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Livros de Aventura | Obras de Rafael Sabatini

03 out 2022

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De sobrenome italiano, e fluente em vários idiomas, o autor de “Scaramouche” e “Captain Blood” optou pelo inglês para escrever seus livros de romance e aventura.

Rafael Sabatini (Iesi, Itália, 1875 – Adelboden, Suíça, 1950) era filho de dois cantores líricos e professores. Viveu em vários países ao longo da infância e da adolescência. Aos dezessete anos, mudou-se definitivamente para a Inglaterra, e pouco depois começou a escrever novelas. A primeira, “The Lovers of Yvonne”, ambientada na França do século XVII, foi publicada em 1902, e a elas se seguiram mais de trinta outras, além de dezenas de contos – publicados em periódicos e depois reunidos em coletâneas -- e algumas peças de teatro. Foi também o autor de “The Historical Nights´ Entertainment”, três séries de obras de não-ficção centradas em eventos da vida de personagens históricos, publicadas a partir de 1917.

Em 1905, Sabatini se casou com Ruth Goad Dixon, filha de um comerciante inglês. O casal teve um filho, morto num acidente de carro, e se divorciou em 1931, após o que o escritor se casou com Christine, a irmã de Ruth. Por essa época, havia enfim conseguido o reconhecimento pelo qual lutara durante um quarto de século, o que se deveu principalmente a duas obras: “Scaramouche”, publicada em 1921, e “Captain Blood”, que saiu no ano seguinte. O sucesso desses dois livros ajudou a reviver o interesse por um terceiro, “The Sea Hawk” (O Falcão do Mar), publicado em 1915.  Juntamente com a sequência de “The Sea Hawk”, “The Black Swan” (O Cisne Negro), essas são hoje as obras mais conhecidas de Rafael Sabatini.

Falando brevemente dos enredos, todos os livros são do tipo “capa e espada”, que mostra heróis aventureiros (e às vezes trapaceiros ou fora da lei) duelando com armas leves, como floretes e rapieiras. “Scaramouche” é o nome de um personagem da Commedia Dell´Arte e também o disfarce utilizado pelo jovem advogado André-Louis Moreau para vingar a morte de um amigo e combater os abusos da aristocracia francesa, no período da Revolução. Além das peripécias comuns ao gênero, tais como fugas, perseguições e duelos, a obra retrata em certa medida o conflito de classes e a dificuldade de adaptação dos que não se enquadram nas normas sociais vigentes. Por sua vez, “Captain Blood”, que se baseia, em parte, na história real do cirurgião Henry Pitman – condenado ao degredo por ter socorrido um grupo de rebeldes --, é ambientado no século XVII e acompanha as aventuras de um médico, Peter Blood. Após ser deportado para o Caribe, ele acaba por se tornar um temido capitão pirata, que sempre poupa os navios ingleses e ataca os espanhóis. “The Sea Hawk” e o menos conhecido “The Black Swan” também são histórias de pirataria, porém ambientadas no período elisabetano (final do século XVI).

O sucesso dessas obras e seu apelo junto ao grande público não tardaram a levá-las para o cinema. Em 1923 saiu uma versão muda de “Scaramouche” e, em 1924, seria a vez de “The Sea Hawk” e “Captain Blood”, que foram bem-recebidas em vários países, inclusive o Brasil.

Veja um anúncio de “Scaramouche” no Cine Palais (O Imparcial, 1924).

Leia um resumo da obra e veja fotos do filme (Para Todos,1924).

Ainda na década de 1920, alguns trabalhos de Rafael Sabatini começaram a aparecer em periódicos brasileiros. Seus livros chegariam na década seguinte, por intermédio da Cia. Editora Nacional, que publicou vários volumes em sua Coleção Para Todos. As aventuras dos piratas e espadachins fizeram muito sucesso entre os leitores, sobretudo os jovens, e as histórias ganharam sua versão em quadrinhos. Uma delas foi adaptada e ilustrada para o “Mirim” por Mario Jacy, então com 16 anos. O jovem artista seguiria na carreira e trabalharia em outras revistas da mesma editora, tais como o “Almanaque do Lobinho”.

Leia o conto de Sabatini “A Alma de Tronjolly” no periódico “Leitura Para Todos” (1929).

Veja um anúncio de suas obras publicadas pela Cia. Editora Nacional (“Para Todos”, 1932).

Veja uma adaptação das “Aventuras do Capitão Blood” pelo adolescente Mario Jacy (“Mirim”, 1939).

Após terem lotado salas em suas versões mudas, os livros de Sabatini ganharam novas versões cinematográficas. Em 1935, Errol Flynn viveu o Capitão Blood, contracenando com Olivia de Havilland, e em 1940 voltou às telas em “The Sea Hawk”, dessa vez ao lado de Brenda Marshall. “The Black Swan”, com Tyrone Power e Maureen O`Hara, estreou em 1942, e dez anos mais tarde veio uma refilmagem de “Scaramouche”, uma produção luxuosa estrelada por Stewart Granger e Eleanor Parker. À exceção do último, todos foram filmados em vida de Rafael Sabatini, que, embora com restrições devido à idade e a problemas de saúde, produziu até pouco antes de sua morte e deixou um inestimável legado para os fãs de obras de aventura, piratas e ousados espadachins.



Adaptação em quadrinhos de “O Capitão Blood” por Mario Jacy.