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Livros de Aventura | O Último dos Moicanos

30 ago 2022

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Tido por alguns como o primeiro romance a expressar a “essência” estadunidense, “O Último dos Moicanos” é o segundo livro de uma série centrada em torno das aventuras do pioneiro Natty Bumppo, mais conhecido pelo apelido Hawkeye (Olho de Falcão).

Seu autor, James Fenimore Cooper (New Jersey, 1789 – New York, 1851), era filho do comerciante e político William Cooper e de sua esposa Elizabeth. Após estudar por três anos na Universidade de Yale, da qual saiu sem completar o curso, alistou-se na Marinha Mercante e, mais tarde, tornou-se oficial de baixa patente na Marinha Americana. Essa experiência o inspirou e forneceu material para que escrevesse histórias passadas no mar.

A primeira obra de Fenimore Cooper a obter sucesso foi “O Espião”, publicada em 1821 e ambientada durante a Revolução Americana. O livro vendeu muito bem, e dois anos mais tarde o autor publicou “Os Pioneiros”, que seria o primeiro volume da chamada “Leatherstocking Series” (literalmente, “Série Calças de Couro”). Toda a série tem a participação do pioneiro e desbravador da fronteira Natty Bumppo, em histórias que se passam entre 1760 e os primeiros anos do século XIX e retratam a colonização do território de Nova York, antes pertencente aos iroqueses. Os livros seguintes foram publicados no intervalo entre 1826 e 1841, entremeados – e seguidos por – outros romances históricos e de aventura, dentre os quais se destaca “The Red Rover” (O Corsário Vermelho), bem como sátiras e ensaios.

Admirado por Victor Hugo e Honoré de Balzac, entre vários mestres da Literatura Universal – e criticado por outros, como Mark Twain, que considerava sua escrita monótona e verborrágica --, James Fenimore Cooper foi um dos primeiros romancistas estadunidenses a retratar indígenas e pessoas negras em suas obras. Os indígenas, em especial, podiam assumir papéis importantes na trama e ser descritos como “nobres, puros e heroicos”, uma visão romântica compartilhada por autores como José de Alencar (que, aliás, foi um ávido leitor de Fenimore Cooper na juventude). Vários estudiosos compararam os trabalhos de ambos, não apenas pela forma como apresentam os indígenas, mas também por seu aspecto histórico e historiográfico. Nessa perspectiva, romances como “O Guarani” e “As Minas de Prata” retratam um período de formação do território brasileiro, tanto na geografia física quanto na humana, o que também se pode atribuir à série “Leathertocker”.

O segundo volume da série é hoje a única obra universalmente conhecida de Fenimore Cooper. Trata-se, é claro, de “The Last of the Mohicans” (O Último dos Moicanos), publicado em 1826 com o subtítulo “uma narrativa de 1757”. O período corresponde à chamada “Guerra Franco-Indígena”, na qual franceses e britânicos lutavam pelo controle do território que atualmente pertence aos Estados Unidos. Cada grupo contava com povos indígenas como aliados.  O livro mostra Natty Bumppo, o Hawkeye, ao lado de seus amigos moicanos, Chingachgook e Uncas, numa trama recheada de batalhas, traições, vingança e um pouco de romance.

Deve-se ao Dr. Caetano Lopes de Moura, um médico baiano radicado em Paris, a primeira tradução da obra para a língua portuguesa. Saiu em quatro volumes pela J. P. Aillaud, de Paris, em 1838, com o titulo “O Derradeiro Mohicano”. A obra teve bastante circulação no Brasil. Por isso, a história já era conhecida de uma parte do público que, em 1922, foi ao cinema assistir a uma das primeiras versões cinematográficas do livro.

Veja um anúncio do filme no “Correio da Manhã”, 1922. Trata-se da adaptação estadunidense de 1920, dirigida por Maurice Tourneur. Naquele mesmo ano, saiu também uma versão alemã: um filme mudo em duas partes, com Bela Lugosi no papel de Chingachgook.

Leia um artigo sobre o livro, com fotografias da versão de 1936 para o cinema e detalhes sobre o enredo, publicado pela “Manchete” em 1975.

“O Último dos Moicanos” foi escrito tendo em vista o público adulto. No entanto, sua ambientação e o tipo de enredo se prestavam a adaptações voltadas para os jovens, o que, no Brasil, foi feito pela primeira vez na Coleção Terramarear, da Cia. Editora Nacional. A tradução coube a Agripino Grieco. Veja anúncio em “O Malho”, 1935.

Veja um poster publicado no periódico “Mirim” em 1938, apresentando os personagens da obra, que mais tarde viria a ser publicada em adaptação para os quadrinhos.

Traduzido em vários idiomas, “O Último dos Moicanos” teve muitas edições e adaptações em língua portuguesa. Segundo Anabela Nascimento, da Universidade Nova de Lisboa, a adaptação brasileira de Miécio Táti, feita para a Abril Cultural em 1972, circulou também em Portugal, o que a pesquisadora atribui ao fato de não haver na época edição portuguesa em catálogo. Em 1990, a Nova Fronteira publicou no Brasil uma versão integral, que teve várias reimpressões e ainda se encontra em circulação. Surgiram também novas adaptações da obra para quadrinhos, televisão e cinema. Dentre as últimas destaca-se o filme de 1992, com enredo modificado, dirigido por Michael Mann e com o ator Daniel Day-Lewis no papel de Hawkeye.

 



Personagens da adaptação em quadrinhos (“Mirim”, 1938).