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Novidades

05 nov 2015

Artigo arquivado em Hemeroteca
e marcado com as tags Alcindo Guanabara, Arte e cultura, Arthur Azevedo, Comércio, Conservadorismo, Crítica política, Economia, Entretenimento, Literatura, República Velha, Republicanismo, Rio de Janeiro, Segundo Reinado

Novidades foi um jornal diário lançado em 25 de janeiro de 1887 no Rio de Janeiro (RJ), por iniciativa de ricos fazendeiros escravistas, que o financiavam. Propriedade da firma Santos, Guanabara & Cia., o que significava que era dirigida por Francisco Guilherme dos Santos (gerente) e por Alcindo Guanabara, a folha era colocada a serviço das classes antiabolicionistas - ao menos até o fim do regime escravocrata. Tendo escritório e redação no nº 143 da Rua do Ouvidor, circulava em tamanho standard, com quatro páginas por edição. Inicialmente  foi matutino, mudando ainda em 1887 para vespertina.

O editorial da edição de lançamento de Novidades colocava o periódico numa posição politicamente crítica e, ao mesmo tempo, neutra: "Não nos prendemos a coisa alguma: apresentamo-nos inteiramente livres, promptos a entregarmo-nos completamente ao que nos parece justo e razoável. Repudiamos em absoluto a politica mesquinha e rasteira que estamos acostumados a ver: nada temos de comun com os partidos políticos, constitucionaes ou não, que lutam pela vida em nossa pátria". No mesmo texto, o jornal destacava seu contrato com a Agência Telegraphica Internacional para seu noticiário estrangeiro e o fato de possuir "correspondentes nas províncias de maior importância e nas principaes cidades do interior do Rio de Janeiro, Minas e S. Paulo", além de suas "chronicas de Pariz, que nos serão enviadas por um dos mais festejados escriptores portuguezes". Inicialmente, a edição avulsa de Novidades custava $40. As assinaturas semestral e anual, respectivamente, custavam 6$000 e 12$000.

Em linhas gerais, Novidades trazia inicialmente em suas páginas noticiário geral sobre política, crimes e outros casos de polícia, informações para utilidade pública, economia, destaques e atualidades culturais, variedades e espetáculos no Rio de Janeiro. O diário publicava diversos artigos opinativos sobre política e assuntos em voga na sociedade carioca da época, a exemplo da coluna "Teias de Aranha", repleta de polêmicas e críticas a determinadas figuras da alta sociedade carioca, assinada pelo pseudônimo "Aranha Minor"; da irônica coluna "Cafunés", assinada por "Max", trazendo comentários mordazes sobre questões tratadas em outros jornais (às vezes provocando pequenos embates); e da seção "Cochichos", com pequenos comentários sobre política e sociedade em tons de sátira e fofoca assinados por "Língua de Prata". Além de folhetins, sonetos, croniquetas e frivolidades variadas ocorridas em bailes e outros eventos da alta roda local (o que caracterizava seu lado mais mundano e ameno), Novidades trazia ainda assuntos jurídicos, noticiário sobre companhias e figuras importantes do Império (e depois da República), acontecimentos internacionais de maior destaque (na seção "Telegrammas"), noticiário geral sobre as atualidades no interior fluminense (na noticiário "Província do Rio"), noticiário militar, movimentos da bolsa de valores e rendimentos fiscais, notícias e números específicos sobre o mercado do café, movimentos no porto carioca e notícias marítimas, textos publicados a pedidos, esportes no Rio, loterias, cumprimentos a ilustres aniversariantes e visitantes ao Rio de Janeiro, anúncios, obituários, classificados, entre outras coisas. No campo da cultura, sempre havia críticas literárias, colaborações de nomes ilustres das letras (ver abaixo) e seções específicas de teatro, como o "Correio dos Theatros". Seus temas e discussões em geral pouco variaram ao longo da existência do jornal.

Novidades sempre variou os títulos e os pseudônimos de suas colunas de humor crítico e mordaz. Já por volta de março de 1887 a coluna "Cafunés", de "Max", passou a se chamar "Arco da Velha", assinada por "Bric-a-Brac". Mesmo as "Teias de Aranha" vão rareando a partir da edição de 22 de março daquele ano – já época em que um autor identificado apenas como Nestor assinava as "Notas Políticas" (travando debates com a Gazeta da Tarde), e Marcellino aparecia como responsável pela coluna moralista e cristã "Sombrinhas". Nos seus espaços dedicados à prosa e aos versos, em seus primeiros tempos Novidades publicou autores como Zé Daniel, Almocreve, Antônio José, Luiz Murat, Cosimo, Azulina, etc. (em pseudônimo ou não). Por conta do alto número de pseudônimos, sabe-se poucos nomes de redatores que trabalharam em Novidades em seus anos iniciais – como Carlos Montoro, por exemplo.

A partir da edição de 25 de março de 1887, Arthur Azevedo passa a publicar em Novidades como "Eloy, O Heróe", pseudônimo pelo qual ficara conhecido no Diário de Notícias, onde mantinha a coluna de comentários políticos, sociais e culturais "De Palanque". Ali, o editor do jornal publica uma nota onde expõe que "Quando tratamos da creação desta folha, já pelas relações pessoaes que nos ligam a Arthur Azevedo, já pelo muito em que temos o seu bello talento, franqueamos-lhe as nossas columnas. (...) Tendo (...) o nosso amigo, por motivos que lhe são particulares, se retirado do Diário (de Notícias), convidamo-lo a vir collaborar comnosco, ao que elle accedeu graciosamente, transportando, desde amanhã, para as Novidades a sua secção De Palanque". Dando continuidade a esta seção em Novidades, A. Azevedo explica, em seu primeiro texto ao jornal: "Constou-me, no dia 22 do corrente mez, que o Sr. Dr. Oscar Pederneiras, illustrado redactor-chefe do Diário de Notícias, accusar verbalmente (...) os auctores do Mercúrio de haverem plagiado o segundo quadro dessa revista não sei de que peça do mesmo gênero, escripta e publicada em Portugal. Sendo eu co-auctor do Mercúrio e collaborador do Diário de Notícias, entendi que devia retirar-me de uma folha cujo director me tinha em conta de gatuno". Logo em abril de 1887, a própria peça de teatro de revista que serviu de estopim à desavença acabou sendo publicada em Novidades. A colaboração de Arthur Azevedo, no entanto, não durara muito tempo no periódico – em meados do ano seguinte ela já não aparecia mais.

Em geral, Novidades foi um jornal de críticas amenas e moderadas – sempre se colocava como um inimigo da desordem e da anarquia, apoiando o poder quando julgava conveniente. A exemplo, e tendo em conta suas origens nas elites escravistas, o periódico mostrava-se relativamente a favor da Abolição da Escravatura. Na edição de 21 de março de 1887 Novidades já aplaudia a libertação de escravos sexagenários; no entanto, segundo Nestor, nas "Notas Politicas" do dia 26 daquele mês, a abolição não devia ser imediata e irrestrita:

A abolição ha de se fazer exactamente como se está fazendo: por meio de um processo de eliminação de factores que concorrem para a sua formação. O dever dos proprietarios de escravos, é, sem dúvida, esforçarem-se por substituir o trabalho servil (...). Sonhar com a abolição immediata não é mais que uma aspiração ingenua de quem vê as questões sociaes não por um prisma reflectido, não encaminhado por uma orientação scientifica e pesada, mas através simplesmente de princípios humanitários e generosos em conflicto quasi sempre com os interesses das nações.


Embora não muito entusiástico, sempre cauteloso e desprendido de segmentos políticos, o periódico mostrou algumas insatisfações não com o regime monárquico, mas com algumas figuras de sua administração. Posteriormente, mostrou possuir tendências republicanas – que ficaram explícitas apenas na iminência da Proclamação da República.

A partir de sua edição de 13 de abril de 1887, Novidades passou a vir com o subtítulo "Folha da Tarde". Nesta edição, sua redação e escritório aparecem em outro endereço, o nº 47 da Rua Gonçalves Dias – na ocasião, o jornal explica que, para sua mudança, deixara de circular depois da edição de 7 de abril, voltando apenas naquele dia 13. Até então a folha fora matutina, circulando a partir deste momento às tardes. Na edição desse dia 13 afirma-se que "Para que essa alteração não prejudique aos nossos assignantes das provincias, resolvemos tirar uma segunda edição especial para o interior, o que será feito pela madrugada contendo por conseguinte esta edição as mesmas notícias dadas pelos nossos collegas da manhã. Durante os trabalhos parlamentares e todas as vezes que casos extraordinários a isso nos obriguem, daremos mais de uma edição por dia. Seguindo a praxe estabelecida para jornais da tarde, guardaremos os domingos e dias santificados".

Ainda em meados de 1887 o subtítulo da publicação muda para "Folha avulsa 40 Rs.". Sua coluna de ironias e sátiras políticas já se chamava "Troças do Dia", assinada por "Sakerhets". Nestes tempos, o noticiário da coluna internacional "Telegrammas" passou a figurar em caixa maior, com mais destaque – sempre aparecia no alto da primeira coluna da capa.

Alcindo Guanabara desliga-se temporariamente da direção de Novidades, vítima de problemas de saúde, na edição de 13 de agosto de 1887. Ficando Francisco Guilherme dos Santos sozinho no posto, no cabeçalho da edição a propriedade do jornal pela primeira vez deixa de aparecer como "Santos, Guanabara & Cia." para figurar apenas como "Santos & Cia.", ficando assim por alguns meses. Na época a folha já publicara versos de figuras como Oliveira e Silva, Catulle Mendes e Silvio de Almeida e contava com uma nova coluna de críticas e crônicas, "No Bond", que não tinha assinatura.

Chegando em 1º de janeiro de 1888, Novidades passou a contar seu "Anno 2" de publicação e foi renumerado. Nesse ano, as importantes "Notas Politicas" de Nestor começaram a rarear, mas as colunas esporádicas de comentários críticos, debochados e mordazes continuavam, sempre mudando de nome. Na ocasião, a principal chamava-se "Parolando...", assinada por "Papagaio". No editorial da edição de primeiro aniversário do jornal, de 25 de janeiro de 1888, Novidades lembrava a sua verve anti-anárquica, "Não entendendo ser vantajosa a propaganda contra as instituições existentes e os homens que as mantêm".

Alcindo Guanabara melhora de saúde e volta a trabalhar no jornal por volta de julho de 1888, quando passa a assinar como redator chefe de Novidades, que continua saindo como propriedade de Santos & Cia. Nesses tempos, o periódico pareceu mostrar-se mais anti-monarquista, afirmando em sua edição de 11 de julho que "É realmente assombrosa essa tranquilidade da corôa e do governo. (...) a verdade é que o Imperio está em perigo e cada dia que passa mais e mais o aggrava! Essa politica de desdem (...) é uma politica de traidores que levará forçosamente á liquidação da monarchia que já não pode com o apoio da nação que a odeia ou que della suspeita". Como já exposto, o jornal deixava claro que não era contra o parlamentarismo, mas contra a "inépcia" das figuras do poder regencial (ver ainda edição de 30 de julho de 1888). Já em 3 de setembro de 1888, Novidades decretava com segurança: "O movimento republicano que ora se opera no paiz tem (...) grandes e largos elementos para desenvolver-se e vencer n'um futuro que cada vez mais se approxima". Em 1889 – época que sua coluna de críticas mordazes se chamava "Água Vai...", de "Pescatore" –  a folha apoiou a postura militar na transição da monarquia para a república, aplaudindo suas primeiras medidas no campo da economia e vendo com bons olhos o trabalho de Rui Barbosa.

Após Alcindo Guanabara deixar definitivamente a redação de Novidades, por volta de 1890, Joaquim Ferreira Júnior assumiu o cargo de diretor-gerente da folha. O jornal então mostrava-se graficamente reformulado, com aparência mais moderna, chegando a publicar algumas imagens, a exemplo da edição em memória de Camillo Castello Branco, de 1º de julho de 1890 – que trazia homenagens assinadas pelos principais redatores e colaboradores de Novidades: Silva Nunes, Valentim Magalhães, Eugenio Pinto, Raymundo Corrêa, A. Estanislau, Americo Moreira e outros. Nessa época, algumas edições chegaram a contar seis páginas. Nesse ano o periódico publicava ainda autores como Luiz Delfino, A. Gasparoni e Ascanio Magno. Sua coluna de versos "Torniquete" era assinada por "Viravoltas" e a permanente seção de teatro, "Os Theatros", saía sob a responsabilidade de "Aritta". O jornal mostrava-se então um pouco mais propenso às artes, dando tanto destaque ao tema quanto à política (embora continuasse comentando os principais passos da administração pública da nação).

Na edição de 30 de agosto de 1890, Francisco Guilherme dos Santos se despediu da propriedade de Novidades, tendo vendido o jornal. Ali, em editorial, explica que "Em vista dos meus múltiplos e variados afazeres fui obrigado a transferir a propriedade desta folha, que fundei e durante quatro annos dirigi. (...) A folha, cuja direcção e propriedade abandono neste momento, foi sempre a guarda zelosa e intransigente dos interesses públicos (...). A campanha contra a lei de 13 de maio, intentada e sustentada por esta folha, é prova exhuberante desta asserção". O texto cumprimenta o distribuidor do jornal Gaetano Segretto, o chefe de composição Manoel José Gomes e, sobretudo, o diretor-gerente Joaquim Ferreira Júnior, que administrou Novidades durante uma viagem de Santos à Europa. Ao lado desta despedida, o então principal redator do periódico, Silva Nunes, também se despede, falando sobre seu trabalho e suas convicções políticas desenvolvidas ali, no diário. Em seu texto, revela que o jornal chegou a ter alguns problemas com a república recém-instaurada:

Devem (...) os leitores recordar-se das interrogações feitas diversas vezes ao governo sobre a veracidade dos boatos espalhados pelos jornaes chilenos, em relação a um tratado de alliança secreta entre o Brazil, Perú e República Argentina. Lembrar-se-ão ainda sem dúvida da maneira por que foram porfligados diversos artigos do projecto da constituição republicana, artigos em que eram restringidas a liberdade de pensamento e consciencia, as mais puras e santas de todas as liberdades. Esse proceder não foi dictado por desejo de fazer opposição á marcha regular e tranquilla dos negocios publicos, mas, simplesmente, porque parecia que um povo que tinha sido livre até 15 de Novembro, não podia depois da república ser escravo ou ser tyranisado. (...) E, ao retirar-me, levo como um trophéo glorioso, a recordação de ter sido chamado a dar explicações á policia, por ter a 27 de março do corrente anno inserto nas columnas desta folha uma proclamação, que foi affixada nas esquinas das ruas desta capital; e orgulho-me por ter, com esse facto, concorrido para a promulgação do decreto de 30 de março.


Além de Silva Nunes, o gerente Joaquim Ferreira Júnior e os redatores/colaboradores Americo Moreira, Enrico e D. Picolino também se despedem de Novidades em sua edição de 30 de agosto de 1890. Mas o texto mais curioso da edição é a despedida assinada por um personagem do jornal que, à época, fazia sucesso: "O Burro". Agradecendo a direção do jornal, o mesmo não deixava de dar seu último "coice":

Obrigado, meu doutor, obrigado! Para corresponder á vossa gentileza, escrevi algumas cartas, que, desvaneço-me em confessa-lo, com o rubor nas faces (ciciem os ss) fizeram um ruidoso sucesso, tanto que é de espantar o numero de burros, asnos, parvos e analphabetos, que têm surgido, após o meu victorioso apparecimento. Espero na providencia (...) dos meus semelhantes que essa raça gloriosa se perpetuará na imprensa. Aos illustres escriptores que eu tive o desaforo de criticar, peço desculpa de alguma phrase menos macia, e agradeço a cordura com que supportaram os couces da minha critica.


Após a venda de Novidades por parte de Francisco Guilherme dos Santos, e conforme já aparecia no cabeçalho da edição de 1º de setembro de 1890, o jornal passou a ser propriedade de Sylvio Baptista & Cia. O editorial "Ao começar", desta edição, revelava:

O Novidades entra hoje em uma phase nova. (...) nenhum compromisso nos tolhe, nem interesses de grupo algum politico nos impedirá de pronunciarmonos deste ou daquelle modo (...). Em politica somos hoje o que sempre fomos; a República, brilhante realidade agora (...). Republicano, o Novidades offerece o seu leal apoio ao benemerito governo provisorio a cuja frente se acham os homens da revolução (...). O Novidades é um jornal de moços e se aos moços falta experiencia, sobre-lhes independencia e altivez para dizer o que pensam.


Em sua nova fase, Novidades passou a contar com novos nomes de destaque em sua redação, como redatores ou colaboradores, sobretudo a dupla Alberto Torres e Luiz Quirino – responsáveis pelos artigos principais de política e assuntos de maior destaque no meio social –, Oscar Rosas e Aristides Lôbo, sendo este último muito admirado na folha. Ali, nessa época, também publicaram Álvares de Azevedo Sobrinho, Borja Reis, Gastão Bousquet, Raul Pompéia, Cruz e Sousa, Mário Pederneiras, Don Bias, Alberto de Oliveira, Porchat de Assis, Figueiredo Coimbra, A. Israel e outros. Seguindo a tradição, o periódico trazia ainda com uma série de colaborações em pseudônimos: "Mathusalem", "Reporter", "Homem Que Ri", "Caballero de Gracia", "Gil Porteiro", "Habitué", "Passepartout", "Omnes", "Jeanot", "Estafeta", "Terrenus", "Sabe-Tudo", "Lemonde", etc. A partir da edição de 2 de janeiro de 1891, o periódico chegou a publicar uma segunda edição aparentemente esporádica, contendo as colunas "Diário da Bolsa", "Congresso Nacional" e outras coisas.

Novidades não ficou muito tempo sob propriedade de Sylvio Baptista. Logo depois desse, em pouco tempo o diário trocou de dono duas vezes – em todos esses momentos, a folha continuava republicana, relativamente governista e crítica em alguns aspectos. A partir da edição de 1º de outubro de 1891, o jornal extingue o nome de Sylvio Baptista de seu cabeçalho e passa a ser identificado como propriedade de Bandeira Júnior & Cia., contando, no entanto, com Oscar Rosas, redator durante a direção de Baptista, como redator-chefe. Na ocasião da troca de dono, naquela edição de 1º de outubro o próprio Sylvio Baptista publica uma nota, onde, aliás, refere-se ao seu período de direção como "acidentado": "Na mais perfeita conformidade de idéas com o Sr. Oscar Rosas, meu antigo companheiro de redacção, e por convir-me, em consequência de precária saúde, (...) passei hontem, por escriptura de venda, a propriedade do Novidades a esse talentoso escriptor". Elogiado, Bandeira Júnior escreve em coluna ao lado: "Como proprietário e redactor-chefe do Novidades volto á imprensa sem a preoccupação do odio, nem as máguas do resentimento. Obedeço aos deveres impostos pela occasião, pelas circunstancias e pela consciencia. (...) A nossa divisa, si alguma podemos tomar, é esta; paz, estabilidade, progresso. Não contem comnosco para derrubar, para anarchisar, para destruir. Hontem como hoje: conservador na monarchia; conservador na república".

A partir da edição de 14 de abril de 1892, até, pelo menos, a edição de 28 de junho de 1892, Novidades deixou de trazer o nome de Bandeira Júnior de seu cabeçalho, circulando sem indicar o nome de seu proprietário. Indicando que o jornal tenha passado por um período de instabilidade, já na edição de 3 de maio daquele ano seu preço aumentara para $60, por conta do alto custo do papel, na época. A partir da edição de 5 de julho de 1892 (ou talvez um pouco antes desta data), o Novidades passou, enfim, a ser identificado como propriedade de A. Marques & Cia., permanecendo sob esta direção pelo menos até o número de 16 de setembro daquele ano – a última edição consultada nesta pesquisa. Nela, defendia-se a emigração e a colonização no Brasil, proclamando-se: "Sejam abertos os nossos portos á todas as nações do mundo". À época, figuras como D. Marcos, J. C., Romão e Tamborino eram os nomes que publicavam na folha.

Fontes:

- Acervo: edições de 25 de fevereiro de 1887 a 31 de dezembro de 1888 (com a exceção dos meses de abril, maio e junho de 1888); de 15 de novembro de 1889 a 30 de novembro de 1889; de 1º de julho de 1890 a 31 de dezembro de 1890; de 1º de janeiro de 1891 a 7 de novembro de 1891; e de 4 de fevereiro de 1892a 16 de setembro de 1892.

- SODRÉ, Nelson Werneck. História da imprensa no Brasil. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1966.