BNDigital

Música | Nelson Cavaquinho, compositor, cantor e instrumentista brasileiro

18 fev 2021

Artigo arquivado em Música
e marcado com as tags Biblioteca Nacional, Nelson Cavaquinho, Secult

Há 35 anos nos deixava Nelson Cavaquinho, um homem que vivia em estado de poesia, como dizia José Ramos Tinhorão, grande pesquisador da música popular brasileira. Um menestrel da boemia, personagem dos botequins da Lapa e da Praça Tiradentes no Rio de Janeiro. Deixou uma obra inigualável, melodias sofisticadas e letras que falavam do sofrimento com uma beleza comovente.

Começou a compor nos anos de 1930 e teve sua primeira obra gravada por Alcides Gerardi em 1939, mas fez sucesso com a interpretação de “Palhaço” por Dalva de Oliveira em 1953, na época da polêmica afetivo-musical entre ela e o ex-marido Herivelto Martins, em torno da separação do casal. Até o início da década de 1960 teve suas composições gravadas por grandes intérpretes como Cyro Monteiro e Elizeth Cardoso, mas ainda era assinava como Nelson Silva. Foi a partir da convivência entre músicos e jornalistas no Zicartola, restaurante de Cartola e D. Zica, que passou a ser conhecido como Nelson cavaquinho. Formou o grupo “Voz do Morro” com Cartola, Nuno Veloso, Elton Medeiros, Zé Kéti, Elton Medeiros e Jorge Santana e foi gravado pela musa da Bossa Nova, Nara Leão.

Com Guilherme de Brito teve sua parceria mais fecunda. Produziu pérolas como “A flor e o espinho”, “Pranto de Poeta”, “Quando eu me chamar saudade” e “Folhas Secas”, entre outras. Esta última teve sua primeira gravação de Beth Carvalho, a maior intérprete da sua obra.

Não há como não se emocionar lembrando a interpretação de Clara Nunes em “Juízo Final”: o sol há de brilhar mais uma vez/ a luz há de chegar aos corações/ do mal será queimada a semente/ o amor será eteno novamente. Como nos seus versos em “Sempre Mangueira”, “o sambista vive eternamente no coração da gente”.

(Seção de Iconografia)

O Último Jogral. Jornal do Brasil, 19 de fevereiro de 1986.