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Música | Antônio Maria e sua voracidade criativa

16 out 2021

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Cronista, jornalista, radialista esportivo, poeta e compositor, Antônio Maria (1921-1964) fez de tudo: rádio, televisão, imprensa e muita boemia. Sua voracidade criativa era gigante, como ele.

Na música, o poeta pernambucano cantou o amor doído como ninguém. O autor de “Ninguém me ama”, que compôs junto com o amigo Fernando Lobo, foi sucesso enorme na década de 1950. Era o tempo das boates à meia luz da zona sul carioca, no tempo do sofrimento de amor em grande estilo.

Amava tanto o Rio de Janeiro que compôs a música que se tornou um hino não oficial da cidade: “Valsa de uma cidade”. Grandes estrelas da época gravaram suas músicas: Nora Ney, Elizeth Cardoso, Ângela Maria, Aracy de Almeida, entre outras. Virou sucesso internacional quando Frank Sinatra gravou“Manhã de Carnaval” e Nat King Cole “Ninguém me ama”.

Entre as décadas de 1950 e 1960 escreveu para “O Globo”, “Ultima Hora”, “O Cruzeiro”, “Manchete”, “O Jornal”e “Diário Carioca”. Na crônica era genial: confessional, lírico e com humor surpreendente de tiradas inigualáveis. Trágico e irônico, descreveu a vida noturna, os modismos e a hipocrisia da burguesia carioca pantagruelicamente.

Antônio Maria, como se autodenominou numa crônica pouco antes da sua morte, era um cardisplicente - um homem que desdenha o próprio coração- cuja profissão era a esperança. Um romântico com uma missão, como disse em sua crônica “Café com leite”: “ O homem só tem duas missões importantes: amar e escrever à máquina. Escrever com dois dedos e amar com a vida inteira”

(Seção de Iconografia)

Manchete, 31 de outubro de 1964