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Música | César Guerra-Peixe, a trajetória de um músico notável

26 nov 2021

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Há 28 anos faleceu César Guerra-Peixe. O compositor, maestro e pesquisador deixou uma obra que cumpriu uma trajetória notável dentro da história da música brasileira contemporânea.

O filho de ferreiro que desde cedo participava de grupos de choro tocando bandolim em Petrópolis, chegou ao Rio de Janeiroe começou sua carreira como tantos outros, tocando nos cinemas, na Taberna da Glória e nas rádios onde aprendeu, na prática, orquestração.

Sua educação musical começoua se aprimorar quando entrou para a Escola de Música da UFRJ e aí novos caminhos musicais se abriram. Passou pela vanguarda do dodecafonismo de Hans Joaquim Koellreutter, que abandonou em seguida, para abraçar as pesquisas sobre folclore no Nordeste quando foi para Recife trabalharcomo orquestrador e arranjador na Rádio Jornal do Comércio.

A partir e suas pesquisas sua obra tomou uma nova dimensão. Passou a incorporar em suas composições elementos do folclore conjugando-o com a tradição de música de concerto. Utilizou temas melódicos, rítmica, traduzindo um conjunto de práticas musicais de forma inovadora. Queria ser moderno buscando a tradição popular, bem no espírito de Mario de Andrade.

A obra de Guerra-Peixe teve ressonância no Movimento Armorial, de Ariano Suassuna, na década de 1970. O movimento pretendia preservar a cultura e as tradições locais de Pernambuco.

Suassuna queria construir uma arte erudita, na música, na dança, na literatura,em suas múltiplas formas de expressão, autenticamente brasileira, porque inspirada nas formas das artes populares. Uma expressão desta fase da obra de Guerra-Peixe foi “Concertino” e “Mourão, considerada o hino do movimento.

Guerra-Peixe produziu uma obra vastíssima, passando por peças sinfônicas, música popular, peças para o cinema, com grande variedade de estilos e gêneros. Fez escola. Foi professor de Sivuca e Capiba. Deixou um legado musical fundamental para pensar o Brasil e as suas tradições musicais.

(Seção de Iconografia)


Manchete, 1966