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O Gato: Álbum de Caricaturas

01 abr 2015

Artigo arquivado em Hemeroteca

Conjugando imagem com discurso jornalístico e fazendo uso do humor e da crítica social, os caricaturistas procuraram desde sempre retratar os costumes de cada época. E uma publicação que privilegie a caricatura em face de outras formas de comunicação leva inegável vantagem diante da concorrência. Já que pode ser compulsada por pessoas pouco letradas, mesmo analfabetas, tem potencial para atingir um público bem maior que os periódicos comuns.

É nesse perfil que se pode enquadrar O Gato, o “Álbum de Caricaturas” criado em 1911 por Seth (pseudônimo de Álvaro Martins) e Vasco Lima, o qual, além de proprietário, era também diretor da publicação. Com ilustrações de Seth e Hugo Leal, já no primeiro número o periódico mostrava o seu conteúdo eminentemente crítico.

Mantido em parte por anúncios de produtos e serviços, tinha periodicidade quinzenal a partir do segundo número e era vendido em todos os estados do Brasil. Depois de algumas edições, ganhou agências em Paris, Londres, Berlim e Chicago.

A primeira edição custava 600 réis; na segunda o preço, em vez de subir, baixou para 400 réis. Quando foi lançada chamava-se somente Album de Caricaturas, depois, a partir do número 6, passou a chamar-se O Gato: Album de Caricaturas e, a partir do número 43, somente O Gato (nº 43). A partir do terceiro número ofereceu aos leitores assinatura anual por 9$000 réis, quando também foi criada a coluna Panno de Bocca, apresentando reportagens assinadas com o pseudônimo Contra-Regra e continuadas em números seguintes.

No quinto número as capas passaram a ser diversificadas e na edição seguinte, além da mudança do nome, a periodicidade tornou-se semanal, com publicação às quartas-feiras. O valor do número avulso se manteve em 400 réis, o número atrasado custava 500 réis e as assinaturas passaram a anuais ou semestrais com diferenças de valor para o interior (11$000/20$000) e para o exterior (24$000/13$000). Essas mudanças foram anunciadas no próprio número 6 conforme o aviso dos editores:

Com este presente número, o Album de Caricaturas transforma-se, passando a publicar-se semanalmente, às quartas-feiras, sob o título O Gato. Manterá a mais escrupulosa imparcialidade nas suas charges e caricaturas, independente de política e ligações pessoaes. O Gato caçará tudo, criticando, sob um feitio moderno, arranhando quando assim o interesse publico o exigir. Com este programma, cremos agradar a todos, menos... aos ratos.

As modificações não cessaram. A partir do número 35 foi anunciado que o periódico teria ainda mais páginas, mais textos e novas seções de teatro, esporte, cotidiano, contos, romances, narrativas de viagens, charadas, retratos e notícias em geral, inclusive estrangeiras. Além disso, custaria menos, o que ocorreu a partir do número 42. O preço então era 300 réis, o número avulso, 15$000 réis a assinatura anual e 8$000 réis a assinatura semestral. A esta altura, além de Seth e Hugo Leal, Mario F. Lourido também contribuía com caricaturas e charges.

Entre os números 67 e 79 O Gato reduziu a quantidade de páginas e também o preço, que passou para 100 réis. Mais tarde voltou com mais páginas e custando mais caro: 500 réis. A redação e o escritório tinham como endereço a rua de São Pedro (que não mais existe) n° 305, no centro do Rio de Janeiro.

A coleção da Fundação Biblioteca Nacional abrange 103 edições, de 1911 a 1913, todas disponíveis para a consulta na Hemeroteca Digital Brasileira.