principalmente de política. Nenhum, no entanto, fez tanto sucesso quanto “O Prisioneiro de Zenda”.

Veja uma adaptação do livro para os quadrinhos (“Mirim”, 1942).

Veja algumas imagens da versão de 1979 para o cinema (“Manchete”, 1978). A obra fora levada às telas também em 1952, com Stewart Granger e Deborah Kerr no elenco. Já o filme de 1979, estrelado por Peter Sellers, era humorístico e trouxe variações para a trama principal.

Se, por um lado, “O Prisioneiro de Zenda” é hoje a única obra conhecida de Anthony Hope, também é verdade que sua Ruritânia inaugurou um subgênero dos livros de aventura: aqueles que se passam em territórios fictícios do mundo real, descritos como pequenos reinos, principados ou ducados europeus, com ambientação vitoriana ou um pouco mais moderna. O gênero é chamado “ruritano” e, além de presente na Literatura, aparece também noutras mídias, como os quadrinhos (a Sildávia, na série “Tintim”) e o cinema (a Genóvia, de “O Diário da Princesa”, ou a Zubrowka, de “O Grande Hotel Budapeste”).