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O Alto Purús

31 mar 2015

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e marcado com as tags Imprensa oficial, República Velha, Republicanismo, Território do Acre

“Orgam oficial (trecho incompreensível) O Alto Purús, absolutamente alheio à política e a questões partidárias, tem por fim exclusivo contribuir com o concurso inherente às suas forças para o engrandecimento deste longinquo e ainda ignorado canto da futurosa Nação Brazileira, jà appellando para os poderes publicos da Republica, jà tornando-o conhecido de todo o resto do paiz, onde infelizmente ainda se faz uma idèa inteiramente falsa e irrisoria sobre a vida, habitos, costumes e desenvolvimento material dos seus habitantes”.

Assim o semanário O Alto Purus foi apresentado por seus editores, no dia 24 de fevereiro de 1908, no então Território do Acre. Circulando aos domingos, seu título se originava do nome de um dos três departamentos em que estava dividido o antigo território – Alto Acre, Alto Juruá e Alto Purus. O equipamento tipográfico do jornal, segundo informava essa mesma edição, havia sido adquirido na Casa de Manáos, Livraria Palais Royal, dos Srs Lino Aguiar & Cia.

Segundo Andréa Maria Lopes Dantas, em “O ‘vozear’ na mata e a modernidade anunciada: educação no território do Acre através dos jornais (1906-1930)” , apesar de O Alto Purús se auto declarar neutro, pode-se identificá-lo como uma publicação republicana, porém não um porta-voz do Partido Republicano local. O início do século XX, vale lembrar, foi um período conturbado e de sedimentação do regime republicano no Brasil, e muitos jornais traduziam as discussões político-ideológicas da sociedade.

Outro aspecto importante sobre o periódico é o fato de que, ainda que fosse um órgão oficial, não era distribuído gratuitamente. O jornal, porém, não publicava apenas notícias de cunho oficial, mas também notícias sociais (aniversários, festividades como o carnaval, falecimentos, além de notícias nacionais e internacionais). Havia também publicidade comercial de farmácias, livrarias, barbearias e centros de diversões, além de anúncios de advogados e médicos.

Segundo a autora citada, seriam razões para que um órgão oficial conjugasse notícias sobre o poder público e sobre particulares o fato de não ser possível manter a periodicidade apenas com notícias oficiais, além do que estas não seriam suficientes para assegurar uma venda significativa.

O semanário teve mais de um subtítulo: "Orgam oficial para O Alto Purús"; "Orgam dos interesses geraes do departamento" ou, como aparece na edição de 9 de outubro de 1916, “Publicação hebdomadaria : nova phase”, tendo como administrador José Ignacio da Silva. Passos Galvão e Assis Vasconcelos foram alguns de seus diretores. A assinatura anual do jornal custava 20$000, a semestral 12$000, a trimestral 7$000 e o número avulso custava $300. A Biblioteca Nacional tem em seu acervo volumes até o ano de 1918, sendo o último, Ano XI, nº 63, datado de 3 de março deste último ano. Há uma grande lacuna no ano de 1912.

Referência

Revista Histedbr On-line, Campinas, número especial, p. 28-41, out. 2011. Disponível em: http://www.histedbr.fae.unicamp.br/revista/edicoes/43e/art02_43e.pdf . Acesso em: 8 ago. 2012.