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Memória | Inauguração do Cristo Redentor

12 out 2020

Artigo arquivado em Memória
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“Fazer uma imagem de Cristo é uma alta inspiração e uma grande responsabilidade. Fazê-la em proporções descomunais seria, sem dúvida, a aspiração e responsabilidade máximas de uma vida.”
- Heitor da Silva Costa.


Pouco antes dos festejos em comemoração ao centenário da Independência do Brasil surgiu a intenção de se realizar um monumento em homenagem ao Cristo em um dos morros do Rio. O Corcovado foi o escolhido e, na verdade, nem conseguimos imaginar o morro sem o Cristo – parece que ele nasceu ali...

Consta que antes mesmo dessa época, o padre Pedro Maria Boss, chegado ao Brasil em 1859, lançara a ideia de um monumento ao Cristo no Corcovado, tendo, inclusive, sugerido à Princesa Isabel sua intenção, ou sonho. Mas morreu em 1916 sem vê-lo concretizado. Os recursos para a realização do audacioso intento foram obtidos através de campanhas capitaneadas por Dom Sebastião Leme, arcebispo do Rio. Foram organizadas festas, quermesses, peças, enfim, diversos eventos além de arrecadações feitas pelos alunos nas escolas, por escoteiros e mesmo nas ruas: uma das formas utilizadas foi a colocação de lençóis estendidos e neles os passantes depositavam seus donativos.

A primeira concepção da escultura foi a do Cristo que portava na mão esquerda um crucifixo e na direita, um globo. Alegou-se, entretanto, que a visibilidade à distância não seria satisfatória. O engenheiro-arquiteto Heitor da Silva Costa pediu ajuda ao artista Carlos Oswald. Chegaram à forma ideal, em cruz. O arquiteto passou o período entre 1924 e 1927 na Europa e, em Paris, trabalhou com o escultor Paul Landowski, que conseguiu dar a forma definitiva ao rosto e às mãos da imagem. Lá mesmo em Paris, Heitor da Silva teve a ideia para o revestimento da estátua que seria feito com pequenas plaquinhas triangulares com 3 cm de lado formando um imenso mosaico em pedra sabão recobrindo a imensa imagem estruturada em concreto armado. Senhoras da sociedade trabalharam formando painéis em folhas de papelão onde colavam as pequenas peças. A execução da obra foi, naturalmente, obtida através da superação de grandes dificuldades, a 700 metros de altura, num platô de não mais do que 15 metros.

A inauguração se deu a 12 de outubro de 1931 com grande pompa, contando com a presença do presidente Getúlio Vargas e tendo flores jogadas por aviões da Força Aérea do Exército Brasileiro.

Principal monumento do Rio de Janeiro, considerado como uma das Novas Sete Maravilhas do Mundo, ninguém vem à cidade sem querer vê-lo de perto.

(Seção de Iconografia)